Fluminense 4 x 2 Atlético-MG (por João Leonardo Medeiros)

João Leonardo

ANTES DA BOLA ROLAR

A semana do Fluminense iniciaria com um jogo contra o Atlético Mineiro. Por incrível que pareça, o jogo foi agendado para uma segunda-feira à noite. Por incrível que pareça, o jogo estava marcado para o pequenino estádio de Edson Passos.

O problema é que, como sempre, fui dar uma olhadinha na escalação de um e outro. Começou razoável, porque a defesa deles está desfalcada e tem até um jogador padrão Peter Siemsen-Flusócio: Edcarlos. Mas acabou por aí. Do meio para adiante, é uma humilhação completa: Rafael Carioca, Maicosuel, Robinho, Lucas Pratto e Fred. Dentre estes, o único que não escolheria camisa no Flu seria o Fred. Com certeza seria o 9. O resto ia ter de escolher o número, porque titular seria com certeza.

Alguém vai dizer: com dinheiro, é mole. Concordo. Mas quem disse que o Fluminense gastou pouco para montar o atual elenco? Quem disse que a folha salarial do Fluminense é baixa? Quem disse que houve pouco investimento? Se alguém disse, é mentiroso, porque se gastou muito e muito mal. Agora, convenhamos, depois de seis anos e dois mandatos, não dá para botar a culpa no Horcades, dá?

Mas o fato é que eu sabia que ia ter jogo e não estava ansioso pela partida. Na realidade, meu sentimento, como a da maior parte de nossa torcida, é o de que tínhamos poucas chances contra o Atlético Mineiro, mesmo jogando em casa. A vitória não seria impossível, entre outras razões porque tem espaço para tudo no futebol, mas o fato é que nosso time não dá prazer nem esperança ao torcedor, já há bastante tempo.

Há muito tempo não vejo o torcedor com esse sentimento de inferioridade. Lembrei, imediatamente, da Libertadores de 2008. Parte da torcida foi para o jogo com o São Paulo com um sentimento como esse. Muita gente achava que dificilmente eliminaríamos o timaço do São Paulo numa competição em que eles haviam conquistado três vezes e nós nenhuma. Por outro lado, aquele nosso time era muito bom, de maneira que fomos para o jogo com respeito, mas não com temor. Depois de eliminar o São Paulo daquela forma épica, entramos contra o grande Boca Juniors confiantes na classificação.

De 2007 até 2012, somente no quase trágico ano de 2009 sentimo-nos inferiorizados no Brasil. A torcida sabia que o Flu podia ganhar, sabia que podia torcer, sabia que tínhamos chance, mesmo fora de casa. A coisa desandou de tal forma depois de 2013 que hoje, pasmem, entramos sem confiança diante do Botafogo e esperamos a derrota para qualquer grande de São Paulo, do Sul ou de Minas.

A GOLEADA EMPOLGANTE

Quando a bola rolou contra o Atlético Mineiro, contudo, duas coisas fizeram-se absolutamente presentes: nossa tradição e o imponderável. Ajudou também o empenho colossal dos jogadores na segunda etapa, claro, mas o fato é que o Fluminense conquistou a vitória porque é um gigante do futebol mundial, porque tem uma camisa que impõe respeito, mesmo que trajada ocasionalmente pelo Dudu.

O Flu podia ter marcado seus gols no primeiro tempo, mesmo falhando muito na marcação. No segundo tempo, especialmente com a entrada de Magno Alves, tudo mudou para melhor. Fizemos os 45 minutos finais com muita garra e velocidade, daqueles que fazem pensar o seguinte: se tivessem acontecido com frequência no primeiro turno, em vez de brigarmos hoje pelo G4 estaríamos sim lutando pelo topo da tabela, mesmo com todos os inúmeros equívocos da diretoria já sabidos.

Scarpa fez uma grande partida e marcou um belo gol de falta, mas a chama que incendiou o Fluminense rumo à goleada foi Magno Alves.

Eis o Fluminense, que desafia todas as conclusões, definições e nos oferece uma incrível e inesperada noite de segunda-feira, trucidando um time muito melhor e postulante ao título. Uma noite memorável e bastante rara nos últimos tempos.


Panorama Tricolor

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