Fluminense, entre a evolução e a limpeza (por Vitão)

Fernando Diniz continua a montagem de seu time e a evolução coletiva é nítida, porém falta para o treinador terminar a limpa que iniciou ao perceber a falta de intensidade e vigor físico no time deixado por Abel. Aos poucos, o comandante vai rejuvenescendo a equipe e tal iniciativa propicia que seus atletas respondam melhor aos preceitos de sua forma de jogar.

O futebol atual exige intensidade e organização para quem busca competitividade e Diniz precisa de entrega física e técnica para o êxito de sua proposta. Ao anunciar que sua intenção contra o Botafogo, pela terceira vez seguida, é repetir a mesma equipe que enfrentou o Cruzeiro, Diniz chega ao primeiro time com sua assinatura.

Fábio, Samuel Xavier, Nino, Manoel, Caio Paulista, André, Nonato, Ganso, Árias, Luiz Henrique e Cano. Dos onze de Diniz, cinco jogadores são novos titulares. Com a saída de Luiz Henrique, provavelmente serão seis novos titulares em relação ao time de Abel Braga. Na zaga, Manoel ganhou a vaga de David Braz. A decisão foi correta e deu mais velocidade e força física para a defesa, sem contar que o vigor de Manoel casa bem com a técnica de Nino. As laterais foram mudadas por completo. Na direita, Samuel teve a confiança recuperada e sua velocidade tem sido importante na criação de jogadas. Pela esquerda, Caio Paulista vem sendo a aposta para acabar com a falência técnica e física do setor.

Na meiuca, Árias enfim ganhou a titularidade absoluta e parou de disputar a vaga com Bigode, fato que contrariava a lógica. O colombiano é um dos jogadores mais importantes e decisivos da temporada, além de estar formando com Cano uma dupla super afinada. Wellington, depois de muita insistência do treinador, enfim foi sacado do time para que André assumisse a primeira volância, o que abriu vaga para um meia mais técnico e veloz. Com André jogando no espaço que domina e mais um meia com técnica para ajudar Ganso, a trinca de meio tricolor chegou quase que em sua perfeição dentro daquilo que temos no elenco.

Percebam que todos os jogadores que ganharam a vaga de titular com o treinador possuem mais dinâmica física para executar o jogo de aproximação e controle que ele busca executar. Entretanto, como citado, a limpa deve continuar.

A primeira providência é não retornar com Bigode após a despedida de Luiz diante do Botafogo. A reposição tem que ser feita tendo como norte a velocidade, a técnica e a intensidade. A segunda providência é retornar Marcos Felipe para o gol, goleiro prata da casa que foi sacado do time sem falhar, muito pelo contrário, em plena ascensão de seu amadurecimento profissional.

Por fim, Diniz deve manter Wellington e Felipe Melo como reservas de André, deixando Wellington apenas como o reserva do reserva na turma dos enfeites decorativos que já conta com Matheus Ferraz, Muriel e agora Nathan. Aos poucos o treinador vai aprimorando suas ideias e a busca por superação espacial o obrigou a trocar peças.

A temporada achatada com jogos de três em três dias vai impor a oxigenação do elenco com jogadores da base e temos talento para essa composição. Matheus Martins, Jhon Kennedy, Alexander, Marcos Pedro, Jhonny, Luan Brito, entre outros, precisam de minutos para que o Flu encorpe seu elenco com juventude e qualidade.

Taticamente, a equipe vem ganhando forma e propósito. Falta aprimorar as finalizações e acelerar a posse no terço final. Diniz vem subindo as linhas e o Flu tem pressionado rápido ao perder a bola no campo de ataque, mas existe uma exposição da zaga quando essa pressão é superada, fato a ser corrigido pelo treinador. Outro fator que vem incomodando são as alterações que ele vem realizando no terço final das partidas, momentos em que empilha atacantes e desorganiza o time. Contra o Cruzeiro, tirou os armadores, sobretudo Ganso, e fez uma maçaroca ofensiva que não tinha organização para alimentar os atacantes que entraram.

Diniz vem respeitando os processos em busca do time ideal, ou seja, aqueles onze que melhor conseguirão responder aos seus anseios como comandante. O primeiro processo se refere ao campo. Ao contrário do que era esperado, vem implantando sua ideia de forma gradativa e jogando mais resguardado contra adversários fortes. O segundo processo é o extracampo, qual seja, aquele que envolve as tratativas que borbulham no balcão de negócios tricolor.

Em busca de intensidade, juventude e meritocracia, Fernando vem fazendo uma limpa que não pode ser interrompidla sob pena de retrocesso e distorções na execução da proposta. Salve o Tricolor!