Especial: São Marcos (por Mariana Bernun)

Olá leitores, hoje venho a convite dos meus amigos do Panorama Tricolor falar de um evento histórico que aconteceu terça-feira (11), aqui em São Paulo. Bom, vamos ao que de fato interessa – a despedida do goleiro Marcos do Palmeiras.

Vocês podem pensar: Palmeiras? O que esta guria está aqui no espaço do Flu falando sobre Palmeiras?

Contudo, venho com o maior respeito, para descrever uma trajetória de vida, de um goleiro e de uma torcida. “São Marcos” foi e é um esportista amado não apenas pelos palestrinos, mas pelo Brasil. Aquele Brasil que em 2002, fez a Nação gritar “Penta! Penta!”, aquela torcida que hoje, já não se empolga tanto com um jogo da Seleção.

Pois é meus caros, o ídolo despediu-se com gritos, aplausos e um jogo super especial nesta terça, às 22h no Estádio do Pacaembu. Mais de 36 mil pessoas compareceram ao evento que tinha o grupo do Palmeiras da Taça da Libertadores de 1999 (e alguns convidados), contra a Seleção brasileira de 2002. Aí já da para perceber o quanto este evento ficaria lembrado na cabeça de todos, principalmente dos palmeirenses.

O jogo:

Desde o início, com a entrada do publico ao estádio, era percebido o brilho no olho de cada um. As crianças no campo estavam eufóricas balançando um bandeirão com o rosto do Marcão – eles que são de uma geração bem mais difícil do time – estavam ali prestes a receber o homenageado e alguns dos “monstros” do futebol brasileiro.

O Brasil abriu a entrada ao campo, posteriormente o Palmeiras, mas sem sua peça chave. Marcão entrou por último, afinal, fazer suspense faz parte da celebração!

Era fantástico ver a entrada dos ex-jogadores em campo. Craques que nunca tivemos oportunidades e sempre tivemos a curiosidade de vê-los em campo, e por isso, com tantas gerações juntas o povo gritava, pulava e levantava bandeiras que coloriam as arquibancadas.

Deu início ao Hino Nacional e depois ao do Palmeiras – que foi lembrado pelas tantas vozes que compunham o estádio em vários momentos da partida.

A emoção foi enorme ao ver os ex-jogadores em campo. Entre os craques estavam: Sergio, Euller, Amaral, Ademir da Guia, Alex, Asprilla, Evair, Edmundo, entre outros.

Vale dar um destaque especial ao Cleber. Que sagueiro fantástico!  Jogou com muita raça e não seria ruim se ele voltasse para o verdão, pois durante a partida ele fez jus ao hino “defesa que ninguém passa”.  Lindo de ver.

Pelo Brasil jogaram lendas como Dida, Cafu, Antônio Carlos, Ronaldo “Fenômeno”, Roberto Carlos; Juninho Paulista, Ricardinho, Rivaldo, entre outros.

O gol:

No livro “Nunca Fui Santo”, biografia de Marcos, ele conta que com os pés sempre foi ruim, pênalti nem pensar. Porém, aos 25 minutos do primeiro tempo a árbitra Ana Paula de Oliveira marca penalidade a favor do verdão – e depois de o Pacaembu todo gritar por ele o Cafu e o Edmundo ir busca-lo, Marcos foi em direção a Dida. Reticente, mas foi.

“Gollllll!!!!!”
Com o placar em 1×0 a torcida foi à loucura – mesmo sendo um gol em que o Dida das uns passos antes do Marcos chutar – marmanjos choraram, mulheres pularam, crianças gritavam. Foi lindo, e não teve quem não se emocionasse. Sem exagero algum, a festa estava declarada.  Ainda no segundo tempo o Palmeiras aumentou o placar.

Marcos na linha:

No segundo tempo em uma falta para o Brasil o técnico César Maluco gritava à beira do campo para o Marcos sair e o Sérgio entrar, contudo, o goleiro agarrou ainda o chute e ai sim deu espaço ao amigo, que também fez parte da história do time.

O pessoal na arquibancada não sabia muito bem o que ia acontecer com o Marcos saindo do jogo, foi neste momento que todos os jogadores do Palmeiras tiraram o manto 3 que estavam e ficaram com a camisa que a adidas fez especialmente para a despedida – mesma camisa que o Marcos esteve desde o primeiro tempo.

Pronto, era o Marcos voltando ao campo, só que agora jogando na linha. Sim, realmente algo doido e único de ver. O jogador queria na verdade, se apresentar no segundo tempo pelo Brasil, porém, por uma regra no estatuto do Palmeiras (um jogador não pode jogar contra o time) para ganhar um busto no estádio.

Triste para o Marcos não poder dividir-se entre os dois times do coração, mas até para se eternizar existe a tal da burocracia. Enfim, com o Marcão na linha foi bem engraçado, a torcida continuava a incentivá-lo, mas ali foi mais uma brincadeira mesmo.

Logo na entrada do homenageado à linha, Zé Roberto cruzou pela esquerda e Edílson cabeceou e balançou a rede de Sérgio. Nada que abalasse o agito da galera.

Um dos momentos mais engraçados do Marcos na linha foi quando ele milagrosamente impediu uma saída de bola que bateu na bandeirinha de escanteio e ao fazer o cruzamento para área, quase que a bola foi na torcida. Lance de muitas risadas no estádio.

Aos 24 minutos, Luizão no rebote da defesa de Sérgio fez o gol de empate da Seleção.

12/12/12

Não demorou muito, para que os telões começassem uma contagem regressiva de dez segundos e os refletores se apagassem. Fim de jogo. Marcos dá adeus ao Palmeiras em uma data fatídica que marca o número de sua camisa pelo time.

O ex-goleiro falou para todos que no Palmeiras existiram muitos camisas 1 melhores que ele, mas que camisa 12, ele se considerava o melhor. Sim ele é o melhor!

Este final foi espetacular, o “melhor goleiro do Brasil” pegou o microfone, agradeceu a Deus, a mãe e posteriormente ao pai. Irmãos, esposa e filhos também estiveram nas palavras de São Marcos. Por último e não menos importante a TORCIDA que cantou e vibrou durante toda sua carreira. Marcos deu uma volta olímpica de carrinho bem próximo à torcida e após atender a mídia entrou no vestiário.

Coração apertado era meu sentimento com um misto de euforia, tristeza e alegria. Marcão agora junta-se a nós como torcedores e nos deixa um vazio que nunca outro goleiro irá suprir. Um homem de humildade e respeito com os torcedores e que em todos os momentos não abandonou o time.

Agora ficamos com aquela ponta de esperança e fé – que o time embarque neste espírito de festa, lute pela primeira divisão e faça uma ótima campanha na Libertadores. E principalmente, que os jogadores queiram espelhar-se neste goleiro perfeito que foi São Marcos!

Especial: Mariana Bernun

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Contato: Vitor Franklin

4 Comments

  1. Fico feliz que tenham gostado!
    Realmente o Marcos é um cara a se homenagear e assim como você colocou Wilson, somos times de um histórico parecido!

    Obrigada pelos comentários.

  2. Muito fã do Marcos ! E como tricolores, lembrar que o Palmeiras é o clube, aliás, junto com o Cruzeiro, que abrigaram os oriundi, ou seja, os italianos que imigraram para o Brasil, e têm a bandeira como a nossa, por isso, em MG, SP e RJ, a grande maioria dos descendentes de italianos torcem respectivamente por Cruzeiro, Palmeiras e o nosso Fluzão. Vamos lembrar também, que herdamos um oriundi palmeirense, que tem São Marcos como ídolo, e tem nos enchido de alegria: Diego Cavalieri.

    1. Valeu pela matéria. Esse é o lado do esporte que encanta, onde não há inimigos e sim adversários que sabem reconhecer a grandeza um dos outros. Grande festa para o Marcão, que é uma raridade no futebol brasileiro, pois, como Rogério Ceni, defendeu apenas um clube em toda sua carreira, tem a cara do seu time e merece a homenagem do clube, independentemente da situação em que este se encontra.

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