Fluminense 2019 – Laterais e Zagueiros (por Mauro Jácome)

Depois da retrospectiva das atuações dos goleiros tricolores em 2019, agora, a vez é dos laterais e zagueiros. A linha defensiva deu muitos sustos à torcida tricolor. Os lados do campo, principalmente o direito, proporcionaram caminhos para muitas derrotas. Na frente, pouca produção para os atacantes.

Os zagueiros deixaram à mostra as limitações técnicas no frágil esquema de Fernando Diniz. Bastava organizar um contra-ataque que a bola estourava na cara de Rodolfo, Agenor ou Muriel. Somente com a efetivação de Yuri, entre Allan e a dupla de zaga, é que a sangria estancou.

Repetindo o que disse na primeira parte desta retrospectiva, a análise de quem atuou com a camisa tricolor foi baseada jogo a jogo, portanto, alguns começaram bem e desandaram; outros, fizeram o percurso inverso; a maioria, decepcionou. Não estão presentes as atuações do Estadual. Brasileiro, Copa do Brasil, Sul-Americana e, principalmente, deram subsídios suficientes. Segure-se na cadeira, vamos relembrar como jogaram os laterais e zagueiros do Fluminense:

GILBERTO

Teve alguém mais contestado pela torcida? A temporada do lateral foi terrível. Quantos gols tomados podem ser creditados na conta dele? À medida que as atuações ruins se acumulavam, era nítida o aumento da insegurança. Esforçava-se, ninguém pode dizer o contrário, mas nada dava certo. Depois da linha central, tentava dribles e perdia a bola; tentava cruzamentos e facilitava a vida do adversário; um simples passe era um tormento. Pensando-se pelo lado positivo, já foi capaz de se destacar, então, a torcida sempre tinha a expectativa de que a boa fase poderia voltar.

Melhor atuação: na vitória sobre o Botafogo no Engenhão, talvez porque saiu antes de acabar: “Ao contrário de outros jogos, não se mandou aleatoriamente. Quando foi, alternou o lado do campo e a meia direita. Cruzou bem para Yony abrir o placar. Finalmente, fez uma boa partida. Saiu machucado”.

Pior atuação: Bahia 3×1, na Fonte Nova: “Teve a infelicidade de fazer o pênalti. Lutou muito para tentar reverter o resultado, mas abandonou por completo a posição e abriu espaços por onde o Bahia chegou com perigo”. Mas ainda teve Atlético Nacional fora, Ceará no Maracanã, fora…

IGOR JULIÃO

Funcionou como um quebra-galhos. Entrou empolgado, fez umas partidas razoáveis no Brasileiro e Sul-Americana, depois normalizou e mostrou que não tem condições de compor um elenco que pense em títulos. Tem uma visão diferente da mentalidade pasteurizada dos boleiros, mas, dentro de campo, não segue a mesma linha de raciocínio.

Melhor atuação: entrou muito bem contra o Peñarol no Maracanã (3×1 para o Fluminense): “Excelente partida. Foi para dentro das linhas do Peñarol e abriu espaços para os cruzamentos precisos”.

Pior atuação: Contra o Athletico (3×0 para o rubro-negro paranaense): “Uma tragédia. Deixou espaços e chamou o Athletico para explorar o se lado”. Ainda teve atuação negativa contra o Avaí no Maracanã: “Horrível. Batido seguidamente em jogadas de velocidade. Na frente, não acertou os cruzamentos”.

DIGÃO

Altos e baixos. Quando protegido, principalmente com a efetivação de Yuri à frente da zaga, ganhou mais do que perdeu por cima e pelo chão. Nas vezes em que quis mostrar categoria, algo que lhe falta, complicou. Tem dificuldades em se posicionar nos momentos de velocidade adversária. Seu contrato vence neste fim de ano.

Melhor atuação: na vitória sobre o Palmeiras, no Maracanã: “Partida impecável. Comandou a defesa. Salvou um gol de Luiz Adriano”.

Pior atuação: em Fortaleza, contra o Ceará: “Falhou em quase todos os lances. Caminho da vitória adversária”.

LUCCAS CLARO

Jogou apenas duas partidas, Avaí (“Saiu muito para dar combate longe da sua posição”) e Corinthians (“Jogou com seriedade, mas é muito limitado tecnicamente”). Não é o zagueiro dos sonhos da torcida, mas pode compor o elenco e entrar de vez em quando.

FRAZAN

Surpreendeu. Todas as vezes que se via seu nome na relação do time titular ou na beira do campo, dava arrepios. No entanto, não comprometeu, inclusive, fazendo boas partidas. Ao lado de Luccas Claro, pode compor o elenco.

Melhor atuação: no empate contra o Corinthians pela Sul-Americana: “Grande partida. Procurou não dar sopa para o azar. Do jeito que a bola vinha, voltava. Junto ia a desconfiança da torcida”.

Pior atuação: derrota para o Flamengo: “Também não conseguiu acompanhar nos lances de velocidade. Quase entregou um gol ao tocar errado dentro da área. Sorte que ninguém do adversário acreditou”.

NINO

O melhor zagueiro do Fluminense. Como não é um craque, não pode jogar descoberto e, com Yuri à frente, foi um dos pontos altos da defesa. É preciso dar um desconto nos momentos ruins porque era o primeiro a sair na cobertura de Gilberto. Soube aproveitar a altura e cortou muitos ataques aéreos dos adversários. Se permanecer, seu contrato vence no fim do ano e com as opções do elenco, deverá ser titular absoluto.

Melhor atuação: no Morumbi na vitória sobre o São Paulo: “perfeito nas interceptações” e na despedida do Brasileiro na Arena Corinthians: “Um gigante na defesa. Um dos responsáveis pela vitória”.

Pior atuação: no empate contra o Ceará, no Maracanã: “Foi batido várias vezes nas jogadas em velocidade no segundo tempo. Demorou a chegar em Tiago Alves e permitiu a bicicleta”.

MATHEUS FERRAZ

Quando o Fluminense anunciou sua contratação, a torcida entrou em desespero, boca torta, muxoxo. Idade avançada, fracassos recentes. No entanto, à medida que os jogos se desenvolviam, tornou-se o dono da defesa. Sóbrio, boa saída de bola e perigoso nas bolas aéreas ofensivas. A contusão foi um dos motivos dos problemas defensivos na maior parte do Brasileiro.

Melhor atuação: na derrota para o Goiás – “Dominou o setor defensivo. Ganhou pelo alto e por baixo” – e na goleada sobre o Cruzeiro – “Mostrou, mais uma vez, sua capacidade de ocupação de espaço na área. Pode ser batido, mas está sempre no lugar certo”.

Pior atuação: na Fonte Nova contra o Bahia: “As dificuldades normais para um jogo atípico como o da Fonte Nova. No afã de buscar gols, a defesa ficou desguarnecida”.

CAIO HENRIQUE

Mostrou potencial para se tornar um dos melhores laterais do Brasil. No entanto, precisa treinar a parte ofensiva, principalmente o fundo do campo e as infiltrações em diagonal. Também, o chute ao gol. Tem velocidade e habilidade para evoluir. É razoável na marcação um para um, mas se perde quando tem mais de um para optar pela aproximação.

Melhor atuação: na goleada contra o Atlético Nacional, pela Sul-Americana: “Bela partida. Protegeu o lado esquerdo da defesa e se apresentou na meia esquerda para pressionar a última linha de defesa do Atlético. Tem muita velocidade para retornar para o campo de defesa”.

Pior atuação: Em Santos: “Rodrygo deitou e rolou pelo seu lado. Victor Ferraz também levou vantagem. Na frente não passou da intermediária do Santos”.

ORINHO

Teve poucas oportunidades, mas não deixou impressão muito positiva, principalmente no campo ofensivo. Pode evoluir, mas, se Caio Henrique sair, espero que não seja a opção para o time titular.

Melhor atuação: No empate com o Cruzeiro no Mineirão: “Fechou o lado e pouco passou do meio campo”.

Pior atuação: na derrota para o Athletico, no Maracanã: “Horrível. Fora de sintonia com o resto do time”.

Panorama Tricolor

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