O Flu dos medalhões e as contratações (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, desde já, evoco a santa paciência de todos para aturar minha persistência nesse assunto, que considero de extrema gravidade. O mesmo de que tratei na minha última coluna, após o vexame protagonizado pelo nosso Fluminense no Morumbi no último sábado.

Na ocasião, teci alguns comentários sobre a média de idade do time que, em tese, seria o titular de Fernando Diniz: Fábio (42 anos), Samuel Xavier (33 anos), Nino (26 anos), Felipe Melo (40 anos) e Marcelo (35 anos); André (21 anos), Lima (27 anos) e Ganso (33 anos); Jhon Arias (25 anos); Keno (33 anos) e Germán Cano (35 anos).

São sete atletas com 33 anos ou mais e apenas quatro jogadores com menos de trinta. Um fato que, por si só, é capaz de descrever, sem maiores elaborações teóricas, as razões pelas quais enfrentamos as imensas dificuldades que vêm nos furtando os sonhos.

Devo acrescentar, ainda, mais alguns dados: Thiago Santos (33 anos), David Braz (36 anos) e Alan (33 anos). São, portanto, dez jogadores com 33 anos ou mais. O que nos leva a tecer questionamentos acerca dos critérios usados para a formação de elenco do Fluminense. Isso, porque não sei se contabilizei todos os medalhões, que é como podemos chamar jogadores em tal faixa etária.

Jogadores que, salvo esteja a Ciência a espalhar bobagens por aí, com base em especulações não científicas, estão em declínio físico. Encontrei, desde então, mais uma voz, e uma voz importante da crônica esportiva nativa, o Dedé Moreira, a chamar atenção para esse fato. Trazendo à tona, inclusive, um aspecto prático de tais escolhas na escalação do time titular, que é o fato de o Fluminense vir atuando cada vez mais recuado, entrincheirado quase que em sua grande área, para evitar os combates diretos dos nossos veteranos da zaga com os atacantes adversários, o que só maquia o problema principal, provocando uma ilusão, uma cortina de fumaça, que pode ser letal para a continuidade do trabalho de Diniz.

Diante disso, vamos ao pacote de contratações, muito criticado por muitos, não sei se pelo aspecto técnico ou pelo político. E quando falo de político, não estou falando de questões partidárias, mas das diretrizes por trás de tais escolhas e da inviabilidade do alcance de objetivos ambiciosos acalentados por todos nós, que somos torcedores do Prêmio Nobel do Esporte.

A verdade é que a simples presença exclusiva de jogadores com 30 anos ou menos no referido pacote de contratações já o torna promissor, mas é importante que tentemos analisá-las tecnicamente. Por ordem de chegada, Diogo Barbosa é uma boa contratação, levando-se em conta que é uma opção para a nossa eterna faixa de Gaza, que é a lateral-esquerda. Só não me obriguem a falar do aspecto político dessa contratação, porque isso me faz lembrar que tivemos três zagueiros da base relacionados esse ano, sendo que dois já foram emprestados sem oportunidades entre os titulares, enquanto o terceiro teve sua grande oportunidade num jogo em La Paz, em que atuamos com um time quase todo reserva contra as agruras da altitude.

A contratação de Yony González eu tenho vontade de não comentar, porque é difícil comentar a contratação de um atacante que assinalou quatro gols em quatro jogos. Ao seu favor, o único fato de ter tido, pela última vez, sob o comando de Diniz, no próprio Fluminense, números expressivos em uma temporada.

Quanto a Leo Fernandez, pode acabar sendo um novo Jhon Arias. É um meia ofensivo, que tem características inexistentes no elenco atual, entre elas os chutes a gol e os avanços verticais por dentro para buscar jogadas agudas, algo que Nathan ainda tentava fazer na temporada passada. Não me parece uma aposta, uma vez que vem de ótimas temporadas no México. É jovem, talentoso e capaz de criar boas expectativas.

Quanto a Daniel, sei que é um jogador que divide opiniões, mas também que cai como uma luva na filosofia de jogo de Fernando Diniz. É um coordenador de meio de campo, com muito talento, visão de jogo e qualidade rara nos passes, principalmente aqueles que mais importam, que são os que quebram linhas e servem atacantes em condições de finalização.

Apesar dos pesares, não havendo saídas expressivas na janela europeia, vejo o Fluminense mais forte para o segundo semestre, mas escravo de suas políticas para o futebol, que ameaçam pôr qualquer esforço no mercado a perder. Inclusive, espero, o de contratar um zagueiro que venha para ser titular ao lado de Nino, que seja capaz de contribuir para a retomada da intensidade perdida em campo. Felipe Melo, com 40 anos, titular não dá. Não dá mesmo.

Vou ficar por aqui, enquanto esperamos as próximas notícias e o jogo de domingo, contra o Inter, depois de uma semana de trégua para nossas combalidas esperanças, que, espero, sejam resgatadas com uma atuação no mínimo digna.

Todo poder ao Pó-de-Arroz!