Fluminense 2023 – Balanço Geral (por Edgard FC)

Após uma temporada em que pudemos olhar, no primeiro semestre de 2022, ao mesmo tempo a parte cheia e vazia do mesmo copo, em que faturamos o Campeonato Carioca que não vinha havia dez anos, foi também nessa primeira metade do ano que fomos eliminados, de forma vexatória, da Pré-Libertadores, mesmo após vencer por 3 a 1 o Olimpia no Engenhão.

Depois, fizemos um segundo semestre de relativa recuperação, no Brasileirão desfilamos belas partidas, enquanto figuramos na Copa Sul-americana, sendo eliminados após uma precária fase de grupos.

Voltando o foco para 2023, indo da reeleição do mesmo presidente que já estava há três ano e meio no comando político e administrativo da instituição, o mesmo, como promessa de campanha, prometeu que seríamos bicampeões cariocas e levantaríamos a tão sonhada Libertadores, a Glória Eterna.

Dito e feito, observando friamente, os dois títulos foram alcançados, pois neles observamos total empenho, do faxineiro ao presidente, para que isto acontecesse, muito embora, é importante que se diga, fizemos um Brasileirão a meio mastro e simulamos a Copa do Brasil, como quem não está a fim de jogar uma partida no futebol virtual.

A conquista do torneio continental acabou por servir para, além da conquista em si, selar a Paz Eterna, como bem eternizou nosso Marcelo Diniz que, embora sustente o mesmo sobrenome do treinador bipolar (do Fluminense e Seleção Brasileira), não enverga qualquer parentesco direto com o comandante.

Se no campo o Tricolor triunfou, mesmo retirando os noves fora, não podemos fazer o egípcio para as tratativas dos bastidores, dos salões nobres à sauna, passando pelos vestiários e redes sociais, estas últimas, com todo o rigor e respeito que todos deveriam merecer, parecem todas terem se dobrado aos mandos e desmandos do grupo que se perpetua no poder, lá se vão bons pares de anos, se não, década.

Entre caras pintadas e análises verborrágicas travestidas de seriedade, a construção de uma narrativa em prol de amansar os gados segue seu curso natural, sem esbarrar em maiores obstáculos, atravessando o rubicão, fazendo a caravana passar, mesmo com matilhas a ladrar.

Aliás, se não estamos delirando, nada se fez novo no modelo de gerir as finanças e os acórdãos para contratações, renovações de contratos obsoletos, empréstimos de torto a direito dos jogadores que poderiam somar no campo em vez de pagarmos bagatelas por ilustres reservas, além de servir de vitrine para atletas de empresários chegados dos gestores. Exemplos sobram.

Para fechar a temporada, fomos até a Arábia Saudita para a disputa da Copa do Mundo de Clubes FIFA, mais precisamente em Jeddah, onde passamos, naturalmente pelo Al Ahly, equipe de Cairo, capital do Egito, em uma semifinal, antes de ir disputar o único jogo em que realmente tem disputa verdadeira, este contra o poderoso Manchester City, atual campeão europeu e, considerado por muitos, o melhor time do mundo na atualidade, tendo ainda, o melhor treinador: Pep Guardiola, um obcecado pelo respeito à bola e com o futebol bem executado.

A última impressão deixada pelo time tem de ser observada, mais uma vez, com o critério do copo meio vazio e meio cheio ao mesmo tempo. Pois o caneco jamais esteve inteiramente cheio quando dos triunfos, e não foi tomado por um vazio estridente após a goleada sofrida diante do melhor time do mundo.

Esportivamente falando, seria praticamente impossível vencer os Azuis Celestes, fossem quaisquer cenários apresentados, mesmo acreditando que poderíamos e deveríamos ter apresentado melhor rendimento, já observando as peças que dispomos no elenco, mas este tema já foi e será abordado em outros textos.

A temporada 2023 certamente será marcada de forma positiva nos corações (psicodélicos) tricolores. Não tem como ser diferente, mais um Cariocão (ou seria Carioquinha?) vencido diante do rival principal, com uma goleada acachapante por quatro a um e, obviamente, a conquista da inédita Libertadores, o que deverá ser aproveitado para que voltemos a poder focar em todas as frentes, em vez de viver essa obsessão desvairada.

Os movimentos extracampo precisam encontrar rumos mais fiéis ao que se diz por aí, que é: sanar dívidas, fazer contratações realmente inteligentes, ser transparente como sempre deveria ser, tornando tudo fato público e notório, para que não sejam apenas palavras ao vento.

“Apesar de você, amanhã há de ser outro dia, eu pergunto a você: onde vai se esconder da enorme euforia?”