Fluminense 2 x 0 Liverpool-URU (por Paulo-Roberto Andel)

Algumas breves considerações sobre a vitória de ontem.

Primeiro, a beleza da torcida, cuja força coletiva pôs ao chão qualquer vã vaidade pessoal. Precisamos mais disso, de mais atitude de gente e menos panfleteiros pagando de senhores da verdade – por favor, escutem quem entende do riscado, quem tem estrada, quem tem história e não surgiu da AFQ (Associação dos Famosos “Quem?”). O mosaico ficou lindo, lindo, lindo demais, e quem fala aqui é um completo apaixonado pelo pó de arroz em todas as instâncias há 40 anos. Podia ter ido mais gente? Claro, mas não é de uma hora para outra que se ajusta um divórcio de quase sete anos, tempo em que o Fluminense foi nômade sem Maracanã (descontando-se 2013-2015). Para os dias de hoje, com essa violência louca, às dez da noite, considero satisfatório diante das circunstâncias.

Sobre o time, fez um ótimo primeiro tempo e um razoável no segundo. Não aproveitou o homem a mais, mas também jogou diante de um adversário satisfeito com a derrota, o que explica o 2 a 0 estático, afora gols perdidos, poucas conclusões na segunda etapa etc. Em jogos internacionais, contra adversários catimbeiros e ávidos por porrada, nem sempre será fácil dar show – é preciso ter isso em mente. Precisamos aprimorar os cruzamentos, especialmente os da esquerda. A verdade é que, depois do primeiro gol, não tivemos nenhum problema na administração da partida. Saí feliz da arena calorenta, muita gente aliás. O resumo é de cada um.

O Jácome já detalhou tudo direitinho, mas é bom demais ver jovens como Wendel, Orejuela e Sornoza com tanta qualidade técnica no domínio da bola, no passe, na solução simples em vez da estrambótica. Vê-los é garantia de qualidade. Gostaria de falar também do Renato Chaves, que tem mostrado irregularidade, mas ontem mostrou uma característica essencial: a de crescer em momentos de tensão. Num lance do segundo tempo, ele saiu beliscando um uruguaio da nossa área até o meio de campo. Um vizinho reclamou, mas não fazia sentido: ele estava com total cobertura no lance.

Do lado de fora, saltamos do carro na chegada e o chão estava esquisito, gente com camisa no rosto. Daqui a pouco aquela maldita ardência nos olhos, o não menos maldito gás de pimenta. Outra coisa que não entendo – e a atual diretoria do Flu, séria e antenada com a opinião dos torcedores, precisa ficar atenta a isso – é porque nos anos 1970/1980 tudo dava certo com 120 mil pessoas com jogos corriqueiros e hoje, com um terço deste público, dá problema. Bom, pode parecer incrível, mas as barcas também eram melhores. O fato é que o Maracanã tem que ficar na mão de quem lhe traz vida: os clubes.

O Fluminense é competitivo e precisa de reforços para o Brasileiro, mas a espinha dorsal está montada, e é das melhores nos últimos tempos. Em certos momentos, os cinquentões olham para o gramado e voltam a ser crianças, revendo ecos daquele timaço de 1980. É aí que eu choro de saudade. Vida que segue, estamos bem – e sobrevivendo sem nenhum arranhão da caridade de quem nos detesta: Ave Cazuza!

CONVITE:

Pessoal, todo sábado o PANORAMA está no Programa Conversa de Torcedor, de 11 às 13 horas na Rádio Nossa Senhora de Copacabana  – estejam convidados, que a resenha do futebol carioca é boa e tem várias feras por lá.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

Imagem: rap/curvelo

2 Comments

  1. Podemos até não ganhar nenhum título expressivo esse ano, mas se continuar jogando desse jeito, fico satisfeito, não dá é pra aguentar time sem sangue.

    ST

  2. Encantada com o jovem Wendel!! Faz lembrar o grande Carlos Alberto Pintinho.

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