Fluminense 0 x 0 Ceará – Jogo didático, empate amargo (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, o jogo da noite de hoje foi o quarto em que o Fluminense mereceu sair de campo com a vitória neste Campeonato Brasileiro. Os três anteriores foram: São Paulo x Fluminense, Bragantino x Fluminense e Fluminense x Corinthians. Todos terminados empatados. E a sina se fez presente mais uma vez. Fluminense muito superior ao Ceará em campo e mais um empate amargo.

Sorte nossa que em três ocasiões, contra Cuiabá, Santos e Flamengo, obtivemos vitórias sem que as mesmas tenham espelhado o que foi a partida. Razão pela qual terminamos a 10ª rodada, com 1/3 do campeonato percorrido, com 14 pontos, ocupando a 10ª posição, 7 pontos distantes da zona de rebaixamento e 8 pontos atrás do líder.

Nossa posição retrata quase que fielmente, ainda que por linhas bem tortas, o que fizemos até aqui na competição, mas o jogo de ontem tem características didáticas para Roger Machado, caso queira o Fluminense alçar voos maiores na temporada, o que inclui o desempenho e os resultados nas duas competições de mata-mata das quais ainda estamos participando: Libertadores e Copa do Brasil.

O jogo de hoje repetiu uma característica daquelas outras três partidas que merecemos vencer. Tivemos um Fluminense impositivo, tentando, e conseguindo, dominar o adversário durante 90 minutos. Tivemos o Fluminense criando mais oportunidades de gol, equilibrando ou superando o adversário em posse de bola.

Roger Machado trouxe para o jogo algumas lições do Fla-Flu. Sem mexer no esquema, trouxe Gabriel Teixeira para o meio, enquanto manteve Luis Henrique e Caio Paulista pelos lados.

André, provável substituto de Martilelli no duelo contra o Cerro, no próximo dia 13, foi trazido a campo para formar dupla de volantes com Yago e em nada decepcionou. Parecia o André das categorias de base. Foi um golpe de sorte que não tenha sido emprestado, em mais uma decisão estapafúrdia do departamento de futebol, que nos brindou com um reforço valiosíssimo em uma das zonas de campo em que somos muito fortes. A outra é a zaga.

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Yago fazia uma grande partida e não deveria ter sido substituído no momento em que era o maestro do time. A entrada de Martinelli no lugar de André não é difícil de explicar, pois precisávamos de mais fôlego no meio e André já mostrara o que tinha que mostrar. A substituição de Luis Henrique por Cazares entra para a história das trapalhadas de Roger Machado, porque Luis Henrique também vivia seu melhor momento na partida, podendo, como no Fla-Flu, ser decisivo a qualquer momento.

Isso tudo aconteceu já lá pelos 30 minutos do segundo tempo. Até então, o Fluminense não criara oportunidades em profusão. Começou muito bem na partida, até que Fred sentiu algo e teve que ser substituído. Sem Abel, a solução encontrada por Roger foi colocar Lucca, que, apesar das decisões erradas, esteve longe de ser um ponto negativo na equipe.

Ora, sem Fred, Nenê ou Cazares, o Fluminense era quase que uma idealização. Praticamente jogávamos com o Sub-30. Era hora de mostrar o que isso significa. O Fluminense mostrou, mas não sem antes viver um momento de turbulência. Sem ninguém para coordenar os trabalhos, foi uma tempestade de precipitações, decisões e passes errados, principalmente quando tentávamos verticalizar o jogo. Faltava alguém no meio para coordenar a bagunça.

Os dez minutos finais do primeiro tempo mostraram, todavia, um Fluminense mais organizado e paciente, conseguindo, ao mesmo tempo acelerar o jogo e envolver a difícil defesa do Ceará. O intervalo sugeria que o Fluminense teria tudo, mantendo o ritmo, para liquidar a partida na segunda etapa.

Veio, então, a jogada de almanaque do Caio Paulista – DO CAIO PAULISTA, EU DISSE – logo aos 2 minutos, que terminou em defesa cinematográfica do goleiro cearense, que, na sequência, na cobrança de escanteio, salvou cabeçada de Lucca em cima da linha. Num jogo contra uma equipe organizada como o Ceará não dá para ainda ter que encarar uma noite iluminada do goleiro deles.

O Ceará passou 90 minutos sem praticamente nos molestar. O problema é que para criar oportunidades contra a defesa deles não é fácil. É só ver que o Bragantino, até ontem líder do campeonato, amargou o mesmo 0 a 0.

Lições do jogo:

– Fred não pode ser titular;

– Nenê não pode ser titular;

– Cazares não pode ser titular;

– sem os três, o time precisa de um cérebro, que talvez possa ser Paulo Henrique Ganso;

– Gabriel é um baita jogador, mas não é o homem para jogar entre os volantes, laterais e atacantes organizando o jogo;

– o Fluminense, investindo em imposição física, é um time que pode conseguir se impor taticamente contra qualquer adversário;

– é muito melhor um time que joga 90 minutos do que um que joga 20, independente do resultado;

– Caio Paulista se tornou nosso mais produtivo jogador ofensivo e será um grande diferencial do Fluminense na temporada.

Uma pena que mais uma vez a vitória não tenha vindo num jogo como o de hoje, em que o Fluminense se impôs ao adversário. Por outro lado, parece que alguma coisa mudou e Roger resolveu fazer o óbvio: colocar em campo um time capaz de jogar com intensidade durante 90 minutos. Não obstante, é preciso haver equilíbrio, para a gente não confundir rapidez com afobação.

A receita está aí. É mais uma, assim como a usada no jogo contra o Corinthians. É questão de bater tudo no liquidificador e achar o ideal, porque a partir de agora tudo é decisão.

Saudações Tricolores!

1 Comments

  1. Savioli, tenho acompanhado muitos de seus textos com muita análise tática, e isso porque você tem muita visão sobre o assunto. Pergunto: haveria como armar o time num esquema no qual os laterais não avançassem tanto e assim os atacantes de lado também não precisassem voltar tanto pra recomposição?? É que ouço constantemente críticas aos atacantes que se tornam “secretários de laterais” e depois falta perna ou fôlego pra chegar ao ataque….se puder, escreva uma de suas colunas ( ou parte dela ) falando sobre isso. Saudações tricolores….

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