Letargia tricolor (por Paulo Rocha)

Uma tortura. Quem assistiu aos últimos jogos do Fluminense sabe bem do que estou falando. O time tem maltratado a torcida com atuações pífias, inócuas, ridículas. Onde está aquele brilho nos olhos que nos conduziu ao título carioca superando um inimigo sabidamente superior tecnicamente? Perdeu-se no vento?

Está muito claro, apesar do discurso hipócrita e demagogo da diretoria, que não há elenco para encarar com competência três competições simultâneas. O Campeonato Brasileiro é uma pedreira. As Copas são disputadas contra adversários que jogam a vida nos confrontos. Não há como entrar meia-bomba. É pedir para se foder.

Contudo, o que mais irrita os torcedores é a falta de ímpeto e de repertório da equipe. O Tricolor até começa as partidas com alguma vontade, mas as chances desperdiçadas parecem apagar o tesão de continuar em busca do gol. Os minutos passam e o Fluminense vai murchando, murchando… Parece conformado com sua ineficácia.

Todo mundo sabe que o que importa são os gols, as vitórias, os pontos, os títulos. Mas a galera gosta de ver uma equipe lutando com raça, empenho e um mínimo de organização em busca dos resultados. Ah, e coerência por parte de quem escala também. Se não for pedir muito.

Essa letargia tricolor pós-Carioca precisa chegar logo ao fim. Queremos ver novamente o time de guerreiros, não este bando de conformados, desanimados. Uma equipe com alma, ciente de suas limitações, mas determinada, raçuda, dando o sangue a cada dividida.

Não sei o que o Abel vai fazer em relação a isso – nem se consegue fazer algo a respeito. Mas o quadro tem que mudar. Não dá para disputar três campeonatos ao mesmo tempo com esse elenco que dispomos. Que porra de planejamento é esse? Basta de hipocrisia.

Às vezes, há jogadores no plantel que podem render mais se estiverem devidamente motivados. Que se mude o time, o esquema, o treinador, se for o caso. Mas do jeito que está não pode continuar. Não merecemos ser torturados desta forma. Que o comando do futebol tricolor pare de se enganar e de querer nos enganar. O torcedor do Fluminense não é burro.