Editorial – Deixem Laranjeiras viver!

Em 11 de maio de 1919, o futebol brasileiro dava seu primeiro passo rumo à glória: ao vencer o Chile por 6 a 0, a Seleção arrancava para o primeiro título de sua história, hoje a mais vitoriosa de todo o planeta. Tal acontecimento, agora perto de completar cem anos, se deu no Estádio das Laranjeiras.

Num país em que a memória é desprezada constantemente, atravessar um século de vida deveria ser motivo para uma festa inesquecível. Mas não será o caso daqui a menos de vinte dias: desprezado, abandonado e ignorado completamente pelo clube, o Estádio mendiga atenção e conta com a ojeriza sucessiva de seus dirigentes a ponto de, no mínimo, causar estranheza.

Uma situação insólita em se tratando de um endereço nobre, com imensa história, capaz de atrair admiradores do mundo inteiro e com farto potencial para ser uma alternativa ao Maracanã (que sempre deve ser palco do Fluminense, mas não o único).

Embora viva uma situação calamitosa do ponto de vista financeiro que se agrava a cada temporada (cuja responsabilidade é sempre empurrada para o passado distante), há anos o Tricolor vende a ideia de que deve desprezar Laranjeiras para ter um grande estádio na Zona Oeste. Poucos sabem que se trata de semelhante roteiro (e felizmente fracassado à época) do então deputado Carlos Lacerda para alocar o Maracanã, em fins dos anos 1940 (e que vai na contramão do belo projeto de alguns tricolores para reabilitar de vez o nosso estádio, em projeto já francamente conhecido na internet).

Um roteiro tão duvidoso e arriscado que, mesmo contando com infinitamente mais recursos e público, o Flamengo jamais apostou nele, por exemplo. Noutro cenário paralelo, quando o Botafogo apostou na venda de sua sede nos anos 1970, rapidamente voltou ao déficit financeiro e perdeu sua identidade. Só se reabilitou com as oportunidades do setor público.

Uma vez contando com investimento factível, Laranjeiras possui todas as condições para abrigar todas as partidas do Fluminense que sejam modestas para o Maracanã. Basta montar uma sólida parceria e ter vontade política. Até para retomar o hábito do torcedor tricolor em comparecer aos jogos, a curta distância entre os dois estádios é um franco beneficiador. Possui forte transporte público nas imediações, facilidade de acesso rápido a outras regiões da cidade e o principal: carisma. Para quem não entender esta última qualidade, basta refletir sobre tantos jogos esvaziados no Engenhão, incluindo decisões de campeonato.

Às vésperas do centenário, o Estádio Manoel Schwartz pede socorro e sobrevivência. Vive o desespero nascido do desprezo. Deixem Laranjeiras viver, antes que o desastre seja irreversível!

Resta saber se quem tem a obrigação de ser guardião do Fluminense insistirá no papel de algoz.

O Tricolor – informação relevante

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

#credibilidade

2 Comments

  1. Perfeito. Não dá para entender esse verdadeiro ódio, não só ao estádio, como também ao clube social das Laranjeiras. Gestões incompetentes, não só no futebol, como também com a sede social. No que tange à sede, continuando assim, em breve veremos lançamentos imobiliários no local. Criminoso

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