Nosso destino é outro (por Paulo-Roberto Andel)

sorriso da luiza
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Você chega à tua festa de aniversário, a mulher por quem você é louco de paixão está dançando com um sujeito chinfrim no meio do salão.

Eis o cenário de ontem.

Podia ter sido tudo diferente. E deveria. Mas não foi. O pacote era grande demais para ser carregado nas mãos. Na verdade, um presente de grego feito o sanduíche de churrasco.

O Fluminense imperava em campo no clássico contra o Vasco – havia perdido umas três chances de marcar – até sofrer o primeiro chute conta si e que acabou resultando em gol, iniciado em uma besteira de Edinho – ele mesmo havia acertado dois chutes bons, um no travessão. Soco na ponto do queixo.

Depois Fred foi expulso pelo “excesso de rigor” do senhor Henrique, verdadeiro estorvo da arbitragem – pavoroso, tendencioso e direcionado como sempre, feito o garfo que espeta o bife sem dó – cartões e marcações de um lado, sarrafo impune do outro – mas seu festival de trapalhadas não foi o definidor da partida, ressalte-se. Bom, então perdemos a referência técnica em campo.

De uma hora para outra, a contar do gol vascaíno, vários jogadores caíram de rendimento, era convenção na arquibancada que seria preciso mexer – colocar correria, pressão, garotada, forçar cartões e expulsões – isso se o senhor Henrique apitasse, claro. Abel não se fez de rogado e tirou o único jogador que ainda poderia fazer a diferença na qualidade do passe, do toque, do lance: Deco. Aí é abusar demais do empirismo. Deco em pose de estátua passa melhor do que Wagner correndo e vale por seis ou sete Brunos no auge da forma.

Descemos para o vestiário no intervalo, voltamos, Edinho fez 2 x 0 em trapalhadas, o Vasco foi impiedoso e marcou num segundo. Placar perigoso para alguns. Dava para reagir mesmo com a abelada. Carlinhos marcou de cabeça numa jogada até boba, alimentou as esperanças.

Edinho finalmente saiu. Não é crucificar o jogador. Agora, se está num dia ruim, tem que sair e isso vale para qualquer um, a não ser que fosse um Edinho Nazareth Filho. E Digão foi expulso pelo segundo amarelo. André acertou uma bola na trave, Cavalieri foi um monstro, acabou com o mimimi tricoleba e pegou praticamente três ou quatro pênaltis durante o jogo. Apenas com Gum de zagueiro e uma inacreditável cobertura de Bruno, os vascaínos foram perdendo gol atrás de gol e, quando Tenório deu números finais à partida aos 37, já estava claro que a água tinha vazado.

Há três rodadas, a liderança. Hoje, a parte baixa da tabela. Tudo pode mudar, claro, mas há indícios claros de que, para mudar dentro de campo, será preciso começar fora dele.

Enquanto teve forças, Juninho foi um monstro. E jogou sozinho, como se não fosse um incômodo para qualquer adversário. Obviamente era, Abel comeu mosca.

Importante dizer que, mesmo sob indigência téctico-tática, o Fluminense lutou, sentiu o peso físico das expulsões e volto a dizer: Sobis merece respeito. Em certo lance, marcou na defesa, tabelou, foi para o ataque, chutou, deu escanteio pela direita e lá foi ele cobrar – e bem. Garra pura. Aliás, Sobis deveria estar na área para finalizar ou mesmo na sobra – se bate escanteios, tem algo bem desarrumado em nossa casa.

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O amigo Catalano riu do outro lado e espumou uísque com o mosaico. Ficou lindo. Interessante como alguns – poucos – vascaínos já tomaram para si uma ofensa enorme em apenas duas palavras. Talvez incensados pelas mentes doentias de Roberto e Eurico durante a semana. A maioria deu de ombros aos bobões e caminhou em absoluta paz em volta do Maracanã, como deveria ser sempre. É clássico. O Vasco era mais fraco em tese, foi melhor e mais inteligente em campo, venceu bem.

Estamos fora de órbita. Precisamos voltar à terra.

Mas nossa torcida é linda demais! Que cores, que estampas e que mulheres!

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Eu queria meu baile predileto, mas não deu. Foi bom rever amigos, amores, as cores. Num segundo, tem que tudo fosse uma desgraça. O Maracanã está bonito. Mudou tudo. Mas quem disse que eu deixe de ver minha geral imaginária, meus amigos pulando do outro lado, Xuru vibrando, João Carlos lamentando do meu lado?

Agora eu tenho dois Maracanãs: um na vista e outro no peito. São duas chamas que jamais apagarão.

Amanhã falo disso.

4

Nossa companheira de PANORAMA Luísa Sussekind esteve ontem no Maracanã. E é com o lindo sorriso dela que eu adorno esta coluna. Ele significa muito mais do que o belo sorriso de uma belíssima amiga nossa. É muito mais.

É o destino.

Entenderam?

Nosso sol sempre nascerá enquanto nas arquibancadas nossas lindas mulheres brilharem assim.

Agora só penso no próximo baile, na próxima parada, mas estradas. É que Torquato Neto me ensinou: “Só quero saber do que pode dar certo/ não tenho tempo a perder”.

Nós somos a história. A beleza. A poesia. Elas sorriem.

Basta perseverar e não jogar tudo fora ao primeiro rompante.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

Imagem: PRA

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6 Comments

  1. Andel, o Fluminense parece fazer pouco caso de seus adversários… Alex, Seedorf e Juninho tem muito em comum, são veteranos, craques e se não forem marcados resolvem o jogo.
    O Fluminense tem um jogador igual, pena que o Abel não deixa o Deco jogar. Não sou contra o Rhayner entrar no jogo, mas não pode ser no lugar do Deco, até porque tinha outros oito jogadores na linha, cinco deles nem deveriam jogar futebol profissional. O craque tem que jogar, mesmo com a perna quebrada!

    Juizão não expulsou o Edinho, que azar tem o Fluminense!

    O Zé Roberto ainda joga no Grémio?

    S.T

  2. Catalano não bebe uísque nem cervejas importadas de Tiba! Espumei de felicidade, porque um time “excelente” como o nosso tem de ser motivado. E nisso, o mosaico foi perfeito!
    Saudações Cruzmaltinas!

  3. Edinho e Fred responsáveis diretos pela derrota para o ruim time do Vasco!

    Mas, não podemos tapar o sol com a peneira: quatro derrotas, três entregadas!

    Urge mudar!

    1. “Tudo pode mudar, claro, mas há indícios claros de que, para mudar dentro de campo, será preciso começar fora dele.”

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