NIA: Necessidade Incontrolável de Aparecer (por Paulo-Roberto Andel)

Num mundo cheio de tristeza e devastação, o futebol serve como um anestésico dos dias. Dá até algum sentido à vida. Mesmo. Raras vezes uma sentença sobre futebol é tão ignorante quando “Eu não perco tempo com 22 homens correndo atrás de uma bola”. Há muito, muito mais do que isso em jogo, que só percebe quem vive o esporte.

Logo mais tem Fluminense e Bragantino. A Copa do Brasil é um barato e é uma pena que ainda só tenhamos uma. Fomos surrupiados numa final, desperdiçamos outras chances de decidir, bola pra frente. Tomara que desta vez seja diferente, porque embora o grande foco do clube seja a Libertadores, ela é algo muito importante para o Fluminense mas NÃO É a vida do Fluminense. Uma noite de muita seriedade.

Seriedade e HUMILDADE, este um item muito raro no universo Fluminense quando se trata dessa verdadeira praga chamada “internet tricolor”, com suas picocelebridades caça-likes, pretensos cronistas de aluguel que alternam entre o pernóstico e o precário, copypasters pagando de historiadores sem a menor habilitação para tal e outras arrogantes aves exóticas que, se não falassem publicamente do clube 46 horas por dia, ninguém saberia de quem se tratam, até porque sem o combustível Fluminense simplesmente não têm o que dizer.

Tudo isso é reflexo da síndrome conhecida por NIA, a Necessidade Incontrolável de Aparecer.

Quem tiver dúvidas, é só levantar o curriculum vitae de cada um.

Claro, também tem os incentivo$, mas isso fica para outra oportunidade.

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O jogo de hoje é sério demais para ser cercado por oba-oba de torcedor bocó. Importante falar que o Fluminense não ganha títulos expressivos há quase nove anos. Foi muito legal ganhar do River Plate. Foi muito legal empatar no Morumbi.

Já passou.

Times grandes não vivem de resultados pontuais, embora eles importem, mas de campanhas, de trajetórias que alcancem sucesso.

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O Edgard já comentou aqui no PANORAMA sobre a NIA que regularmente acomete o presidente tricolor. Já basta.

De nomes marcantes como presidentes do Fluminense, quais você se lembra nos últimos 50 anos?

Seja qual for a sua resposta, ela terá poucos nomes e, por isso, é a prova maior de como TODOS SOMOS PEQUENOS diante do Fluminense e sua história, mesmo que tenhamos visto e vivido muitas coisas. A grandeza do Flu não se compara a qualquer pessoalidade, mesmo a de nomes eternos como Castilho, Assis e outros duzentos nomes. Imagine a de quem não entrou em campo…

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O Bragantino é uma espinha atravessada na garganta do Fluminense há trinta anos. A campanha no Brasileirão de 1991 foi muito bonita, com um time de poucos recursos mas onde surgiu um ídolo: Ézio. O Flu estava há cinco anos sem títulos e acabou eliminado numa tarde ruim, além de um regulamento esdrúxulo (o time com vantagem que vencesse a primeira partida eliminava a importância da segunda; ou seja, o segundo jogo, em Bragança Paulista, não valia mais nada).

Tudo era estranho naquele velho e maravilhoso Maracanã lotado de 1991. O Bragantino era cheio de tricolores no elenco e até na beira do campo, com Carlos Alberto Parreira.

O clube paulista agora é outro, aditivado por uma multinacional e até suas cores mudaram, mas o nome é permanente.

A memória de Ézio merece que o Fluminense faça de tudo para eliminar o Bragantino.

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Quem se lembra de vinte nomes de dirigentes do Fluminense de 20, 30 ou 50 anos atrás? E formadores de opinião? E torcedores ilustres da arquibancada e da mídia? E jornalistas que cobriam o clube?

Tudo é transitório. Nelson Rodrigues é lembrado não apenas por sua paixão tricolor, mas também por ser o maior dramaturgo brasileiro de todos os tempos.

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O problema de se usar a pergunta “Cadê o master?” num anúncio institucional em clara provocação aos torcedores do clube que cobravam isso é que, em caso de insucesso no campo, coisa que nenhum tricolor quer mas que faz parte da vida, o conteúdo das aspas será substituído por “Cadê o pavão?”.

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Naquela tarde de 1991, um dos tricolores mais animados com o jogo era Belchior, um dos maiores artistas brasileiros.

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Muitos espones em Fluminense ficaram calados na morte de Maurice Capovilla. Para conhecer um pouco a história do cineasta, sua importância para o futebol brasileiro e sua ligação com o Flu, vale a pena clicar no link abaixo.

MAURICE CAPOVILLA: CLIQUE AQUI

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“Você pode ter dinheiro, pode ter fama e poder, pode decidir muita coisa mas, em alguma hora, o espelho te alertará que nada daquilo importa se você for um medíocre”.

“Muitos medíocres ficaram famosos às custas do Fluminense, mas quando o tempo passou só lhes restou a mediocridade”.

3 Comments

  1. Nestes momentos difíceis que estamos passando ,surge uma crônica que dá sentido à vida.
    Saudações Tricolores Paulo amigo!.

  2. ACREDITARMOS JÁ ALIVIA – NOS A DESCARREGAR O CETICISMO JUSTIFICÁVEL ANTE UM RESTROSPECTO A HAVER INICIADO A TRAJETÓRIA DO ACINTOSO NABI ABI CHEDID E PERSONAGEM D’OUTRO, PROTAGONIZADO POR UM AINDA À ÉPOCA SENSATO, TAS, ERNESTO VARELA. INDAGARA AO NABI UM CREPÚSCULO EM BRAGANÇA, ENTÃO, —” NABI, QUAL A SUA PRÓXIMA JOGADA?….TANTAS E PERDERA O FIO DA MEADA AQUELE A PORTAR UM PRONTUÁRIO VASTO. ALTERAREMOS A COMEÇAR POR HOJE QUANDO DA TERCEIRA VITÓRIA EM 10 JOGOS, 4 DERROTAS E DOIS EMPATES NA CURTA CONFRONTAÇÃO…

  3. O Espírito do Tempo é ser pequeno no caráter, e grande na falácia. E o Fluminense não poderia ficar de fora dessa onda.
    Ainda bem, que como você escreveu, essa onda vai passar, o Flu, não.

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