O grito do Ypiranga (por Aloísio Senra)

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Tricolores de sangue grená, nesta quarta-feira teremos, no horário de 21h45, no estádio de Volta Redonda – isso mesmo, no Raulino de Oliveira -, o primeiro embate da história entre Fluminense e Ypiranga. Aparentemente, a gestão entende que a Globo tem mais peso que o Fluminense na hora de decidir onde mandará suas partidas, e teremos que engolir mais essa mudança inesperada, mais um público pífio, mais um jogo sem renda, etc. O torcedor que se dane, mais uma vez.

Voltando ao torneio, estamos na terceira fase, que não nos permite eliminar o “jogo da volta” mais, principalmente porque o jogo da ida será “em casa”. Logo, esta etapa será decidida inevitavelmente em dois jogos: este sobre o qual falaremos e um outro, a ser realizado no longínquo 27 de julho, às portas das Olimpíadas, no estádio Colosso da Lagoa, no Rio Grande do Sul. O que isso significa? Bem… significa que temos que construir um placar confortável neste jogo para não sofrermos na casa do adversário.

O Ypiranga é um clube antigo. Fundado em Erechim, Rio Grande do Sul, em 18 de agosto de 1924, o simpático Canarinho nunca teve muita expressão nacional. Seus únicos títulos são o tetracampeonato da divisão de acesso do estadual gaúcho (tipo uma série B estadual), o Torneio Internacional São Gabriel (2006) e o Campeonato Estadual de Amadores (1950). Também podemos destacar um vice-campeonato da Copa FGF em 2009. Um currículo bastante modesto para uma agremiação com quase um século de existência.

Recentemente, o time gaúcho ascendeu à terceira divisão do Campeonato Brasileiro ao ficar entre os quatro primeiros colocados da Série D de 2015. Na Copa do Brasil em si, está sendo sua terceira participação – em 2010 foi eliminado pelo Avaí no primeiro jogo, e em 2011, pelo Coritiba, também na primeira fase, embora tenha conseguido levar o desenlace para o jogo da volta. Ou seja, ele já tem a sua melhor participação na história da competição até então. Para chegar até aqui, eliminou de forma surpreendente o Atlético Goianiense e, em seguida, de forma não tão surpreendente assim, o Aparecidense.

E o que isso nos diz? Bom, quase nada, a não ser o óbvio: estes serão os “jogos da vida” deles. Chegar às oitavas-de-finais de uma competição nacional é quase a glória para um time tão limitado e desacostumado a estar em evidência. Se formos comparar apenas a grandeza dos times, não há o que duvidar: dá Fluminense. Mas o futebol não se resume a quem tem mais tradição sempre. Quem tem mais bola leva. E se o Fluminense entrar em campo de salto alto ou jogando essa bolinha mixuruca que andamos vendo por aí, podemos repetir 2014 com alguma tranquilidade.

O time que empatou sem gols com o Coritiba me causa extremo desconforto. Aparentemente, vamos de Cavalieri, Wellington Silva, Renato Chaves, Henrique e William Matheus; Douglas, Cícero, Dudu e Gustavo Scarpa; Osvaldo e Magno Alves. Nosso arqueiro já poderia ter sentado no banco pro Julio Cesar. Está totalmente sem timing e sem confiança. Renato Chaves só deve ter treinado porque o Gum foi liberado para resolver problemas. Espero que ele vá bem e que Levir o mantenha, só que no lugar do Henrique. Quanto aos laterais, não temos melhores. Jonathan não aguenta o tranco e Giovanni não é jogador. Douglas é bola, mas precisa ser menos afobado, e Cícero… o que falar desse rapaz que parece um funcionário de cartório em dia de chuva? Dudu parece ser uma aposta razoável, pelo menos esbanja vontade. Scarpa precisa retomar sua forma, ou continuaremos sofrendo. Quanto ao nosso ataque cardíaco, Magnata é falta de opção, mas Osvaldo é insistência de empresário. Esse camarada irrita a torcida muito mais que o Ciel jamais irritou.

No mais, é bom que os jogadores e o técnico se lembrem de sua função, que é jogar bola e perseguir títulos, não ficar falando sobre política ou jogando a culpa na torcida. Se o ano for ruim, não será só por causa da política ou da torcida, mas, principalmente, pela ineficácia do treinador à beira das quatro linhas e dos jogadores dentro de campo. Se estão recebendo em dia, se não há qualquer problema de ordem financeira, vocês não possuem motivos para não suar sangue e darem o seu melhor, então é bom que o façam. Estamos em julho e, excetuando-se a efeméride que foi a Primeira Liga, o Fluminense ainda precisa dar o seu grito do Ipiranga esse ano. E que, no final do mês, seja o Ypiranga a gritar de raiva.

Panorama Tricolor

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