O medo do “efeito Diniz 2019” (por Aloísio Senra)

Tricolores de sangue grená, causa-me um pouco de tristeza a insensatez de parte da nossa torcida diante dos revezes recentes, tanto no clássico com exibição de gala do goleiro adversário quanto na partida de pólo aquático disputada em Caxias do Sul. Aparentemente, o medo do “efeito Diniz 2019” voltou com tudo, já assombrando os incautos com um possível rebaixamento com menos de 1/3 da competição disputada.

É claro, é compreensível a aversão que qualquer tricolor tenha à palavra “rebaixamento”, por tudo o que já vivemos. Eu era adolescente durante os anos de chumbo do Fluminense, então entendo perfeitamente que lutar contra o rebaixamento não pode jamais ser o resumo dos nossos anos futebolísticos – em que pese muitos já terem sido assim. Mas a questão aqui é clara: não estamos lutando contra o rebaixamento. Mesmo se porventura (bate na madeira) vier um revés que nenhum de nós quer contra o Galo, continuaremos a não lutar para não cair.

É preciso entender que em 2019 havia vários componentes para o azar de Diniz. O time não era bom, a arbitragem foi nefasta em algumas partidas e o próprio treinador era extremamente teimoso e inexperiente, não conseguindo neutralizar o problema dos contra-ataques que desmontavam a defesa do Flu. Hoje não é bem assim. Os gols que tomamos no clássico não foram com a zaga exposta, tiveram a ver com a qualidade do ataque adversário e erros individuais nossos, ou seja, não tiveram relação com a tática ou o modelo de jogo adotados.

Isso quer dizer que absolvo o Diniz? Não. Cometeu erros no clássico e segue insistindo com alguns deles. Wellington é o mais flagrante, mas Caio Paulista vem na sequência, improvisação de Yago em mil posições… enfim, claro que o treinador tem seus deméritos e deve ser cobrado, mas o trabalho, ao menos até o momento, está longe de ser péssimo. O time é melhor do que a maioria dos times do Brasileirão, mesmo não sendo excelente.

Para os desesperados de plantão, um alento: estamos em ano de eleição. Mário não vai “morrer abraçado com o Diniz”. Se realmente o barco fizer água, podem ter certeza que ele não vai durar (e aí o desespero pra saber quem será o substituto pode começar). Vamos cobrar com consciência, sem descontrole e sem apelar para causas sobrenaturais para os insucessos. Está muito cedo para começar uma caça às bruxas. Diniz perdeu duas partidas, um clássico e uma em que não se praticou futebol. O técnico ainda tem crédito. É uma merda perder seis pontos, mas é pior ainda perder a lucidez.

Curtas:

– Cada um vê o Fluminense que mais lhe apetece nos momentos de crise. Eu me apego ao de 2009. Há quem prefira o de 1998. Ninguém tem o direito de dizer a ninguém como torcer, mas se o ato de torcer só lhe traz amargura, é bom repensá-lo, tricolor.

– Mais uma nota oficial que serve para imprimir e limpar a bunda, pra variar. Defesa institucional zero. Quando se tem a chance de fazer o certo e peitar a CBF de verdade, Mário sempre arrega. Que as urnas estejam vendo isso.

– A diretoria sabe que vamos perder o Luiz Henrique e, em vez de manter o Michel Araújo (que voltou de empréstimo), que seria uma reposição razoável, quer vendê-lo? Não estava com a dívida equacionada e salários em dia, Mário?

– Palpites para as próximas partidas: Fluminense 1 x 0 Atlético-MG, Fluminense 3 x 1 Atlético-GO.