Ganso e a camisa do Santos (por Edgard FC)

O jogo entre Santos e Fluminense acabou há mais de quarenta e oito horas, mas um tema decorrido na saída de campo rendeu mais que uma novena na torcida do Fluminense, principalmente a que usa a internet para se firmar e, quem sabe, se sentir melhor em relação a outras tantas pessoas.

Paulo Henrique Ganso, um dos principais jogadores do elenco do Fluminense, fez a tradicional troca de camisas com Ângelo, Menino da Vila que deve ter no Dez, hoje Tricolor, uma grande referência, pois nosso maestro surgiu ao mundo através da equipe do Litoral Paulista. Ele deixou o campo de jogo, trajando o espólio.

Fora dos holofotes, porém sob as lentes dos smartphones, Paulo Henrique foi de encontro à Torcida Tricolor, a fim de explicar o evento: “ah, eu tenho história aqui”, argumentou o craque, que fez um golaço na partida, em uma cavadinha de pênalti, no que comemorou como um maestro de sinfônica a reger, com batutas invisíveis, o coro, que aplaudia e o xingava simultaneamente.

Tal desfecho irritou demasiadamente parte tenaz da torcida, sobretudo a autodenominada, cafonamente, FluTT, uma referência aos torcedores usuários da rede social Twitter, aquela do pássaro azul, o Larry Bird, que faz referência ao basquetebolista homônimo, que marcou época envergando a camiseta do Boston Celtics, franquia da NBA, empresa que administra a Liga Profissional de Basquetebol estadunidense. Tweet, que é o ato de escrever e postar no Twitter, é o equivalente em inglês para a nossa onomatopeia ‘piu’.

De toda sorte, esses moços (alguns nem tão moços assim), pobres moços, ah, se soubessem o que eu sei. Não amavam, não passaram aquilo que eu já passei. Será que sabem eles que o ídolo-mor, ao qual cultuam como a um totem sagrado, Frederico Chaves Guedes, ao ser transferido do Fluminense ao Atlético Mineiro (não cabe aqui discutir os pormenores), vestiu, sorriu e ficou feliz ao envergar o material esportivo da equipe mineira, dentro das Laranjeiras? Santuário e centro de treinamento da equipe à época.

Sabem eles que, Thiago Neves, a quem boa parte dessa falange tem verdadeira adoração, beijou a camisa do maior rival do Fluminense, e fez juras de amor, dizendo que seus filhos todos seriam rubro-negros? E quando sua carreira tinha azedado na Europa, e ele retornou ao Fluminense, disse que estava dando um passo atrás na carreira?

Será que PH Ganso, que verdadeiramente tem gratidão ao seu primeiro clube na carreira, o Santos FC, vilipendiou tanto assim o Pavilhão Tricolor? Não seria muito mais irritante saber que, só para ficar em exemplos do atual elenco mariano e angiônico, Cristiano, Wellington, Caio Paulista, estão a todo instante desvalorizando o Manto Sagrado Tricolor?

Esses moços, pobres moços, ah se soubessem o que eu sei. Se eles julgam, saibam que deixam o céu por ser escuro e vão ao inferno à procura de luz.