Em nome do pai (por Paulo-Roberto Andel)

Em 120 anos, o Fluminense tem muitas e muitas histórias de pais e filhos. Imaginem o que vem desde os tempos dos matches na rua Guanabara.

Pai e filho. E filha. Atualmente são muitas filhas, já que a nossa torcida dispõe de grande população feminina.

Pai e filho nas imortais arquibancadas das Laranjeiras para ver um simples treino ou jogo de juvenis. Ou ainda só espiar o gramado que fez do futebol brasileiro o pentacampeão mundial.

Pais e filhos na inesquecível geral, humildes, de mãos dadas, loucos para ver um toquinho de corrida de Telê ou um lançamento geométrico de Didi.

Na arquibancada, abraçados e emocionados com a garra de Denilson e o grande time multicampeão do fim dos anos 1960. A família se emocionando com Félix, Samarone, Flávio, Lula. E muito mais pelos anos seguintes, da Máquina Tricolor a German Cano.

Pais e filhos pegando trens, perseguindo o Fluminense pelos campos suburbanos ou vindo de bem longe, longe, pelo amor ao Fluminense – coisa que traficantes de jogadores nunca vão entender.

Pai e filho brincando de bola tricolor na praia de Copacabana, de balão tricolor na Quinta da Boa Vista, de pipa tricolor em Realengo.

Gente pobre e rica, de todos os jeitos, cores e crenças, unida pela loucura de encontrar o Fluminense uma, duas ou até três vezes por semana e se calar, como quem se desconcerta ao rever o grande amor, tal como na lição poética de Chico Buarque – filhos, pais e avôs tricolores.

Como o tempo não para, aí estão os pais encaminhando jovens tricolores. Aqui mesmo no PANORAMA temos vários. Uma alegria enorme.

Ah, os pais que se foram! Meu pai não leu nada além de uma ou outra crônica minha, não pude tê-lo em nenhum lançamento. Não se pode ganhar todas. Entre 1974 e 1981, fomos muito felizes torcendo juntos pelo Flu. Foi bom demais, pena que acabou tão rápido.

Que seja um bom dia para todos os pais, mesmo num mundo tão doído e injusto. Que os tricolores fiquem ainda mais felizes depois do jogo contra o Inter. Tão felizes como a família da foto que encerra esta coluna, cujo avô e pai é simplesmente o maior zagueiro da nossa história.