Diniz e o espelho de Dorian Gray (por Manoel Stone)

Reafirmo que não sou nada mais nada menos que um torcedor, daqueles que nunca deu dois treinos e nem assina os cheques, mas quero dizer também que não trato com “panos” (tecidos), seja por cima ou por debaixo deles.

Meu negócio é ver o meu clube glorioso, no mínimo mostrando um bom futebol, e nos dando uma ponta de orgulho, seja qual for o resultado no campo.

Não sou hipócrita de querer igualar resultados negativos aos positivos. É claro que as vitórias me enchem de orgulho, mas se o mostrado em campo valer a pena, até nas adversidades o coração tem um alento e dorme quentinho e batendo muito mais suave. Não estou vendo isso e já me preocupava ano passado, pois sabia que neste ano o elenco do Fluminense estaria um ano mais velho, e logo com menos capacidade física. Este é nosso tendão de Aquiles: temos jogadores de muita técnica, mas fisicamente deixamos muito a desejar. Um ano a mais de idade e um ano a menos de agilidade, velocidade e mesmo a capacidade técnica que depois de a idade chegar, cai a cada dia que passa, pois apesar de cérebros geniais, as ordens vindas dele não conseguem mais ser executadas por músculos e ossos (articulações) cansados.

Isso é científico, e nem adianta pensar em falar sobre um ou outro jogador que segue atuando sem cair ainda, pois a idade começa a cobrar em idades diferentes para cada atleta. Pode ser de dias, semanas, meses e até anos, mas que chega, ah, isso chega. Sem esquecer que muitos deles já ganharam tudo que puderam e eles mesmos sabem que não têm mais um corpo capaz de produzir o que seus cérebros demandam.

Para piorar, ao ver as contratações, vieram mais algumas peças entradas em anos, todos com muito passado e quase nenhum futuro.

Só para exemplificar vou citar um jogador muito bom, só que este baseou sempre sua performance no físico, receber a bola, gingar ante o adversário, dar um tapa na frente e na pura explosão muscular sair na frente e dar tchau para o defensor. Com a idade atual desse jogador terá ele ainda a capacidade de fazer isso? Até agora não fez. Será que ainda tem como isso voltar ou os anos passados já iniciaram sua inexorável cobrança?

Na verdade precisamos de atletas mais novos, com qualidade, sangue novo, mobilidade, velocidade.

Vieram alguns ainda com tempo de produzir, mas ao que parece não é sem razão que eram “oportunidades de mercado”, pois estão muito mal tratados e com seus corpos fragilizados, “quebrando” a todo momento, além de muitos não terem as características que encaixem no jogo até então posto em campo pelo “Professor”.

A pergunta então é: por que vieram?

Se a resposta for por estarem “baratos” eu não caio, pois aposto que nenhum deles custou pouco ao Fluminense. Aí entra a parte mencionada acima sobre os tecidos… Quem souber do que estou falando, tudo bem. Aos outros, fica a reflexão.

Ou o professor Diniz faz uma mágica, arranja um espelho semelhante ao de Dorian Gray para vários de nossos atualmente titulares, ou os substitui. Do jeito que está indo, nosso caminho será para baixo, e dando razão ao jornalista inglês que chamou o Fluminense de time de aposentados e que deixou tantos torcedores do Fluzão irritados.

O resultado da final do Mundial,e mesmo este início de ano estão mostrando que ele estava plenamente certo. Somos muito clubistas, e é assim mesmo que somos como torcedores que somos, pois “torcemos” a realidade, até por que essa é a essência de quem é apaixonado por um clube. A verdade a nosso desfavor não importa, só vale o que nos é favorável.

Enquanto isso vamos espalhando pelo mundo jogadores de nossa base, que podem não hoje os melhores jogadores do planeta, mas que se bem trabalhados pela equipe do Professor, quem sabe, poderiam ser novos Andrés. Esses têm ainda a crescer; já os “medalhões” só tendem a decair, escoando para seus finais de carreira. Como não sou jornalista e nunca treinei nenhum time, sou apenas um torcedor que já acompanhou muito futebol e viu muitas carreiras iniciarem, terem seu auge e seu fim.

Ainda assim, vamos lá Fluzão! Vamos até nosso limite, e espero que seja bem alto!