Gestões tricolores: farinha do mesmo saco (por Aloísio Senra)

Tricolores de sangue grená, até que o presidente Mário Bittencourt demorou algum tempo para colocar suas asas de fora e mostrar a que veio. Teve postura correta em vários momentos à frente da gestão, principalmente durante a pandemia, e o elogiei merecidamente. Todavia, ao “jogar a pá de cal” no projeto de revitalização de Laranjeiras, uma de suas promessas de campanha, cometeu estelionato eleitoral não muito diferente dos cometidos por seus antecessores Peter e Abad. Constavam em seu plano de gestão, quando então era candidato, os itens “Sede Social”, no qual o objetivo era desenvolver plano diretor e arquitetônico para revitalizar e reformar a sede, e “Laranjeiras”, onde constava a revitalização da sede histórica e do Estádio Manoel Schwartz. Esqueceu-se deles, por acaso, Mário? Ou passou a não ser interessante falar em revitalização da sede porque desagradaria as suas bases e mexeria com a sua pretensão de continuarmos escravos do Maracanã, dividindo-o com os piores parceiros de gestão possíveis?

E antes que falem que isso é boato, não, não é. Foi confirmado por uma fonte segura e que está à frente do projeto Laranjeiras XXI, e que só não citarei aqui para não ser deselegante, pois não lhe pedi permissão para tal. Ao fazer isso, Mário se junta ao grupo dos que prometem falsamente o que sabem que não vão cumprir. É chover no molhado falar que esse projeto é de suma importância para a reestruturação financeira do Fluminense, principalmente porque viria a custo zero para o clube. ZERO. Preparar Laranjeiras para receber partidas que não possamos mandar no Maracanã, ou mesmo que sejam mais vantajosas mandar em outros lugares é parte de um processo de recuperação da identidade tricolor, juntamente com a captação de novos sócios. Uma coisa estava interligada à outra. Quantos serão os tricolores que deixarão de ser sócios (ou não passarão a sê-lo) por conta desta decisão contraditória? É mesmo interessante continuarmos a mandar partidas em Los Larios, Moça Bonita, Raulino de Oliveira, Giulite Coutinho e afins, tendo nossa própria casa a ser reformada?

Mais grave ainda é o cenário quando analisamos o Brasileirão que virá por aí… em que não teremos público! Porra, se a gente vai jogar no CT do Grêmio, seria realmente tão impossível jogarmos em Laranjeiras? O argumento de não ser adequado à torcida cai por terra completamente em virtude desta situação. Vocês verão… vamos jogar em vários locais muito mais inapropriados que Laranjeiras nesse ano ainda, mas não veremos a reforma de nossa sede sair do papel. Certamente a família Guinle não deve estar feliz. O pior de tudo, sinceramente, é que não sei se teremos outra chance tão boa quanto esta. Quantos projetos de restauração da sede social e do estádio a custo zero para o clube virão no futuro? Podemos pagar muito caro (literalmente) por essa atitude do até então pouco questionado dirigente. Espero que a torcida se dê conta disso e não passe pano, não fique quieta, achando que está tudo bem, porque depois não adianta lamentar. E que se lembre tanto disso quanto do retorno do Fred nas próximas eleições, principalmente os que terão direto a voto. Chega de idolatrar presidentes!

Curtas:

– Essa questão da reforma não foi a primeira em que Mário acenou com o “mais do mesmo”. O que aconteceu na Flu Fest foi uma vergonha. Conca, Celso Barros e Muricy tinham que ter sido convidados. Não gosto de Emerson, principalmente pelo episódio mulambento em que ele se envolveu, mas se fosse convidado, por ter feito o gol do título do tri, não me causaria estranhamento. A história não pode ser apagada porque você tem desafetos, Mário. O Fluminense não é você!

– Gilberto se foi, numa venda que, a princípio, parece ótima. Ele foi um bom jogador para o clube, infelizmente escalado de maneira errada – pois rendia mais como ala e insistiam em pô-lo na lateral. Que obtenha sucesso no Benfica e para onde quer que vá depois, porque merece. Agora estamos entre Advincola e Samuel Xavier (gosto do segundo), mas podia ter sido Mariano (que fechou com o Galo), se tivéssemos mais visão e ousadia. Espero que venha pra completar bem o elenco, que ainda é carente.

– Odair fala em sonhar com o título, e não está errado. Mas pra passar do sonho para a prática, precisa fazer o time jogar pra ganhar também, não só para não perder. Mário fala em pré-Libertadores, e talvez seja um pouco mais “pé no chão”, mas até para alcançar isso ele precisa entender que esse elenco é fraco e precisa de peças nas posições que já cansei de apontar aqui na coluna. Caso contrário, é possível que a imprensa babaca esteja certa de novo, e que sejamos apenas coadjuvantes – no melhor cenário.

– Vai começar o Brasileirão esvaziado (que nem deveria começar), que será uma festa para aqueles que puderem transmiti-lo, pois será a única maneira de assistir aos jogos. Já que precisamos jogar, que o Fluminense consiga pelo menos um desempenho que não nos faça ter ataques cardíacos durante o carnaval do ano que vem.

– Palpite para o jogo deste domingo: Grêmio 1 x 1 Fluminense. Palpite para o jogo de quarta: Fluminense 2 x 1 Palmeiras.

Panorama Tricolor

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