Felicidade traz felicidade (por Zeh Augusto Catalano)

Diego Cavalieri, Lucas, Renato Chaves, Henrique e Léo; Orejuela, Douglas, Gustavo Scarpa e Sornoza;
Wellington Silva e Henrique Dourado. Abel de técnico. Esse foi o time tricolor que sovou o Vasco na primeira rodada do Carioca 2017.

Três reforços e um lateral trazido de volta de empréstimo. E um bando (literalmente) egresso da temporada passada que a torcida queria ver longe das Laranjeiras. Será que os dois equatorianos são Assis e Washington? Que Abel é uma espécie de mágico? Bem, o Flu tem uma tradição de montar equipes vencedoras com jogadores oriundos de temporadas ruins.

O que transforma um amontoado de atletas desacreditados numa equipe, no melhor sentido da palavra?

O que faz com que Henrique, um beque que sistematicamente enfurecia a torcida com um festival de barbaridades em campo, repentinamente passe a atuar de forma sólida, ao lado de um garoto (Nogueira, que não atuou no primeiro jogo)?

O que despertou Henrique Dourado? “Conceito perfeito de bonde. Para agravar a situação, chegou para ocupar a vaga do maior ídolo recente do Fluminense – Fred. Não tem presença de área, não acha a bola aérea – apesar de ser alto -, não sabe fazer o pivô, é uma tragédia com a bola nos pés. E pensar que o contrato ainda vai longe…”

Sábio é Nelson Rodrigues, em texto psicografado pelo Andel: “Nelson é um otimista irreversível e elegantemente não critica nenhum nome – a depender dele, até Henrique Dourado tem cura da bola.”

Teve.

Não sei responder a essas perguntas. O futebol é um mar de mistérios. Equipes formam-se do nada. Perebas milagrosamente passam a jogar bola, fazer gols. Certamente um bom começo ajuda demais, pois transforma o ceticismo em otimismo, confiança e paciência. Três meses depois do final do Brasileiro de 2016, o mesmo erro de Dourado tem consequências distintas. É aplaudido, incentivado e encorajado a continuar lutando. A presença de Abel reforça essa postura, porque a torcida sabe que o time está sendo comandado por alguém que entende do riscado e é sabidamente tricolor.

Essa calma que time e arquibancada sentem com as boas atuações e os resultados positivos é fundamental, por exemplo, para que um garoto resolva chutar uma bola de antes do meio de campo, fazendo um gol histórico que repercutiu pelo mundo afora. Ano passado, por Murphy, o chute sairia torto e o craque seria vaiado. Quando as coisas resolvem funcionar, parece que tudo conspira a favor.

Dificuldades virão. Adversários mais fortes, jogos eliminatórios. Mas essa maré de felicidade vai seguir ajudando o time. Para desespero daqueles que torcem para ver o circo pegar fogo.

Infelizmente não é exclusividade do Fluminense.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: cat