Assis na arquibancada, Egídio no campo… (por Paulo-Roberto Andel)

Passado o jogo deste sábado, o Fluminense revira sua chave e aponta suas baterias para a classificação à fase final da Libertadores na próxima terça.

O Fla x Flu deixa novas lições que Roger pode ou não querer ou absorver. Nunca é tarde para se aprender qualquer coisa, exceto para os arrogantes, e nem de longe parece a postura do nosso treinador, por mais que as críticas sejam justas.

Sobre o pós-jogo, fica mais uma vez comprovado como é frágil o protocolo em se tratando de futebol profissional no Brasil. O rival pôs sua camarilha convidada, sem cuidados, a mero troco de ter uma torcida clandestina com o argumento frouxo de convites. Uma postura ridícula mas não inesperada, que deve piorar no próximo sábado ao ter o time rubro-negro como mandante.

A respeito de arbitragem, o titular já tinha atuado mal nas semifinais e, como punição, foi escalado para o primeiro jogo da decisão. Em qualquer setor de atividade profissional, seria algo inaceitável, mas no futebol carioca é celebrado.

A respeito das lições que podem ser úteis para Roger, até quando o Fluminense será refém das escalações de Nenê e Egídio como titulares absolutos? Além de travar o meio e desfalcar a velocidade das ações ofensivas, ainda obriga os atacantes mais jovens a correrem feito loucos não para a frente, mas para trás. Há quem ache que a modernidade do futebol obriga os atacantes a serem marcadores de laterais, mas a história mostra que o papel principal está no ataque, marcando gols ou dando passes.

Já escrevi aqui muitas vezes a respeito de Egídio. Nenhuma delas para depreciá-lo como pessoa mas analisando suas atuações. Jogador contestado que deixou grandes clubes sempre depois de temporadas fracassadas, de repente virou solução do Fluminense e, a seu favor, ganhou recortes oportunistas de dados travestidos de estatística pontual: “é o melhor do campeonato”, “é o melhor do ano”, sem que se avaliasse tais dados em comparação com sua década e meia de carreira. Possui uma qualidade comprovada, que é o cruzamento. Aos trinta e tantos anos, é um jogador financeiramente consagrado, mas longe disso quanto ao reconhecimento da carreira.

Ontem, ao cometer o pênalti ridículo e destemperado, Egídio fez os tricolores irem à loucura, como se já não bastasse a paçoca entregue no ano passado. Menos mal que ainda era o primeiro jogo e tudo está em aberto, mas poderia ter sido muito pior. E enquanto o fato bizarro acontecia em campo, a serena estampa de Assis acompanhava tudo no mosaico. O camisa 10 tricampeão dos anos 1980 foi o único jogador da história dos Maracanãs, o velho e o novo, a impor dois fracassos ao rival da Gávea em dois anos consecutivos, 1983 e 1984. Torço, sinceramente, para que Egídio não se confirme como o único entregador de paçoca tricolor em duas finais seguidas do Campeonato Carioca. Felizmente, sua nova barbeiragem não significou o adeus ao título.

Quanto a Nenê, pode ser usado com inteligência em situações a cada jogo. Ontem, pela primeira vez, saiu rápido de campo. É preciso inteligência, mais inteligência, e menos cultos à personalidade. É um grande jogador, pode ser útil mas isso não lhe dá titularidade vitalícia ou, ao menos, não deveria dar.

Na próxima semana, um empate e uma vitória por 1 a 0, na sequência, respectivamente garantem o Fluminense na fase final da Copa Libertadores e quebram o jejum de quase nove anos sem conquistas relevantes. Um pouco de lucidez pode ajudar nesse caminho. De preferência, sem o faniquito de poupar, poupar, poupar. São decisões, hora de entrega e não de economia. Aliás, de tanta preocupação com poupar jogadores em situações até desnecessárias, o Fluminense acabou poupando também o bom futebol. É preciso começar a gastá-lo.

1 Comments

  1. Nenê nunca foi um grande jogador, foi no máximo um profissional mediano que a muito tempo já deveria ter desistido do futebol. Não dá para levar a sério um jogador de 40 anos no futebol moderno de hoje.

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