Fluminense, gigante na arquibancada outra vez (por Paulo-Roberto Andel)

Hoje é um grande dia para o Fluminense, independentemente do resultado de logo mais.

É claro que todos queremos vencer de qualquer maneira – só os sem caráter torcem contra, por motivos escusos. E precisamos muito desta classificação em todos os sentidos: moral, emocional, esportivo, financeiro e outros.

Porém, é futebol: tudo pode acontecer em campo. Temos confiança, mas sabemos dos riscos. Podemos nos classificar, confiamos nisso, mas a certeza é impossível.

De toda forma, antes da bola rolar o Fluminense já conseguiu uma grande vitória, daquelas que não conhecia há cinco anos, daquelas que tantas vezes conseguiu no velho Maracanã, pouco importando se o time era espetacular ou humílimo.

A volta da massa tricolor às arquibancadas.

Um grande clube com uma torcida de grande clube.

Por muito tempo, pouco importando a fase em campo, a torcida tricolor foi muito maltratada. Basicamente, chamada a palavras de ordem do tipo “Vá, porque é sua obrigação”. E todos sabemos que qualquer obrigação dificilmente rima com prazer, alegria, amor. Havia um desalinhamento. Somado a anos de gestão estapafúrdia e má comunicação, aos poucos a torcida foi se afastando. Deixou os clássicos (e ainda precisa voltar), os jogos importantes e, por fim, os jogos comuns.

Ir a uma partida do Fluminense é, para qualquer tricolor, o exercício de torcer loucamente pelo time e torcer por vitórias, naturalmente, mas não era nem é a única razão.

Se homens de 50 ou 60 anos de idade hoje ainda são apaixonados pela arquibancada das três cores imortais, é porque um dia foram cativados por um mar de bandeiras, uma nuvem de pó de arroz, uma sensação de pertencimento que os trouxe até aqui. E esse mesmo pertencimento andava alheio, a ponto de nem mesmo jogos de luta contra o rebaixamento nos dois últimos anos terem feito grandes públicos tricolores.

É claro que o jogo decisivo chama público, que a atuação de garra diante do Corinthians animou, mas o que mexeu mesmo com a torcida do Fluminense é que de um mês para cá, ela foi chamada à casa, às raízes. Ainda que muitos feito eu sonhem com a possível volta dos jogos às Laranjeiras, e esta seja a nossa prioridade, a presença de milhares de tricolores no campo sagrado para ver as partidas da Sul-americana mexeu com o nosso imaginário coletivo. E num rompante a paixão tricolor voltou a ser tesão, presença, esperança.

Deve dar 50 mil tricolores. Quem sabe 60 mil? Já colocamos 80 ou 90 no passado, era muito diferente. Temos gente para isso. Faltava cativar, abraçar, aproximar.

Não, isso não nos faz apagar nenhum dos inúmeros problemas que atingem o Tricolor, nem garante vitória. Mas não resta dúvida de que, desde 2014, será nossa maior noite, a noite em que o Fluminense volta a estampar nobreza em todo o Rio de Janeiro por meio de uma imensa bandeira humana cobrindo o novo Maracanã. O que faz a história dos grandes times é a grandeza da torcida, de modo que não podíamos mais prescindir disso.

Tricolores, é uma noite de esperança. Uma procissão de vert, blanc, rouge. Uma noite das crianças olharem para qualquer lado e sentirem necessidade de perseguir o Fluminense para sempre, só para sentir tudo aquilo. Tudo muito diferente do ódio e da má fé encomendada nas redes antissociais.

Nunca deixamos de ser grandes, mas nesta quinta-feira as arquibancadas serão a fotografia imortal de uma história de décadas e décadas. Que o melhor suceda. Que uma grande classificação abra o caminho para a recuperação no Brasileiro.

Oxalá o carnaval aconteça.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

#credibilidade

3 Comments

  1. Pra quem ainda tinha alguma duvida, a humildade acaba aqui!

    O futuro ja está escrito em sua crônica. Abracoooos!!

Comments are closed.