O 2017 tricolor sob escombros (por Aloísio Senra)

Tricolores de sangue grená, sou um torcedor comum. Faltam quatro rodadas para a única coisa que nos resta no ano acabar, e eu sinceramente já estou de saco cheio. Pegaremos o Corinthians nesta quarta-feira, mas quem sinceramente se importa? Eu respondo: nós; só nós nos importamos. Temos doze pontos em disputa, podendo ir a 55, o que não garante porríssima nenhuma, muito menos G6, G7, G8, Gescambau. SABEMOS que não faremos doze pontos, e não porque é impossível (porque não é), e sim porque é extremamente improvável dado o que vimos nas últimas, sei lá, 34 rodadas? Ganhamos dez em trinta e quatro. Vamos ganhar quatro em quatro como?

Quinta passada contra o Coritiba fomos incompetentes e, neste domingo, a arbitragem é que foi incompetente, expulsando Marlon incorretamente, ao menos na minha opinião, já que o lance foi rápido demais para inferir que o toque foi voluntário. Ou seja, até quando estamos fazendo um bom jogo, a sorte não nos favorece. Temos pela frente o virtual campeão que, embora fora de casa, sabe que perder o jogo não é o fim do mundo, e pode até levar a taça se perder. Depois, três compromissos, sendo dois em casa e um fora, todos contra integrantes da zona maldita. Olhando friamente a tabela, dá pra acreditar numa descomunal cagada que nos leve à Libertadores?

Até dá. Simuladores estão aí pra isso, para nos fazerem sonhar. Queria muito repetir o que sempre disse e vaticinar que acredito até o final, mas desta vez colocarei as barbas de molho (inclusive já as raspei). A eliminação da Copa Sul-Americana ainda não desceu pelo gargalo da minha tolerância, principalmente da maneira que foi, com mais um jogo entregue graças às absurdas e equivocadas substituições de um cara que tem (tinha?) muito crédito, mas parece se esforçar para nos enfurecer cada vez mais. Abel Braga, te respeito pra cacete, mas você não pode emplacar em janeiro como treinador do Fluminense, até para preservar a sua imagem e a nossa sanidade.

“Ah, quem tem no mercado sobrando que seja melhor que ele”? Não sei, não quero saber, mas sei quem é que sabe (ou deveria saber): os responsáveis pelo departamento de futebol, é claro! Mas será que eles sabem o que é trabalhar? Digam-me UMA bola dentro efetiva que tenha passado pelas mãos de Alexandre Torres ou Marcelo Teixeira durante todo o ano, só uma, e talvez eu pare de perguntar o que ambos ainda fazem em seus cargos. Eu gostaria muito de ouvir uma entrevista coletiva com o presidente Pedro Abad ao final do campeonato fazendo um balanço do que foi o ano, e explicando à torcida se o aprendizado de 2017 será o bastante ou se teremos novos doze meses de sofrimento, mediocridade e apequenamento.

Mas o que sabe um torcedor comum de futebol, não é? Eles são os profissionais, devem saber o que fazem, então deveríamos deixá-los em paz para trabalhar, certo? Errado! Futebol é paixão, não uma porra de um escritório de contabilidade que funciona de segunda a sexta, no horário comercial! Este ano provavelmente – muito provavelmente, esperamos – iremos escapar do descenso que nunca mais deveria ser cogitado em nossas portas. Álvaro Chaves não merece essa desgraça mais uma vez. Mas a continuar com a mesma mentalidade, os mesmos erros, as mesmas práticas, as mesmas pessoas, os mesmos tudos, não vejo como pode melhorar. Vamos ficar dependendo da sorte até quando?

É impossível esperar resultados diferentes repetindo-se as mesmas práticas. É até ilógico. Os vídeos dos jogos desse ano devem ser reprisados à exaustão; as manchetes polêmicas e difamatórias envolvendo nosso clube devem ser lidas e relidas para que atitudes sejam tomadas – atitudes mesmo, não notinhas oficiais de merda; o processo de profissionalização que foi tão aventado no clube não pode passar de falácia. Profissionalizar tem que melhorar, não piorar. Se está piorando, tem que mudar. Minha esperança era que ao menos houvesse diálogo entre torcida e diretoria, para que nossos anseios sejam ouvidos e, pelo menos, minimamente atendidos. Mas que tolice a minha. Como não montei chapa, restou-me aturar. Que venha 2018.

Curtas:

– Tricolores, espero sempre os doze pontos e a classificação à Liberta, mas é impossível conter a amargura que me tomou de assalto – e tenho certeza que também a vocês – devido aos últimos eventos. Até acho que o Abel resgatou a alma desse time; ela só não é a de um time vencedor.

– A barca será grande, se houve um mínimo de coerência, mas é melhor não apontarmos nomes ainda, pois é com esses caras que vamos até o fim do ano – embora provavelmente 90% deles sejam unanimidade entre os torcedores. Vamos aguardar o desfecho deste Brasileirão infernal.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: alo

4 Comments

  1. Só uma lembrança: o que aconteceu ao “todo-poderoso” São Paulo ao demitir o Muricy ao invés de fazer uma limpa no elenco? nunca mais se encontrou. Abel erra. E você, na sua vida, não erra? eu erro. Não somos humanos? o que vale é o que trazemos dentro de nós. Somos todos tricolores. Este ano é de aprendizado. Temos de estar preparados. E, parece que não estamos.

    1. Concordo com muito do que você disse, e eu sou mesmo torcedor, não jornalista. A questão é que o Abel, por mais que esteja “segurando rédeas”, está cometendo erros primários que nos custaram vagas e posições. E pelo fato de ele estar segurando o rojão, não é cobrado. Está tudo errado, não só ele. Abraços.

      1. Errar todos erramos, mas continuar com os mesmos processos insistindo no erro, isso é que se reclama….e hoje, parece que o Abel é incapaz de mudar algo para fazer o time voltar a jogar o que jogou no início do ano.

        ST

  2. Bom dia. Amigo, com tantos pepinos neste ano e voce vem responsabilizar o Abel? francamente. É paixão pura. De torcedor, mas não de jornalista. Quem faria melhor com essa garotada toda? eu nunca vi, desde que me tornei tricolor após o Fla x Flu de 63 tantos meninos. E tanta contusão com um elenco enxuto. E com responsabilidade de carregar o “piano”. Quem teria esta competência? É só lembrar o que aconteceu após a demissão do Abel em 2013. Puxe pela memória. Não custa. Um abraço tricolor.

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