Na mão do Consórcio Maracanã (por Felipe Fleury)

Leio que o CEO Tricolor pretende firmar um acordo com o consórcio Maracanã para um pacote de jogos do Flu pelo Brasileiro até o fim do ano, a fim de se evitar prejuízos como o da partida contra o Cruzeiro, de mais de R$200.000,00, quando os custos de utilização do estádio, embora tenha sido mantido fechado o anel superior das arquibancadas do setor Sul, foram de quase meio milhão de reais. Atualmente esse acordo é feito jogo a jogo, mas com o pacote esses valores poderiam ser negociados previamente, evitando-se prejuízos quando os públicos são inferiores a 18.000 pagantes, número mínimo para que, segundo consta, o Fluminense não tenha prejuízo quando joga no ex-Maior do Mundo.

Eu, no entanto, só não entendo duas coisas: a primeira é como o CEO, executivo contratado pelo Flu, certamente com seu currículo recheado de MBAs e outras especializações pretende trazer mais público ao estádio com o preço de ingresso a R$50,00. Se for perguntado, dirá que o programa de sócio-torcedor inviabiliza preços menores dos ingressos, ou seja, a culpa é de um projeto que, ainda que mal gerido, é o único que parece capaz, um dia, de fidelizar o torcedor ao clube e contribuir para sanear suas finanças. Evidentemente, pedir que o torcedor compareça com o ingresso a R$50,00 é um pedido retórico, típico de quem não conhece a crise por que passam os trabalhadores carioca e brasileiro.

A outra é o contrato que o Fluminense firmou com o Consórcio Maracanã ainda na gestão Peter, uma das poucas boas coisas de sua gestão, aliás, onde estava previsto que o tricolor jogaria no estádio por 35 anos a custo quase zero. O mesmo Peter, porém, no fim de sua gestão assinou um termo aditivo que descaracterizava o contrato original para garantir o retorno do Flu ao estádio, durante o imbróglio entre o Consórcio e a Rio 2016. Judicialmente, o Consórcio fez valer os termos desse termo aditivo e os custos do Fluminense se tornaram inviáveis, como se não houvesse contrato algum. Por que não exigiram judicialmente o cumprimento dos termos do contrato originário? A incapacidade do consórcio em custear o Estádio, ainda que impedisse a realização dos jogos, não o livraria de assumir a responsabilidade pelas perdas e danos do Fluminense, dinheiro que seria muito bem-vindo nesses tempos de crise. Jamais vi uma parte abrir mão de contrato que lhe era favorável para avençar um aditivo que o tornasse totalmente desfavorável. Como disse, o acordo devia ter sido cumprido buscando-se o Judiciário e, constatada a incapacidade de cumprimento pelo Consórcio, que fosse convertido em perdas e danos a favor do Fluminense, parte prejudicada.

Agora o Fluminense está nas mãos do Consórcio, sem dinheiro e promovendo jogos com preços de ingressos fora da realidade. Colocar 20 mil por jogo nessas condições será tarefa hercúlea. Mesmo assim, nenhuma mente brilhante, dessas que enchem os corredores do clube, abundantemente remuneradas, têm a capacidade de entender que baixar o preço do ingresso é o maior fator motivador do torcedor. Por melhor que esteja o Fluminense na competição, não há bolso que aguente custear ingressos tão caros, por tantos jogos, especialmente quando se sabe que os gastos que envolvem um programa familiar ao Maracanã envolvem valores de que o torcedor Tricolor não pode prescindir.

Panorama Tricolor

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