Fluminense 2 X 1 Botafogo – Isso foi melhor do que Fla-Flu (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, a vitória num Fla-Flu é sempre um manjar para ser saboreado, venha ela do que jeito for. No caso do domingo, ganhamos na catimba, na raça e, talvez, na sorte. No jogo de hoje, não, ganhamos ganhando, do jeito que se tem que ganhar.

O Fluminense foi superior ao Botafogo durante os quase noventa minutos de partida. Vão me dizer, claro, que não há como comparar os dois adversários. O Flamengo é um time cheio de estrelas e conquistas recentes, enquanto o Botafogo é apenas o time que ressurgiu das cinzas da Série B com um elenco quase todo de desconhecidos.

Concordo com isso, mas tenho que redarguir que o adversário em questão é apenas uma das variáveis da análise. Posto isso, vi o Fluminense, na noite de ontem, fazer disparado sua melhor exibição na temporada, mesmo quando atuou na já conhecida escalação inicial e acabou sofrendo o gol de abertura do placar numa jogada de bola parada.

Contra o Flamengo, estivemos longe de sermos controlados. Trouxemos o jogo para o clima que nos interessava e pouco cedemos a eles o tipo de jornada que apreciam, pressionando e dominando seus adversários. Contra o Botafogo, nós jogamos futebol do início ao fim, mesmo com as deficiências claras e notórias de nossa formação inicial.

A vitória deles no primeiro tempo foi enganadora. A possibilidade de virada era iminente, mas era preciso que Abel operasse algo fora da cartilha. Então, Abel tirou de campo Fred para a entrada de Germán Cano. Abel tirou, ainda, Samuel Xavier para a entrada de John Árias.

Abel tirou os dois jogadores que não contribuíam de forma apropriada para nossa proposta de jogo. Pensava eu com meus botões que Abel recuaria Luís Henrique para a função de Samuel Xavier, mudando o 3-4-3 para um 3-1-4-2. Não foi o que aconteceu. Árias, como esperado, veio para o meio, mas Yago foi deslocado para a ala direita, mantendo o 3-4-3, com Luís Henrique mantendo sua posição de ponteiro ofensivo, na qual fez uma de suas mais espetaculares exibições com a camisa do Fluminense.

Com todas as suas deficiências na tomada de decisões, Luís Henrique não pode, sob risco de pena marcial, ser vendido pelo Fluminense por menos de 100 milhões de euros. Ninguém no mundo civilizado tem mais talento com a bola do que esse rapaz. Ninguém, eu repito, e já digo isso há algum tempo. A jogada em que ele rabisca toda a defesa do Botafogo e mete bola milimétrica para Germán Cano é coisa de craque.

De craque, eu repito, e está longe de ser a primeira!

Mas vamos deixar de falar em Luís Henrique, para não sermos redundantes. Vamos falar da infiltração do argentino, algo inimaginável de ver com Fred em campo. Vamos falar da dinâmica que o Fluminense ganhou com a entrada de Cano e Árias, esse colombiano que anda me fazendo dobrar a língua. A troca de Fred por Cano e de Samuel Xavier por Árias significou a supremacia tricolor num jogo em que já era melhor.

Foram 20 minutos de segundo tempo com o Fluminense engolindo o Botafogo, oprimindo e criando oportunidades em sequência. Foi o suficiente para virarmos o jogo contra um adversário que não é o Flamengo, mas isso pouco importa, porque jogamos muito futebol, que é o que a torcida almeja e com o que nossa torcida sonha.

Marcos Felipe, acho que pela primeira vez, não foi notado em campo. Nosso trio de zaga esteve perfeito, construindo jogadas, função que lhes cabe num 3-4-3, liberando o meio de campo para esse encostar no ataque e municiá-lo. Foi disparada a melhor atuação do Fluminense. Eu ressaltava aqui que o time evoluía timidamente, inclusive no Fla-Flu, mas hoje foi como o desabrochar de uma ideia, que recolocou Abel Braga como objeto de análise.

Não acho que a escalação do início do segundo tempo seja o melhor que podemos ter, mas Abel deve ter percebido que é a melhor que ele já foi capaz de colocar em campo. Cano no lugar de Fred, Yago no lugar de Samuel Xavier. Se foi capaz de conceber, deve também ser capaz de perceber. Viramos um jogo em 20 minutos massacrando o Botafogo.

Que o Fluminense pode ir muito longe na temporada, eu já venho falando desde a formação do elenco. Mas não pode ter potestade no elenco. William foi um monstro no jogo de hoje. Felipe Melo, embora chame mais atenção por suas intervenções espalhafatosas, funciona mais por sua capacidade de se posicionar defensivamente e entender o jogo no momento da transição ofensiva. Fez passes verticais inteligentes e em profusão, sem contar com o passe espetacular para Samuel Xavier no primeiro tempo, que o lateral não entendeu.

O Fred? É ídolo.

Saudações Tricolores!

2 Comments

  1. Sempre Lúcido ! Podemos até dizer Brilhante. Gostaria de fazer um pedido: alguém da equipe pode, por favor, pesquisar há quantos anos os clássicos do campeonato carioca colocam um Fla-Flu com os caras jogando na quarta-feira que antecede o jogo e nós jogando na quinta-feira. Acho que isso acontece há uns 10 anos e mais recentemente também fazem isto nos jogos deles com o Botafogo e o Vasco. Quando o jogo é no meio da semana os caras jogam no sábado e nós no domingo. Nunca vi ou ouvi nenhum dirigente reclamar disso. Será que ninguém vê ou estou com a impressão errada ? ST

  2. …e o time está se acertando sem um meia-armador, pelo menos de início. E ainda temos o Yago que improvisa de armador e ala direita e Árias que fica entre armar o time ou atuar pelo canto. Mas o ano está começando e acho que ainda vai ter espaço para Nathan e Ganso poderem atuar. Até as entradas de Martineli, que aumentou a segurança do meio campo e liberou o Árias para atuar no ataque e Caio Paulista que manteve a ofensividade, embora sem o mesmo talento, do Luís Henrique.
    No próximo jogo o Abel poderia iniciar o jogo com Yago no lugar de Samuel, Árias no meio e o ataque com Cano e L…

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