Editorial – Um factoide sobre o Estádio das Laranjeiras

Há tempos, o Estádio das Laranjeiras tem sido marginalizado pelas sucessivas gestões tricolores, seja por promessas descumpridas, seja por descaso com a centenária instalação que forjou a história da Seleção Brasileira e, por conseguinte, do nosso futebol.

Ao largo, passam factoides como o da construção de um “estádio raiz” para 40 mil pessoas na Barra da Tijuca, louvado inclusive pelo ex-presidente Pedro Abad. E por que seria um factoide? Simples: por não haver a fonte de financiamento. Também passam projetos bastante sérios, tais como o do grupo Laranjeiras XXI por exemplo, baseado em profissionalismo e conhecimento técnico. Enquanto nada se fez, o Fluminense virou um andarilho por vários anos enquanto ficou sem o Maracanã, passando pelo Nilton Santos, por Volta Redonda e desaguando em Edson Passos, a ponto de guardiões de gestão fazerem campanha nas redes sociais de que seria melhor alugar o estádio do America do que cuidar do Manoel Schwartz.

Sustentado politicamente por grupos que parecem odiar o Estádio das Laranjeiras com todas as forças, o atual presidente primeiro abraçou a reutilização da casa até sua eleição. Uma vez empossado, minimizou a questão publicamente, utilizando até o risível argumento de que a performance de pontuação tricolor em seu próprio estádio era pífia, desmentido também publicamente pela Estatística. E depois de desprezar o projeto Laranjeiras XXI, acaba de informar a contratação de uma empresa para avaliar a viabilidade técnica do estádio hoje, com a capacidade para 7.000 pessoas, número que inclusive impede sua utilização em algumas competições que o Fluminense possa vir a disputar.

Anos atrás, corria a história de que a arquibancada das Laranjeiras estava condenada, tendo como narrador Peter Siemsen, um conhecido adversário da verdade. Nunca se viu publicamente o laudo condenatório nem o titular da assinatura, numa história parecida com o famoso contrato sigiloso com o Maracanã.

Talvez a intenção do atual presidente seja até boa, mas o fato é que o anúncio do estudo de viabilidade, sucedendo uma série de ataques do próprio presidente ao retrofit das Laranjeiras, deixa a péssima impressão de que o objetivo é correr para não chegar. Cumpre-se em tese a promessa de campanha e, caso o laudo vete a viabilidade, o assunto morre e o centenário estádio continua abandonado, atendendo aos anseios de velhas matilhas da política tricolor.

Por isso mesmo, e levando-se em conta a conhecida e crônica dificuldade do Fluminense em lidar com a transparência de processos, os sócios e torcedores engajados na recuperação do Manoel Schwartz terão todo o direito de questionar e até contestar um eventual laudo condenatório que venha a ser emitido pela empresa a ser contratada. Afinal, como se deu essa escolha? Quem avaliou as questões técnicas com a devida habilitação?

Definitivamente, é hora do presidente entender que em 2019 foi eleito e não coroado. Que os homens passam e o Fluminense fica. E que nem a torcida tricolor, nem o rol de sócios do clube, se limita aos seus admiradores e até bajuladores. Não está acima do Fluminense, nem estará.

2 Comments

  1. Necessária a união de todas correntes exclusivamente pró FLUMINENSE! Receio de que cheguemos a um ponto sem volta. Concordo com o editorial! Precisamos agir, ampliar a discussão e não permitir passivamente a destruição daquilo que une milhões…..Vamos pra Cima!!!

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