O amor ao empresário (por Crys Bruno)

crys bruno green

Oi, pessoal.

Tive a chance de conversar por horas com dois jogadores profissionais (um ex-jogador do Flu, com passagem pelo Internacional; o outro, ex- botafoguense) e, como testemunha da luta de um garoto para realizar o sonho de ser jogador (meu sobrinho), fiz perguntas e obtive explicações e confirmações do cenário atual do nosso futebol.

Com base nessas informações, incompletas mas suficientes, e observando a imensa preocupação de muitos tricolores nas redes sociais diante da possível saída de Gustavo Scarpa, na próxima janela, não consegui mais adiar esse assunto.

O que me resta dizer é: não adianta sofrer. A grande maioria dos jogadores brasileiros que consegue chegar num clube como profissional, o faz através de prévia negociação de um agente. Não há como se tornar jogador de futebol por meritocracia mais. Você pode ter o talento do Messi, ser o Pelé, mas não é aproveitado sem a tutela de um empresário.

Na Europa, os clubes, mais bem estruturados e autônomos, financeiramente, até conseguem segurar suas melhores revelações. Isso se um dos três gigantes (Real, Barcelona ou Bayern) não apresentarem uma proposta. Em muitos casos, isso consta no contrato: se vier proposta de clube tal, negocia-se.

No nosso país, os clubes cada vez mais endividados, como no caso do Fluminense, muito também por dívidas trabalhistas de contratos com salários super inflacionados, realizados por dirigentes ou irresponsáveis ou desonestos, não têm como segurar jogador nenhum, além de desejar a venda para ganhar lá seu 40%, 25%, 30%, uma fatia dessa.

Esse grupo de investidores ou um único empresário (agente) que, negociado com clubes, consegue abrir as portas do futebol para os garotos (e repito: SÓ ATRAVÉS DELES SE CONSEGUE FICAR NUM CLUBE), passa a ter participação em seus salários, em regra 10% do mesmo, além de participação nos direitos federativos que são divulgados como parte do atleta.

É a regra do jogo. Não temos como reverter mais. Aliás, em termos mundiais. Isso se agrava e gera aumento de dívidas, dependência financeira e queda brutal da qualidade individual do atleta, em lugares onde os clubes estão com pires na mão e seus dirigentes entram nele justamente pela “boquinha”. É o caso praticamente geral.

Não, tricolores, não sofram. Nem por Scarpa. Nem por Fred. Nem por Conca. Nem por jogador algum. Eles se decepcionam com os clubes, com certa razão, em muitos casos, porque veem a fragilidade moral e a total falta de comprometimento na busca pela qualidade e mérito. Erram quando misturam os dirigentes do clube e viram as costas para o torcedor.

Questionei sobre isso também a um desses com quem conversei, no que ele respondeu: “- Porque o torcedor vai defender o clube dele e a gente passa.” No que eu retruquei: “- Sou torcedora e não esquecemos de vocês. Damos mais importância a vocês que a dirigentes! Temos mais gratidão por vocês do que vocês por nós.” Ele arregalou os olhos com surpresa, como se nunca tivesse pensado ou visualizado daquela maneira.

Fato é que esse cenário, essa certeza de que seu sonho só será possível e realizável se segurar nas mãos de um empresário coloca a instituição num patamar degradante. A gratidão que antes se tinha pelo clube, e hoje em dia, quando há, só se conquista com o tempo, foi redirecionada para esse terceiro.

Com isso, o ter “amor à camisa” como de praxe se restringiu ao torcedor. Hoje, vale mesmo, para o atleta, “o amor ao empresário”. Por isso, tricolores, não sofram por jogador algum. Por mais que Gustavo Scarpa seja um querido e nosso melhor jogador, não vai adiantar: ele será negociado.

Nos resta, ainda bem, ao menos isso, abraçar o principal: o Fluminense. Com os dirigentes que for! Porque só assim ele se manterá grande. Grande, não: ENORME!

::TOQUES RÁPIDOS::

– Alerta: não deixe seu filho ou algum parente ir fazer teste num clube (qualquer clube) sem indicação de algum agente. Ele não será visto nem passará, mesmo se fizer chover, e sofrerá tremendo baque emocional desnecessariamente.

– E VENCEMOS! Após duas atuações vergonhosas, diante do Bota e da Ferroviária, em São Paulo, Levir soube dar ao time “espírito ofensivo”. Para o espírito de araque não voltar a nos assombrar, é necessário manter sempre a característica do trio ofensivo que respalde o Fred e, claro, evidente, a marcação alta.

Não dá para quebrar isso com só 15 minutos do segundo tempo, colocando o segundo volante avançado, jogador com outra cadência, Gérson, nesse trio.

Sábado, diante do Santa Cruz, é ser o Fluminense de domingo. E que saia o gol do Richarlison!

Mas, para o decorrer do campeonato, reforços urgem.

– Não é nada demais pedir que Maranhão, se confirmado, consiga errar menor quantidade de jogadas que Osvaldo e Marcos Jr, não é? É só o que peço.

Abraços.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @CrysBrunoFlu

Imagem:ysb

5 Comments

  1. Muito triste, mas quem não sabia ou desconfiava desse tipo de coisa, sempre houve boatos sobre inclusive participação de dirigentes “não remunerados” nesses salários, isso lembra um certo advogado de porta de cadeia e que gosta MUITO de charutos, que enriqueceu sendo dirigente “não remunerado”.

    Ainda existem bobos no futebol, e somos nós torcedores, bobos e apaixonados.

    ST

  2. Triste mesmo, mas já sabemos ou pelo menos desconfiamos disso….só não queremos acreditar.
    E digo mais, não me surpreenderia se os dirigentes dividissem uma boa fatia desses salários milionários. Ou dirigente que entra no clube duro e sai com bolso cheio é pq trabalhou de graça….vc acredita em dirigente não remunerado?

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