FLUMINENSE CAMPEÃO DA AMÉRICA (por Claudia Mendes)

Comemorei como nunca e ainda estou em êxtase. Na noite anterior ao jogo, pouco dormi. A da depois da conquista, não preguei os olhos. Adrenalina máxima no sangue por 48 horas. Só o Fluminense para fazer isso. As vezes dá a sensação de que se torna incontrolável. Foi muito tensa essa decisão, além da conta. Mas sobrevivemos, Tricolores!

E no meio de toda essa emoção, como parte integrante disso tudo, as memórias. Quanta gente que já não está mais aqui nesse plano e que, certamente, estaria nas mesmas condições que eu e de milhares espalhados pelo mundo. Milhares mesmo. Porque nunca vi tanto tricolor, até os que pouco ligavam, dessa vez se envolveram nessa corrente de emoção.

Nessa coluna pós-conquista, quero homenagear o responsável direto pela minha paixão. Por ter me levado pela primeira vez ao Maracanã de mãos dadas. Por tantas vezes comprar o ingresso com dificuldades, na chuva ou no sol escaldante. Nos abraços e nos choros incontidos nas comemorações: meu pai. E em memória dele, lembro de tantos outros que em algum lugar também estão radiantes.

Com um sentimento de aconchego, alivio e gratidão que vou comemorar a Glória Eterna enquanto eu estiver por aqui. E, com certeza, vou comemorar outras quando já não mais estiver. Infelizmente não fui ao Maracanã dessa vez. Assisti na sala, no mesmo canto do sofá. Me contive em muitos momentos até o final. Foi quando agradeci a Deus, aos berros, na varanda. O grito foi tão forte, que até um vascaíno aplaudiu o meu desabafo fervoroso. Pude presenciar e viver essa emoção três dias após o meu aniversário de 60 anos. Que presente!

O Fluminense é uma parte viva no meu passado. Era quando meu pai ia comigo, meu irmão e um monte de gente para o estádio naquele fusquinha azul, com a bandeira desbotada (que chamávamos de pavilhão). Tempos muito bons, inesquecíveis.

É nessa nostalgia que comemoro o título da Libertadores, nossa tão sonhada taça. Uma das únicas que faltava na sala de troféus das Laranjeiras. Mas essa taça não é apenas uma conquista. A gente pode gritar em alto e bom som para quem quiser ouvir (e para quem não quiser também) que o Fluminense é o campeão da Libertadores, com todos os méritos. Ao contrário de muitos rivais, topamos com três argentinos e amassamos todos eles. Podemos tirar onda. Não estamos mais entre as virgens do continente.

Vamos comemorar por muito tempo essa conquista. Que bom que posso fazer parte disso tudo. E com o mais perfeito significado da palavra gratidão. Não esse tão banalizado. Sou muito grata ao universo por ter me presenteado tantos momentos inesquecíveis com (e pelo) Fluminense Football Club.