Linguiça gostosa (por Alva Benigno)

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Mal começou o ano de 2017, e Francisco da Zanzibar já começou a pulular. Ainda não tenho certeza de que ele realmente assumiu como conselheiro ou não, mas o fato é que me contou ter criado um fake na rede de microblog Twitter, também conhecida como a passarela da baitolagem tricolor, exclusivamente para vociferar contra a gestão que apoia. Por eu não ter entendido a lógica dessa atitude, o velho amigo veado logo me passou um fora: “Lady Jumenta, eu jogo nas onze. É um olho no peixe e outro no gato. Já estou pensando em 19. E tem mais: fiquei sabendo que tem uns tuiteiros blogayros que dão um caldo. Vai que um deles vai na teia do Homem Zanziranha? Um eu já peguei: prometi mundos e fundos no club. Réréréréréréréré.” (engatando uma risada tão caótica quanto aquela que soltou quando largou a lava fétida no rosto de Agnaldo Happybath O Colérico em plena festa surubal).

Serelepe, esteve num churrasco de opositores neste sábado no club e mostrou a todos seu novo visual 2017: o velho cabelo acaju agora é platinado, uma mistura de gris com Grecin 2000, em homenagem a um de seus heróis eternos: o estilista e deputado Clodovil Hernandez. No convescote, interpretou um fanfarrão da falsidade e disparou impropérios contra os cartolas recém-chegados, naturalmente tentando ser popular no grupo. Alguns dos presentes acharam estranho seu hábito de falar com a mão no ombro de qualquer interlocutor, enquanto a outra mão estava quase sempre ocupada em um de seus gestos característicos: puxar a cueca da entrada de seu ânus como se ela fosse uma imaginaria calcinha de biquíni na praia e ele, Chiquinho, sissi a musa do verão do Posto Nove. Noutros momentos, aproximava seu rosto do interlocutor como se fosse uma garota à espera do beijo do gallant. Eu, hein?

Quem não gostou nada disso foi Agnaldo Happybath. O advogado esquizofrênico ainda se ressentia do abominável banho de merda que levara na suruba, mas em nome de uma grande união pelo poder em 2019, engoliu o velho Grecin e o cumprimentou formalmente. Claro que aquela história não ficará impune, mas a verdade é que HB se sente inferiorizado diante de Zanzibar quando o assunto é filhadaputice.

Chiquinho contou piadas mornas, gargalhou caoticamente, interagiu com os presentes, manjou bofes – e foi manjado também. Sentiu-se em casa. Alguns o olharam com desconfiança; outros, apenas como o velho Chico Bokett, veterano da Alaska e de tantas fantasias dos anos 1980 e 90. Mas as aparências precisam prevalecer e, por isso, ali ele é tratado como um sócio influente, um homem branco de bem, cujos cabelos brancos lhe dão uma aparência respeitável, um senhor com credibilidade – é a aparência que importa. Chegou a ser aplaudido em certo momento, quando fez piada com o tamanho de uma linguiça que estava sendo servida aos convidados: “Grande, grossa e gostosa, parece até a minha. Ihihihihihihihihi!” (sabe-se lá o que significava o aplauso). Quando alguém vociferou contra o time na Copinha, por causa da derrota frente ao Interporto de Tocantins, fingiu serenidade e disse “São beninos. Precisam do nosso apoio, do nosso afeto e do que mais desejarem”.

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Perto do fim da tarde, cumprimentou a todos como se fosse um homem educado, deixou seu número para o grupo de Whatsapp (pedindo que só o chamassem depois das onze da noite, quando Esmeralda já está no terceiro sono). Ao caminhar pelo corredor perto das quadras de tênis, era firmemente observado de longe pelo seu desafeto enrustido. Happybath, sozinho na lateral do bar, o via com olhos de raiva, vingança e também desejo. Alguma coisa acontecia naquele coração sujo, vingativo, arrogante e, por ora, derrotado.

Já fora do club, Zanzibar tomou um Uber para Copacabana. O motorista se chamava Dênis. Ao entrar no carro, disse: “Você é minha rima, minha sina”. E gargalhou como nunca. Era o riso do escroque contra o rancor do mau perdedor. Mandou uma mensagem para Filhão: “Você é meu caminho, meu vício desde o início…”

Em memória de George Michael, patrono desta coluna.

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Panorama Tricolor

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Imagem: alva