Editorial – Avestruz não é pavão

DINIZ TEM CULPA, MAS NÃO É O ÚNICO: O REGIME É PRESIDENCIAL (OU AVESTRUZ NÃO É PAVÃO)

NUNCA FOMOS TÃO TRICOLORES

No segundo tempo deste sábado, a TV captou em alguns momentos a imagem de Thiago Silva no camarote do Maracanã. Ora cabisbaixo, ora com a mão no queixo, até mesmo um dos maiores zagueiros do mundo se preocupou com sua nova empreitada.

Na arquibancada, uma faixa pedia honradez aos jogadores.

Mais tarde, na coletiva atabalhoada de sempre, alternando ruídos balbuciados com auto exaltação, respostas evasivas e grosseria, curiosamente num momento Fernando Diniz tomou para si toda a responsabilidade pelo péssimo semestre do Fluminense.

Não há dúvidas de que o treinador é um dos responsáveis pela implosão tricolor. Sua insistência com um sistema falido e cheio de ex-jogadores em atividade, afora a incapacidade de propor alternativas, mostra resultados pífios neste 2024. É ele que em tese escala, alterna e muda a equipe.

Em campo, os jogadores também são responsáveis pelo desastre, que vai de gente que não corre porque não consegue a gente que parece correr para não chegar.

Curioso é que, na pauta de influencers, parajornalistas, exóticos animadores de vídeo e porta-faixas, todos muito sensíveis e generosos à atual gestão (com recíproca), Diniz foi imediatamente jogado à cova dos leões de forma unânime. Pelo visto, o excesso de sensibilidade apagou das memórias alguns nomes diretamente ligados ao que acontece dentro de campo. Seria um lapso coletivo de memória inconsciente ou conveniente? Ou injustiça? Ou covardia?

Relembremos alguns. Uram. Francis. Bertolucci. Angioni. Fred.

Mário.

Todos eles estão diretamente relacionados ao momento atual, assim como estiveram na conquista da Libertadores. O que não dá é para louvá-los nas vitórias e fazer cara de paisagem nas derrotas.

O próprio presidente do clube, apelidado por muitos como o “pavão”, por motivos justos, tem se inspirado em outro animal nas derrotas: o avestruz, simpático bípede que costuma enterrar a cabeça no chão para se esconder. Só não pode dar zebra…

Uma coisa é certa: o regime do Fluminense é presidencialista. Portanto, não há pano passado por influencer que alivie a culpa do mandatário e de sua trupe no cenário presente tricolor.

Não tem como disfarçar nem pintando a barba.