Libra: agora vai! (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, a criação da Liga Brasileira de Clubes poderia se dar de forma bem mais tranquila, ágil e objetiva Lá, as cotas são distribuídas da seguinte forma: 50% igual para todos, 25% diferenciados com base na classificação no campeonato e 25% de acordo com a quantidade de jogos transmitidos.

A diferença de ganho entre o primeiro e último colocado não é superior a 1,6. Todos fazem parte do espetáculo, todos são tratados com igualdade. É bem verdade, é bom que se diga, que o atual modelo, que colocou a Premier no topo do mundo em faturamento e visibilidade, só existe por causa de uma intervenção do governo, porque lá, como aqui, uns queriam levar vantagem sobre os outros.

O mesmo ocorreu na Espanha, em 2015, sem qualquer atenção da imprensa esportiva brasileira. O governo interviu para acabar com a farra de Barcelona e Real Madrid. Instituiu-se um modelo em que as cotas se aproximaram, embora ainda seja uma solução distorcida, em que o melhor remunerado fatura 3,5 vezes mais que o último, que jogou o mesmo campeonato.

É esse modelo espanhol que a Libra, formada inicialmente por Corinthias, Palmeiras, São Paulo, Santos e Flamengo, querem implementar, obviamente pensando em continuar se apropriando de uma fatia maior dos recursos. Para isso, confiam na divisão de 30% das receitas com base em um critério chamado “engajamento”. Em que todos os critérios adotados convergem para o mesmo resultado, com o qual são favorecidos justamente o Flamengo e o Corinthians, com São Paulo e Palmeiras vindo mais atrás.

São os seguintes os critérios: tamanho de torcida (quem mede?), engajamento nas redes sociais (se tem mais torcida, tem mais engajamento), número de assinantes do pay per view (se tem mais torcida, tem mais assinantes), média de público no estádio (azar de quem tem estádios pequenos e pouca torcida) e audiência (sorte de quem tem seus jogos transmitidos nacionalmente).

O grupo majoritário, que conta com 25 clubes, tendo consigo Fluminense, Atlético MG e Internacional, reuniu-se ontem e criou outra jabuticaba, que não vai mudar muita coisa em relação a proposta da Libra. Pelo menos os critérios do tal “engajamento” são menos numerosos, embora capazes de gerar muita confusão na hora de se estabelecer métricas para dar suporte à distribuição.

Parece-me óbvio que se estabeleceu o cabo de guerra a partir de uma estratégia dos clubes da Libra de colocar um elefante no meio da sala. Talvez um camelo ou um cavalo. O objetivo, mais óbvio ainda, é estabelecer uma estratégia de negociação em que o que está em jogo é o maior desequilíbrio possível. Do outro lado, a maioria dos clubes querem reduzir esse desequilíbrio. O que importa é a criação da Liga, sim, mas esse é um mal começo, pois que impregnado de vícios.

Por outro lado, sabemos que há outras propriedades comerciais a serem transformadas em receita comum. Será a distribuição desses últimos recursos igualitária ou teremos mais uma vez um grupo pequeno querendo levar vantagem sobre os demais? De qualquer forma, torço pelo sucesso da iniciativa. Haja o que houver, a distorção atual não se repetirá, ainda que os critérios, de uns e de outros, não me pareçam justos e representativos de uma unidade em prol do futebol brasileiro enquanto produto.

Por outro lado, a Liga Brasileira de Clubes, já venho dizendo isso há anos, é o caminho para que o futebol brasileiro cresça economicamente com credibilidade, sem os atuais apadrinhamentos que tanto nos envergonham. O crescimento de todos é o sucesso de todos. Que vençam os melhores, por seus próprios méritos.

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Vitória importante do Flu no sábado sobre o Athlético PR, com dois belos gols de Germán Cano. É o Dinizball se consolidando, até aqui, com excelentes resultados. Em quatro jogos, o time venceu três e empatou um, marcou nove gols e sofreu três. Temos dois jogos pela frente, que devem ser encarados como oportunidades.

Enfrentar o Fortaleza no Castelão e a Dissidência, em qualquer situação, é uma agenda bem pesada, mas são dois times que vivem péssimo momento no Brasileiro e isso pode abrir caminhos interessantes para um Fluminense que precisa saltar logo para as primeiras posições.

Tirando isso, tem a Sul-Americana e a partida de quinta contra o Unión. Apesar do empate, com atuação desastrosa em casa, teremos um jogo diferente na Argentina. O Unión precisará perseguir a vitória para defender a liderança do grupo, enquanto o Fluminense já é outro time bem diferente daquele encontro. Teremos um jogo mais aberto, o que é bom para quem não pode se contentar só com a vitória, mas tem que investir pesado no saldo de gols.

Saudações Tricolores.