FFERJ: mais de três décadas de retrocesso e perseguição ao Fluminense (por Aloísio Senra)

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Tricolores de sangue grená, sobrou basicamente o Fluminense a defender a lucidez e o humanismo no futebol carioca, posicionando-se como o gigante que é contra o retorno das atividades esportivas em um momento tão grave quanto este. Ainda que o Botafogo também tenha, num primeiro momento, unido forças pela preservação de vidas, seu ânimo começa a arrefecer e dar indícios de que cederá, eventualmente, às pressões. Esperamos, sinceramente, que não. O momento que vivemos é gravíssimo, quiçá o mais sério deste século, mas aparentemente o fato de o Rio de Janeiro ser o segundo estado com mais óbitos no país por COVID-19 não dissuadiu dirigentes de todos os outros clubes (e em boa parte, seus torcedores), da ideia de dar sequência ao Campeonato Carioca. Líder na pontuação geral, o Fluminense é o clube que mais tem a perder com a prorrogação indefinida do retorno às atividades regionais, e seria certamente também um dos mais prejudicados caso o campeonato fosse encerrado hoje, sem uma definição. Porém, ainda assim, defende que não é o momento para reiniciá-lo.

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Dessa maneira, a disputa de interesses continua acirrada, já que Flamengo e Vasco até a Brasília foram para tentar fazer valer suas vontades. E a FFERJ saiu da “neutralidade” e passou ao lado dos demais que desprezam vidas em detrimento do lucro, ameaçando, de forma covarde, Fluminense e Botafogo com o rebaixamento à segunda divisão caso não entrem em campo após a retomada do campeonato. Eles sofreriam W.O. e, consequentemente, isso configuraria abandono do campeonato, o que, pelo regulamento, justificaria o rebaixamento. Todavia, há dois problemas claros do ponto de vista legal. O primeiro é que o regulamento do campeonato só pode ser alterado com a anuência de todos os clubes, ou seja, por unanimidade. E ele, além de não prever exatamente o que configuraria abandono do campeonato (não fala de número de jogos sem entrar em campo, por exemplo, para que tal condição aconteça), também prevê a suspensão do campeonato por motivos de força maior como… uma pandemia.

O Fluminense está disposto a ir às últimas consequências, e deveria mesmo. Não podemos ter medo de ameaças vazias, que não se sustentarão num tribunal isento e justo. O Botafogo ainda não se manifestou, mas deveria. Desde 1986, mantendo o título rubro-negro mesmo após o escândalo das papeletas amarelas, que ecoam até tempos recentes, com arbitragens sempre duvidosas, quando não escancaradamente mal-intencionadas, passando por toda sorte de “coincidências” durante a vigência de Eduardo Viana na presidência da entidade, a sempre presente influência espúria de Eurico Miranda culminando com a gestão patética de Rubens Lopes, a FFERJ passa longe de representar uma entidade digna e decente, que realmente vise os interesses de todos os clubes a ela afiliados. Há mais de três décadas eu vejo o Fluminense, bastião do futebol no Brasil, ser achincalhado por quem deveria zelar por sua grandeza. A FFERJ só serve, hoje, para encher o bolso de dinheiro e empobrecer os clubes. E, agora, para validar uma hecatombe, como se nada fosse.

Sem o Fluminense, não existe Campeonato Carioca, FFERJ. Foi o Fluminense que fundou essa porra. Foi lá que começou tudo. Nas primeiras edições, Fluminense e Botafogo, que agora se opõem ao absurdo que está querendo ser imposto, travaram os duelos mais relevantes (juntamente a América e Bangu) e lançaram as fundações do que seria, por muitas décadas, a competição mais relevante do futebol brasileiro e, numa época não muito distante, até mais que Brasileirão e Libertadores. Aliás, o momento da decadência começou exatamente há 34 anos, quando começaram a maltratar o maior protagonista do estado. Como vão sustentar uma competição sem Flu e Bota? Vão é assassinar de vez o que já está em coma. Presidente Mário, siga firme com sua postura. O Fluminense será gigante e histórico em qualquer divisão, com ou sem FFERJ. Eu, também, prefiro perder divisão do que perder vidas.

Aproveitando a coluna, #blacklivesmatter.

Saudações Tricolores.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

#credibilidade

3 Comments

  1. Estava indo tão bem, na hora de tirar um DEZ, vacilou. Essa história de “blacklivesmatter”. Essa questão não tem nada a ver com a quantidade de melanina que cada um carrega no corpo, mas em qual trincheira cada um está combatendo. Vide lojas de negros, sendo arrobadas e roubadas nos protestos, pessoas negras sendo mortas e assaltadas pelos manifestantes.

    1. Querido Marcos, sugiro que busque entender a profundidade da questão racial nos EUA e, principalmente, no Brasil antes de criticar a hashtag. Escrevi quatro longos parágrafos e você se incomodou com uma linha. Essa discussão não cabe aqui, até pelo limite de caracteres. Luz.

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