Fluminense 1 x 0 Cuiabá (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, pela segunda vez enfrentamos o Cuiabá na temporada. Pela segunda vez vencemos pelo magro placar de 1 a 0. Pela segunda vez, o Fluminense nos fez sofrer. Lá na segunda rodada, o Cuiabá, mesmo jogando em casa, estacionou um trem na frente da sua área, quando o Fluminense ainda tinha o comando de Abel Braga. Curiosamente, o Fluminense foi melhor naquela ocasião, apesar das dificuldades de jogar contra um time que só se defendia.

No jogo de hoje, não foi preciso mais que um minuto para abrirmos a contagem. Tivemos controle absoluto de jogo nos primeiros quinze ou vinte minutos, mas a história do jogo começou a mudar numa falha de Felipe Melo, que ligou o contragolpe adversário, com o craque Nino interceptando o arremate de Valdívia. O Fluminense perdeu o controle do jogo e o Cuiabá, sentindo a oportunidade, acabou sendo mais perigoso ao longo da primeira etapa.

O Fluminense, em vantagem no placar, voltou com a mesma escalação, com Felipe Melo e Pineida comprometendo severamente nossa dinâmica de jogo. Foi um mau começo de segundo tempo, com a luz amarela acendendo, indicando que era a hora de mudar. Diniz, que deixara Martinelli no banco para colocar Huf Huf, começou a acertar o time. Substituiu Felipe Melo por Martinelli, que deveria ter começado jogando, tirou Pineira, colocando Cris da Moldávia, que lhe foi bem superior, e Ganso, essa substituição inexplicável, para colocar Nathan, que melhorou a intensidade do time.

Aos poucos, o Fluminense foi se arrumando em campo, aumentou a intensidade, voltou a jogar o seu jogo e dominou o Cuiabá pelo menos nos últimos quinze minutos, não dando chances ao adversário de se criar para cima da nossa defesa. Mesmo assim, com o placar magro, amargamos a preocupação com uma dessas bolas vadias que mudam o destino de partidas e campeonatos. Graças aos Deuses, nada parecido aconteceu e terminamos o jogo com a Mais Extraordinária Força Popular do Planeta dando um show na arquibancada.

Parece-me óbvio que Felipe Melo não tem condições de ser titular do Fluminense em uma partida de campeonato. Pode ser uma peça útil, entrando no segundo tempo, em determinadas situações de jogo. A opção hoje era Martinelli no lugar de André, suspenso. Quanto a Pineida, foi realmente decepcionante, sobretudo para mim, que andei vendo nele qualidades até para ser titular. Cris Silva foi muito melhor, mas hoje eu não tenho dúvida de que o titular é Caio Paulista, que é capaz de dar mais intensidade pelo lado esquerdo e dinamismo tático à equipe com suas movimentações.

Esse Campeonato Brasileiro é, no meu entender, disputado por três equipes: Palmeiras, Fluminense e Dissidência. Não por acaso, são as equipes que colecionam vitórias nas últimas rodadas e, nesse momento, apresentam um padrão de comportamento altamente positivo. Diante desses opositores, não podemos mais cometer erros como a escalação de hoje. A coisa é muito séria. Trata-se de disputar o penta, que a torcida aguarda ávida, tanto que mais de 45 mil tricolores estiveram na tarde de hoje no Maracanã.

Temos mais uma semana para treinar antes do duelo com o Inter no Beira Rio, que é mais um jogo com cara de decisão. Pelos meus cálculos, só serve a vitória, e teremos que conquistá-la custe o que custar. Espero ver o resultado dessas janelas para Diniz se dedicar a treinar e aperfeiçoar a equipe.

Não que não tenha visto esse resultado no jogo de hoje. O Fluminense apresentou um recurso novo e muito interessante, que foram as bolas lançadas para os atacantes buscando as costas da zaga do Cuiabá, explorando o avanço das linhas adversárias para marcar nossa saída de bola. Multiplicar recursos é sempre muito bom. Reduz as possibilidades do adversário anular nosso modelo e nossas ações.

O que não pode ocorrer é a insistência em escolhas erradas, que têm sido o nosso carma nos últimos anos.

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Eu sempre digo que a morte não é momento de lamentar a perda, mas de agradecer um presente. Assim eu vi a morte do meu pai há dois anos atrás. Quem olha para mim, vê a assinatura dele, com muito orgulho, muita honra e muita gratidão. Gratidão como a que eu sinto por ter acompanhado a carreira de Jô Soares, antes, no Viva o Gordo, depois nos programas de entrevistas, com as quais me deleitava.

Confesso que não conheço sua carreira na dramaturgia e na literatura, mas o que vi já basta para reverenciar esse grande tricolor, que merece todas as nossas homenagens. Fará muita falta, mas não perdemos nada, ganhamos a oportunidade de apreciar sua arte, sua inteligência e as gargalhadas que nos proporcionou.

Saudações Tricolores!