O tricolor num bom dia (por Heitor Teixeira)

“Bom dia, tricolor!”

Um privilégio ser recebido na escola todos os dias com essa saudação.

Normalmente o breve diálogo, que sucede ao cumprimento do grande Rogério, porteiro que me recebe no Colégio pH da Tijuca há quase seis anos, reflete a situação do nosso Fluminense dentro de campo e dessa vez não foi diferente. O recado dessa vez foi claro: “Hoje é pra ganhar bem, hein?”.

Esse foi o pensamento do dia todo: é pra ganhar e bem. Como em qualquer data de jogo, as aulas passaram mais devagar do que o normal.

A ansiedade para estar no Nilton Santos aumentava a cada conta na aula de matemática e a cada estação de Metrô na volta para casa.

Nem o sensacional jogo do gigante Real Madrid, com uma virada antológica, conseguiu tirar totalmente o foco do que realmente importava: era dia de ganhar bem.

Assim que o árbitro apitou o fim de jogo em Paris, partimos para o Estádio Nilton Santos e, por alguns momentos, estava de novo vivendo um dia como aqueles tantos de 2010 a 2012. Meu pai dirigindo, aquele mesmo caminho fugindo do trânsito, o estacionamento naquele posto sempre seguro, apesar das aparências e a entrada no estádio cedo, passando pelo mar de tricolores. Já lá dentro se juntaram a nós Mariana, amiga do peito e tricolor animada com a boa fase da equipe e seu pai, figuraça de arquibancada e torcedor fanático. Com o time completo fora de campo só faltava a bola rolar.

Após linda festa da torcida na recepção, o árbitro autorizou o começo do jogo e a equipe entrou num clima de Libertadores. Pressão alta, carrinho na lateral, torcida em cima e logo o primeiro gol: Germán Cano e seu incrível espírito matador levando o estádio todo a fazer o “L”. Após a pressão inicial, a partida parecia tranquila e estava distraído com a torcida quando vi Fábio quase pôr tudo a perder. Falha inaceitável e que derrubou o time até o final do primeiro tempo.

No intervalo, clima de apreensão, como voltaria o Fluminense para a segunda etapa? A resposta veio e em grande estilo: assim que Luiz Henrique recebeu pela direita o estádio parecia hipnotizado. Um, dois, três dribles e o chute no cantinho. Que golaço, festa total na arquibancada com abraços descontrolados e incrédulos com a pintura que acabara de anotar o craque da camisa 11 tricolor.

Alguns minutos depois, mais um ataque e de novo Cano causando outra explosão no Niltão, que jogador iluminado. Como um bom time de Abel Braga, agora com dois gols de vantagem, o sofrimento em nossos corações estava garantido para os minutos finais, mas nem a retranca exagerada conseguiu tirar o brilho da vitória.

No pós jogo, festa na saída com direito a FLU e hino cantado a plenos pulmões na descida da rampa. O dia parecia não ter como melhorar, mas uma última notícia boa ainda nos esperava: “o Vasco foi eliminado?” “Nenê perdeu o pênalti?”. Mais uma leva de sorrisos garantidos a todos nós e já os planos de como seria a zoação na escola no dia seguinte. Me despedi de minha amiga e segui de volta para casa tranquilo e com uma certeza: o Fluminense ganhou bem.

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