O mundo encantado de Mário Egypto (por Aloisio Senra)

Tricolores de sangue grená, eu podia estar matando, eu podia estar roubando, mas estou aqui para cometer um crime muito pior (aos olhos das márionetes): fazer uma análise crítica da coletiva de Mário Egypto. Também conhecido como Pequeno Príncipe, Pavão, Pavestruz e Mário Abad-Siemsen, o atual presidente do Fluminense, que provavelmente um dia terá capa na Forbes (pff) contando sua trajetória desde que era estagiário do clube, verdadeiro “case” de sucesso da meritocracia, encheu os ouvidos da torcida com um monte de balelas e algumas pérolas durante quase duas horas para tentar erguer uma cortina de fumaça que nublasse os fracassos recentes do time. Como obviamente não tive tempo para assistir à coletiva, vou comentar as principais declarações do mandatário, que qualquer um pode encontrar em quase qualquer site que noticie o Fluminense. Vou abordar os principais tópicos, um por um, a seguir.

Voto online

Até agora, o que a gestão fez foi contratar empresas para analisar a viabilidade e jogar a responsabilidade de aprová-la para o Conselho Deliberativo. Ora, não se ficou sabendo disso ontem. Se o argumento dele é verdadeiro, obviamente já se sabia que ele dependia do CDel para aprovar essa mudança no estatuto do clube quando fez sua campanha para presidente. Logo, se não tinha CERTEZA que poderia implementá-la, a tal “bandeira” só serviu pra engordar o folheto. Agora, pensando bem… Mário não ganhou a eleição de capote? A maioria do CDel não é composta por seus apoiadores? Como ainda não conseguiu aprovar essa mudança no estatuto?

Desempenho do futebol no clube e gestão de elenco

Repetiu a ladainha dos R$ 700 milhões em dívidas, de que vai demorar muitos anos para reconstruir o Fluminense, que já pagou mais de R$ 150 milhões dessa dívida (que estranhamente só cresce) yadayadayada… já ouvimos isso antes. Enquanto isso, nossos rivais arrumam investidores fortes e ganham todos os títulos. Mascarar sua incompetência para resolver os problemas usando os próprios problemas como argumentos é algo recorrente. Ah, e falou da Série C pra justificar que o momento atual é bom. Sim.

Relação do Fluminense com Eduardo Uram e o negócio por Caio Paulista

Usou o exemplo de Cuca e Guilherme Arana (falou que tentou esse, mas não conseguiu por condições financeiras, embora sem dar detalhes), que são empresariados por Uram, mas não explicou porque em vez deles, nós fechamos com Roger Machado e Danilo Barcelos, por exemplo. Cada vez mais a expressão “os valores assustam” se torna recorrente quando vamos negociar com jogadores que chegariam para resolver, mas achamos legal pagar centenas de milhares de reais para vários perebas no elenco. Sobre Caio Paulista tentou meter um migué de “promessa feita pra mãe” (me lembrou a promessa feita por ele a Hudson, como se isso tivesse peso no meio do futebol), e tentou justificar a inexistência da opção de compra porque não pagamos pelo empréstimo. Ou seja, um péssimo negócio. Faltou explicar por que diabos aceitaram pagar um valor tão elevado por 50% de um jogador que, até agora, não mostrou ter esse valor de mercado (“nossa equipe interna avaliou que valia a pena investir” não cola pra mim), mas é Tombense, Uram… sabe como é né? Não precisa fazer sentido.

Roger Machado

As frases “Odair fez um grande trabalho” e “tivemos receio de perder Roger SE desse certo” já mostram o erro ridículo de planejamento. Roger não teve grandes trabalhos a ponto de merecer dois anos de contrato, e estava no mercado há vários meses, não foi como se tivéssemos vencido uma disputa com algum outro clube. Só mais uma mostra da incompetência da gestão.

Renovação automática de Wellington

“O atleta foi um pedido da comissão técnica que aqui estava, não é uma crítica, porque ele vem contribuindo conosco. Mas os torcedores precisam entender que dentro das contratações, tem a opinião do departamento de scout, do diretor-executivo, do treinador que está no momento, da comissão permanente…“ – o que não quer dizer porríssima nenhuma se toda essa galera aí estiver completamente ERRADA.

Qualquer cego vê que Wellington não é jogador para o Fluminense. Nem fazer a porra da mea culpa o cara faz. Aí vem meter essa de que não sabe, de cabeça, se o jogador atingiu o tal percentual para renovação automática, sendo que há farto material nas mídias tricolores indicando que já o atingiu. Novamente, Mário Egypto acha que todo mundo é trouxa.

Extensão do contrato de Matheus Ferraz

6Z = 5Z
5Z = 4Z
4Z = 0

Logo, para Mário Egypto, não temos zagueiros (basta resolver o sistema de equação do primeiro grau acima). Essa foi melhor que a do Abel, de que tínhamos zagueiros para seis anos tendo nomes como Elivélton à nossa disposição. Acho que Mário Abad-Siemsen se esqueceu de Luan Freitas e Higor, dois ótimos zagueiros que, por conta desse tipo de lógica matemática bizarra, não conseguem sequer uma chance.

Avaliação do time do Fluminense

Temos um time competitivo que não foi montado para ganhar títulos. Nosso objetivo é voltar à Libertadores, não o de ser campeão brasileiro enquanto houver possibilidades matemáticas. Em resumo, foi o que ele disse. E não foi um jornalista esportivo dando opinião, foi o PRESIDENTE do clube. Durmam com essa.

“Cabeça erguida” e dez anos sem títulos

Vou ter que concordar com a troça feita por Magno Navarro. Estamos há nove anos saindo de cabeça erguida de TODAS as competições (fazendo uma menção à Primeira Liga como exceção, que, como ele mesmo disse, nem foi na gestão dele). A cabeça tá tão erguida que já deu torcicolo. Prefiro erguer um troféu sobre a cabeça.

Função de Paulo Angioni no clube

O cara chega às 7h da manhã no clube, rs. Não é à toa que vira e mexe dorme no meio dos jogos. Se o cara trabalha tanto e ainda consegue cometer tantos erros, já está meio claro que não é falta de trabalho e sim de competência. A opção de Paulo Angioni não falar com a imprensa não é discrição, é pra evitar questionamentos, já que nem todo mundo tem a lábia do Pavão. A melhor de todas foi “o Paulo gera muita estabilidade”. Amigo, dá pra ficar em situação estável estando numa UTI. Isso não quer dizer porra nenhuma. Por último, Aníbal Rouxinol negocia os contratos e Paulo Angioni discute as renovações. Acho que passou da hora dessa dupla explicar algumas coisas.

Fabio Egypto

A grande razão para a nova alcunha do Pequeno Príncipe, esse assunto já foi abordado pela genial coluna do mais genial ainda Paulo-Roberto Andel. Você pode lê-la aqui no Panorama Tricolor.

Volta do público aos estádios e novo programa de sócio-torcedor.

Se o Pavão tivesse lido o chat da FluTV durante a coletiva, começaria a temer essa volta rs. O que fizeram com o Abad foi fichinha perto do que está sendo acumulado pela torcida sem ir tanto tempo a um estádio. Por fim, falou em “privilegiar os sócios que ficaram pagando durante todo esse tempo” (como eu), mas sem dizer de modo objetivo como fará isso. Se até agora não ganhei nem um bottom do Fluminense, imagine depois.

Reforma das Laranjeiras

Taí o grande golpe rs. Ficou todo esse tempo enrolando e agora não conseguirá começar a reforma antes de janeiro de 2023… ops, mas o mandato acaba em dezembro de 2022 e… bem, já entenderam onde ele quer chegar né? Reforma das Laranjeiras novamente no folheto de campanha.

Renovações de contrato e liberações de Metinho e Kayky

Enrolou sobre as renovações, não dando nenhuma resposta objetiva e voltou a falar na “relação boa” com o Grupo City. Justificou o baixo rendimento de Kayky para liberá-lo precocemente para a Inglaterra, enquanto justificou a liberação de Metinho pelo fato de já haver André (que ele quase emprestou pro Botafogo) e Martinelli na posição. Ao mesmo tempo, contratou Wellington e Nonato, e renovou com Hudson rs. Isso ele não explica, é claro.

Outros assuntos

Sobre dívidas com a FIFA, ato trabalhista, CNDs e Esportes Olímpicos prefiro não comentar, já que não tenho arcabouço técnico para opinar sobre. Mas o tom do discurso continua o do coitadismo, como se, sendo um advogado que cresceu no clube e se desenvolveu nele, não soubesse de nada disso.

Basicamente o que se tira dessa coletiva é… nada. Ou, ao menos, nada de positivo. Mário Egypto assume uma postura de austeridade financeira enquanto torra R$ 8 milhões por 50% de um jogador que esteve pra ser dispensado ano passado, paga salários astronômicos para reservas e mantém uma política de scout baseada em empresários parceiros. Fala de competitividade, não de disputar títulos, aceitando uma continuada coadjuvância do Fluminense Football Club que não se pode aceitar em sua gloriosa história. Não estarmos disputando para não cair é tão obrigatório quanto estarmos disputando títulos. Não existe esse meio-termo que querem inventar, como se fosse possível aceitar o Fluminense sendo um time médio durante uma década. Enquanto Mário Egypto defender que na Álvaro Chaves se tenha um Fluham, continuará sendo denunciado e contestado neste espaço, enquanto eu puder continuar escrevendo nele, doa a quem doer.

Curtas:

– Sim, poderíamos ter conseguido a vaga para a semifinal da Copa do Brasil porque futebol é imprevisível, e só. Em momento algum fomos superiores ao nosso adversário, e isso já diz o bastante. A escalação inicial de Marcão, com Wellington titular, mantendo três volantes quando precisávamos vencer para nos classificarmos nos eliminou precocemente, mesmo antes de a partida da volta começar.

– Achei interessante que ninguém tenha perguntado na coletiva sobre se há o planejamento para se contratar outro técnico ano que vem. Enquanto não tivermos investimento adequado, nossa melhor chance de ganhar alguma coisa será no mata-mata, e Marcão já mostrou que não é o técnico ideal para esse formato de competição.

– O foco agora é o Brasileiro e, mesmo que Mário Egypto insista que nosso objetivo é a Libertadores, nós, torcedores, temos que cobrar a busca pelo título até que se esgotem todas as possibilidades. É o mínimo a ser feito. E podemos começar com três vitórias nos próximos três jogos, todas bem factíveis se não tivermos que aturar mais Wellington (e alguns outros) em campo.

– Palpite para a próximas partida: Cuiabá 0 x 2 Fluminense.

2 Comments

  1. É como eu disse na minha página sobre o Flu no Facebook,a FLUMINENSE – PARA SEMPRE TRICOLOR: lá dentro o que temos é o ressurgimento do nazismo,com muitas coisas desconversadas,omitidas e ainda mais coisas que Mário Hitler acha “proibido” tratar.
    Mário Bittencourt interpreta Adolf Hitler; Paulo Angioni,com todo o sentido do mundo,faz perfeitamente o papel de Wilhelm Keitel (Marechal de Campo “promovido” a conselheiro militar de Hitler pouco antes do início da Guerra); e Eduardo Uram é o novo Josef Mengele.
    A diferença é que as vítimas desses três são a inteligência,a opinião e o…

  2. Já virou tradiçao vomitarem bobagens pra torcida tricolor. José Gil Carneiro de Mendonça falou “é lamentável que o Flu tenha futebol no nome”. Abelão falou ser melhor empatar sem gols aqui, que ganhar de 2 x 1 e empatamos aqui e perdemos por um gol fora e dançamos do mesmo jeito. Agora o MB, cara de pau com essas coletivas ridículas. Pelo jeito nosso ouvido virou penico.

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