Esse Fluminense do Odair precisa ser estudado (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, assistir ao jogo do Fluminense ontem foi uma das jornadas mais esquisitas que eu já cumpri na minha vida.

É claro que antes do jogo o humor era péssimo. Perdemos Dodi durante a semana e Michel Araujo estava fora de combate. Nada nos garantia que Yago estaria em condições de jogar.

Com que meio de campo iríamos?

Mas eis que Yago entrou em campo, fazendo duplo com Yuri, já que Hudson pegou Covid. Com a dupla de volantes, é possível que Odair esperasse que Nenê fosse o homem de criação mais à frente, já que mandou o time a campo com três atacantes: Lucca, Wellington Silva e Marcos Paulo.

A chance de isso dar certo era nenhuma, porque, além de não ser esse homem de criação, Nenê entrou no jogo fora de sintonia. Como Marcos Paulo, também fora de sintonia (conta uma novidade!), não se entendia com a posição de falso nove, nós éramos presa fácil para o Inter.

Logo veio o gol colorado em uma rebatida ridícula de Muriel. Logo depois, outro gol, de Thiago Galhardo, que a transmissão do Premiere levou quase toda a história da humanidade para perceber que havia sido anulado. A tal ponto que eu cheguei a acreditar que a bola não havia batido na mão do atacante colorado na disputa de bola que originou o gol.

Na sequência, ainda achando que o Fluminense já perdia de 2 a 0, vivemos a única investida ofensiva de Wellington, cujo chute desviou na defesa e quase deixa o goleiro deles com as calças na mão.

Foi então que descobrimos que o jogo continuava 1 a 0 e que o gol de Galhardo não valera.

Nesse momento já perdêramos Yago e já não havia sombra do meio de campo que nos acostumamos a ver. Em seu lugar entrou André, que ainda será um grande volante, mas isso não mudava o fato de que não tínhamos meio de campo.

Intervalo, início de segundo tempo, e íamos nós bovinamente esperando o segundo gol do Inter, porque nada indicava que poderíamos vencer o jogo, exceto a conspiração silenciosa dos Deuses, que resolveram meter a colher nos nossos assuntos.

Pois eis que o Fluminense, que não jogava nada e não dava qualquer alento à nossa torcida, empata o jogo com um gol olímpico de Lucca, que até se esforçava, mas apenas reforçara, até então, a nossa desesperança.

Eu não sei se os amigos entenderam, mas eu estou dizendo que o Fluminense empatou o jogo com um gol olímpico de Lucca.

A essa altura, como o Inter, mesmo com domínio territorial, tinha que escalar a Cordilheira dos Andes para tentar criar alguma coisa, até porque nossa defesa estava muito bem, comecei a acreditar numa vitória inacreditável.

Eu imagino a cara de vocês quando Odair se saiu com a entrada do novo casal 20, Felippe Cardozo e Caio Paulista, no lugar de Nenê e Wellington. Foi a mesma cara que eu fiz, podem ter certeza, mas havia a certeza de que não poderia ficar pior do que estava.

Mas eis que Marcos Paulo foi jogar na posição de Nenê. Quem lembra de Fluminense e Santos no Maracanã sabe que Marcos Paulo fez a única boa partida dos últimos tempos entrando no lugar de Nenê, jogando por trás do centroavante.

E foi então que Marcos Paulo, depois de receber um tijolo, dominou a bola e, no meio de um turbilhão de jogadores adversários, conseguiu achar Caio Paulista livre dentro da área do Inter.

E a gente sabe que Caio Paulista não perdoa. Gol do Flu, virada inacreditável e depois nossos jogadores resolveram dar um show de balé, como se estivéssemos vencendo de goleada.

Surreal, né?

Pois o Fluminense surreal vai terminar a rodada em quinto lugar, a quatro pontos dos líderes, numa rodada em que só o Flamengo, e o Fluminense, venceu no G-8.

Até aí está divertido, mas como é que eu vou analisar isso que eu acabei de descrever?

Eu podia só ficar rindo de orelha a orelha, mas eu acho que tem algumas coisas que podemos deduzir.

O único lugar para o Marcos Paulo no time é o lugar do Nenê. E quem vai convencer o Odair disso?

A coisa está muito feita no Inter depois da saída do Coudet.

Ninguém quer ganhar esse campeonato, é o que me parece claro depois de ver o São Paulo não conseguindo ganhar do Vasco.

Mas eu não vou dizer que um pouquinho de ambição poderia nos levar ao título, porque esse pouquinho de ambição não existe no Fluminense. Isso para mim é assunto encerrado desde a partida contra o Grêmio.

Então nós estamos aqui curtindo esse roteiro meio kafkiano, tentando entender que tipo de brincadeira os Deuses estão aprontando com um gol olímpico do Lucca, esse novo personagem dessa incrível, improvável e meio rocambolesca história.

Não me perguntem como isso vai acabar, porque eu sou mais ou menos qualificado para analisar futebol. Esse negócio de sobrenatural não é muito a minha praia.

Saudações Tricolores!

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

#credibilidade

4 Comments

  1. Quamtas falhas Frangoel, ou seja, Muriel, vai protagonizar pra perder a posição? M. Felipe jogou muito menos e tem mais crédito com a galera que esse ‘ mão de alface ‘…

Comments are closed.