Grêmio 1 x 1 Fluminense (por Aloísio Senra)

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Tricolores de sangue grená, quis o destino que fôssemos decidir a nossa vida nas quartas-de-finais da Copa do Brasil fora de nossos domínios, contra um time gaúcho e sem o Gaúcho. A saída de um Ronaldinho que, de fato, nunca chegou, foi melancólica, mas nos livramos de um grande problema. Sem ele, o nosso time repleto de pratas da casa entrou em campo na noite de ontem para a peleja decisiva.

Com Jean na lateral direita, Cícero recuado como volante, Scarpa e Gerson no meio municiando Fred e Marcos Jr., a proposta do Fluminense de Eduardo Baptista nada tinha de defensiva. Devido ao 0 a 0 na partida de ida, e contando com o regulamento que valoriza o gol fora de casa na Copa do Brasil, era sabido que um gol nos traria enormes chances de sair com a vaga e, por isso, não faria sentido montar uma retranca.

O jogo começou pegado, já com um cartão amarelo para o volante Wallace do Grêmio antes do primeiro minuto de jogo. Como time da casa e com um resultado que não lhe interessava, o time gaúcho veio para cima, como esperado, tomando a iniciativa do jogo. Ao Fluminense, restava se defender e tentar esperar as coisas se acalmarem para equilibrar a partida.

Numa jogada pela direita, os zagueiros do Grêmio se desentenderam e deram uma pixotada, colocando pra escanteio, não aproveitado pelo Flu. O time gaúcho revidou em seguida, atacando pela direita após uma cobrança de falta e chutando uma bola para fora. O Fluminense, pressionado pela marcação do Grêmio, abusava dos lançamentos e passes forçados, enquanto o adversário tentava trabalhar melhor a bola, mas também esbarrava nas suas limitações, errando muitos passes.

O Fluminense, aos 11 minutos, em um lance esporádico, teve uma grande chance de marcar. Gustavo Scarpa recebeu um lançamento pela esquerda, avançou, se livrou de seu marcador e tocou para a área. Gérson deu um belo toque de calcanhar, visando ludibriar Grohe, mas infelizmente saiu fraco e o goleiro pegou.

Aos 13, Marcos Jr. avançou pela direita e cruzou para a área. O zagueiro afastou para o escanteio. Na cobrança, a bola foi rebatida pela zaga e Fred, sozinho, erra um voleio por milímetros. Outra boa chance de marcar. A pressão inicial do Grêmio parecia ter amainado. As jogadas ou não tinham sequência ou não eram finalizadas. Sobrava disposição do lado sulista, contudo, e até por isso o jogo ainda estava equilibrado.

Aos 19, o Grêmio chegou pela direita e cruzou. A bola foi afastada pela zaga do Flu para escanteio. Após a cobrança, a bola ficou com o Grêmio, que após uma triangulação na área quase marcou, mas o zagueiro Erazo, além de estar impedido, finalizou no travessão, perdendo grande chance.

O certame permanecia equilibrado, mas a impressão que se tinha era a de que o Grêmio conseguia chegar com mais facilidade ao ataque pelos lados do campo – já que os jogadores do meio-campo marcavam bem, e o Fluminense só aos trancos e barrancos, já que a marcação gremista era muitíssimo bem feita, sendo até violenta em alguns casos. Enquanto o Grêmio errava muitos passes, os jogadores do Fluminense abusavam na hora de segurar a bola, sendo desarmados em quase todas as oportunidades.

Aos 28, novo lance de ataque do Grêmio, novamente pela direita. Houve um cruzamento, Douglas cabeceou para fora, mas a arbitragem deu escanteio. No rebote da cobrança, o ataque do Grêmio chutou mais uma para fora. O Fluminense respondeu em seguida. Depois de passe aéreo de Léo, após boa trama do Flu, Fred fez o pivô e tocou à frente para Cícero, que entrou na área e se atirou, quando viu que não chegaria na bola.

Aos 33, após lateral cobrado por Jean, passe de peito de Fred para Gérson finalizar com força, mas nas mãos de Marcelo Grohe. Na sequência, após novo ataque, foi a vez de Pierre bater pro gol, por cima. Isso levantou a torcida do Flu presente no estádio. Nesse momento da partida, o Flu parecia melhor, embora errasse muitos passes e conclusões de jogadas, abusando das bolas levantadas para a área adversária. Todavia, aos 36 o Grêmio quase marcou, chutando de dentro da área, mas Cavallieri pegou.

Marcos Jr. matava todas as jogadas pela direita, parecendo estar deslocado, então as melhores jogadas só poderiam ser pela esquerda. E, aos 39 minutos, após grande trama de Gérson, que avançou e tocou pra área, a bola foi afastada e sobrou na direita, pro mesmo Marcos Jr. pegar a bola, desta vez sozinho, e cruzar na medida, na cabeça de Fred, que mandou a bola no canto direito de Marcelo Grohe, que nada pôde fazer para evitar o gol. 1 a 0 Flu!

Mas o Fluzão continuou em cima e aproveitou o nervosismo do Grêmio. Três minutos depois, Marcos Jr. quase encobriu Grohe, que fez grande defesa, colocando para escanteio. O Grêmio tentava dar a resposta em campo, atacando de forma meio desordenada. O Fluminense se defendia como podia, fazendo até um bom papel. E aos 44, após cobrança de escanteio do Grêmio, foi a vez de Cavallieri brilhar, defendendo uma cabeçada certeira de Erazo que fatalmente entraria. Aos 47, Gum quase faz gol contra ao afastar um cruzamento pela direita de ataque do Grêmio. Mas não deu pra eles e a primeira etapa acabou com vitória do Tricolor.

Wallace por Bobô. Essa foi a troca de Roger para o segundo tempo. Wallace, volante, já tinha cartão. Bobô é atacante, logo, o Grêmio estava avisando que iria com tudo para cima do Fluminense. Bastaria o Flu se fechar adequadamente e sair para o contra-ataque. Aos 3 minutos, num desses contra-ataques, Cícero avançou livre de marcação e bateu pro gol, para boa defesa de Grohe. O Grêmio respondeu em seguida com Pedro Rocha, que chutou nas mãos de Cavallieri. No minuto seguinte, foi a vez de Fred finalizar de longe para fora. O jogo ficou mais aberto.

Aos 6 minutos, Marlon cortou a bola após avanço de Pedro Rocha, e a torcida pediu pênalti, mas nada foi. Em seguida, o Flu perdeu grande chance de marcar, porque Fred hesitou e não bateu pro gol, após receber livre de marcação. Tocou para Marcos Jr., que estava impedido. O jogo seguia com forte pressão do Grêmio, que errava passes, se colocava em impedimento e tentava de todas as maneiras, chutando várias bolas longe da meta de Diego. O Flu tentava sair na boa, e desperdiçou algumas chances.

Aos 13, Roger trocou Douglas por Fernandinho, numa tentativa de dar sangue novo ao Grêmio, já que o Fluminense começava a dominar novamente as ações, ainda que com menor posse de bola. Três minutos depois, Gérson derrubou o próprio Fernandinho perto da entrada da área, resultando em falta para o Grêmio. Antes da cobrança, Baptista trocou Marcos Jr., cansado e com cartão, por Osvaldo, que seria o responsável por puxar os contra-ataques. Felizmente, a zaga afastou a cobrança do bom lateral Galhardo.

O jogo seguia na mesma toada. Grêmio mais agressivo com a bola, mas sem muita objetividade, errando passes e conclusões. O Fluminense, mais cerebral, organizando com frieza as jogadas e marcando com uma disposição não demonstrada até aqui na competição. O placar, nesse momento, era justíssimo.

A última cartada de Roger para mudar esse panorama foi Maxi Rodríguez, que entrou no lugar do jovem Pedro Rocha, que estava mal em campo. Eram 23 minutos e o Grêmio não poderia mais substituir a partir daquele momento. Dois minutos depois, o substituto bateu forte pro gol, para defesa de Cavallieri, que mandou para escanteio. A bola não entraria, mas nosso arqueiro tratou de garantir que ela não cruzaria a meta. Fred respondeu pelo Flu, com bbela jogada individual em que bateu pra fora.

Aos 29, em jogada isolada, após cobrança de lateral, um cruzamento de Maxi Rodríguez, uma raspada de cabeça de Giuliano e a conclusão de Bobô puseram fim à vantagem do Fluminense. Cavallieri nada pôde fazer. 1 a 1. O jogo estava empatado, faltando 15 minutos pro fim. Jean, que correu muito e fez uma ótima partida, sentiu câimbras e foi substituído por Higor Leite, que também atuaria improvisado.

O momento era claramente favorável ao time gaúcho, que melhorou sensivelmente com a entrada de Maxi Rodríguez. Restava ao Fluminense segurar o resultado nos minutos finais ou repor a vantagem para aliviar um pouco a pressão. Mas o poder ofensivo do Flu já não era mais o mesmo, e as boas jogadas rareavam.

A partir dos 34 minutos, o jogo virou claramente um ataque contra defesa, com o Grêmio desesperado para marcar o gol da vitória, que lhe daria a vaga. O Fluminense fazia o possível para se segurar na defesa, dando a impressão de que realmente queria que o jogo acabasse. Os chutes a gol e as levantadas de bola se proliferavam, e Eduardo Baptista fez algo a respeito, decretando a retranca. Aos 37, Gérson deu lugar a Douglas. Com meia-atacante por volante, estava clara a intenção de levar o empate até o final.

Aos 38, novo milagre de Cavallieri em cabeçada de Fernandinho. Um minuto depois, Erazo quase marcou de cabeça após cobrança de escanteio. E tome sufoco! E tome bola levantada! E tome falta do Fluminense! O time da casa não estava disposto a vender barato a vaga. O Grêmio concentrava suas jogadas pela direita de defesa do Fluminense, apostando numa falha do improvisado Higor Leite. Esgotou-se o tempo regulamentar e o panorama da partida não se alterava. Ainda teríamos cinco minutos de sofrimento.

Os minutos se arrastavam. Um solitário torcedor do Flu gritava o nome do time em meio aos cânticos da massa gremista. Felizmente, conseguimos afastar a maioria das bolas e segurar um pouco o jogo no campo do Grêmio, fazendo o tempo passar. Aos 48, após um levantamento, Galhardo subiu para disputar a bola com Léo, mas passou do ponto e caiu sozinho. No mesmo lance, Giuliano reclamou de carga de Marlon. O suposto “pênalti duplo” não aconteceu, tampouco se confirmou, e o jogo acabaria aos 50, mas o juiz deu mais um minuto de acréscimo, por entender que houve cera do Flu. Ainda deu tempo para uma palhaçada de Osvaldo com o bandeirinha, que lhe rendeu um cartão amarelo de graça. Porém, ficou apenas nisso. O jogo acabou! A vaga para as semifinais da Copa do Brasil é nossa!

Bela apresentação do escrete tricolor. Eliminar o Grêmio, time copeiro, dentro de seus domínios, de uma competição de mata-mata, não é tarefa fácil. Se os jogadores continuarem com essa pegada, podemos terminar o ano com uma bela taça na sala de troféus das Laranjeiras. Ótimo trabalho de Eduardo Baptista, que organizou o sistema defensivo e voltamos a ser competitivos graças a isso.

A Copa do Brasil perdeu dois gaúchos em uma só noite. O terceiro já tinha saído na segunda-feira.

Que venha o Palmeiras! Seremos campeões!

Panorama Tricolor

@PanoramaTri 

Imagem: artflu

CAPA O FLUMINENSE QUE EU VIVI AUTÓGRAFOS