Direto da final da Copa (por Marcus Vinicius Caldeira)

maraca purpura

Existem momentos que valem toda uma vida. Estes momentos devem ser curtidos a cada segundo e minuto; depois, ficarão em nossa memória e nosso espírito para o resto de nossa existência. Pois bem, ontem vivi um desses momentos.

Para um fanático pelo futebol como eu – embora eu seja mais fanático pelo Fluminense que pelo futebol em si –, estar presente no estádio em uma final de Copa do Mundo é algo espetacular, inimaginável. Estar numa final de Copa do Mundo no seu país, na cidade em que você mora e ama, então… Ainda mais quando você não se planejou para isso e recebe um telefonema de amigo oferecendo um ingresso após a desistência de uma pessoa. Megasena total. Uma sorte sem fim.

Só para constar: na porta do estádio tinha argentino oferecendo quatro mil reais por um ingresso. Mas eu afirmo: não o venderia nem por um milhão de dólares. Fora de brincadeira.

Nos arredores do Maracanã, o clima de final de Copa do Mundo é absolutamente fantástico. Gente de toda parte do mundo, nunca clima de festa, paixão e loucura que só o futebol pode proporcionar. Os argentinos eram em maior número e cantavam mais. Os alemães, no entanto, não ficavam atrás no quesito empolgação.

Depois de passar pela primeira barreira com portão detector de metal igual a de aeroporto, fui parar na área comum onde tinha as barracas de bebidas, um ambiente com DJ, enfim, uma festa. Encontrei com dois tricolores e fiquei ali bebendo com eles e cantando músicas do Fluminense. Representamos bem nossa torcida.

Após beber dois copões de cerveja, finalmente entrei para os setores das arquibancadas. Aí me dei conta que estava de fato numa final de Copa do Mundo.

No setor onde fiquei estava localizada a torcida alemã. Fiquei no meio deles. A localização era atrás do gol onde saiu o gol do título. E eu que fui disposto a torcer pela Argentina por conta da nossa latinidade, me vi no final comemorando o gol dos caras e cantando com eles. E creiam: eles cantam muito o tempo todo. Tem músicas para todos os jogadores. E os caras bebem. E como bebem.

Apesar de estar no meio dos alemães, ao meu lado esquerdo estava um pai e filho brasileiros. O garotinho com a camisa do Messi. Do meu lado direito, dois venezuelanos. Porguntei o que eles achavam do Chávez e Maduro. Fizeram um sinal de enforcamento e percebi logo que eram reaças e nem dei trela para ambos.

O jogo para quem estava na arquibancada era movimentado e um pouco truncado. Mas não tenho como fazer uma análise do jogo. Estava curtindo aquele momento. Vi o Higuaín perder um gol que não se perde. Vi a Argentina ter um gol anulado. Vi as arrancadas de Messi. Uma bola na trave a favor da Alemanha. Palacio perder um gol na prorrogação. Vi o golaço dos alemães na minha frente onde, após a matada no peito, o toque certeiro na saída do goleiro, que tentou ir pro abafa. E vi Messi ter uma falta no finalzinho e chutar para longe.

Por fim, vi os alemães celebrarem o apito final e consequentemente a conquista da quarta copa dos germânicos. E eles comemoraram muito. São simpáticos, gente boa demais. Aquele estereótipo do alemão sisudo, carrancudo não existe. Pelo menos, não existiu no Maracanã, ontem.

Eles comemoraram muito. Pediam para tirar fotos com suas máquinas. E cantavam sem parar: “Ole, ole, ole, ole… Super Deutscheland, Super Deutscheland… Ole, ole, ole”! Acho que era isso. Risos.

Depois, um foguetório imenso para celebrar o fim da Copa do Mundo, o que me lembrou muito a final da Libertadores de 2008. Dilma entregou a taça e meia dúzia ainda tentou xingar a presidente, mas era tão minoria que nem ecoou. E a festa alemã não parava enquanto os argentinos deixavam o estádio, tristes. Eles também mereciam o título, mas apenas um pode ser campeão.

Foi um campeonato justo. De fato, o time de Neuer, Ozil, Moller e companhia é mais time e foi o melhor durante toda a Copa. Messi, embora tenha levado a Bola de Ouro como o melhor da Copa, não foi decisivo na final.

Foi um belo desfecho para uma Copa do Mundo fantástica. E eu fui um dos setenta e quatro mil e tantos privilegiados que estiveram no estádio. Repito: é uma sensação indescritível.

A UERJ me deu formação, a mulher da minha vida, bons amigos e a oportunidade de poder estar presente na final da Copa do Mundo do Brasil; afinal foi um amigo de faculdade que me conseguiu o ingresso.

Deverei a ele por toda minha vida este momento. Tudo o que eu fizer não vai pagar esse presente.

Muito obrigado, meu amigo.

Muito obrigado, vida.

Viva o futebol.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @mvinicaldeira

Imagem: pra

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1 Comments

  1. Perdoe-me Marcus,mas reacionário é quem defende o Maduro,a Dilma e outros afins.
    Prefiro a Angela Merkel,oriunda da Alemanha oriental,mas que soube se reciclar e hoje governa uma potência na economia e nos esportes,apesar de saírem destroçados da segunda guerra mundial.
    É nela quem devemos nos mirar e tentar aprender.
    ST

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