Deixemos o Diniz trabalhar! (por Aloísio Senra)

Tricolores de sangue grená, infelizmente minha previsão de duas vitórias nestas últimas partidas fez água. Dois empates, um com uma sensação de injustiça, por merecermos claramente a vitória, e outro que ficou de bom tamanho se considerarmos o exército de desfalques e algumas opções meio questionáveis do treinador que, diga-se de passagem, não tinha muito o que fazer de diferente. Talvez entrar com Frazan em vez de Yuri, não arriscar com Mascarenhas na lateral direita… mas a falta de peças faz com que, às vezes, o comandante à beira do campo precise fazer experimentos, o que creio ter sido o caso. A expulsão de Allan já na parte final do jogo contra a Chape também foi um fator a mais para comemorar o ponto conquistado fora de casa. Pegamos uma tabela bastante difícil até aqui, com muitos jogos fora de casa e dois clássicos e, pelo menos, conseguimos passar o intervalo até o recomeço do Brasileirão fora da zona de rebaixamento. O que não quer dizer que estamos satisfeitos.

É claro que, olhando somente para os resultados, não dá pra sorrir ou ficar feliz. Mas é preciso saber se vocês querem ver o copo meio cheio ou meio vazio. Se for para ver o copo meio vazio, faremos coro com o “Fora, Diniz”, afinal fomos eliminados pelo Cruzeiro na Copa do Brasil, passamos pelo Atlético Nacional da Colômbia, porém com derrota, temos duas vitórias e cinco derrotas no Brasileirão, estamos atrás do Vasco e não ganhamos há quatro jogos, ostentando ainda a pior defesa da competição. Já o copo meio cheio verá que fomos eliminados por um dos clubes mais fortes do Brasil hoje em dia, nos pênaltis, após dois empates, sendo um deles com um golaço de bicicleta de um sub-20 no último minuto. Se tivéssemos o Fábio, talvez a história fosse diferente. Na Copa Sul-Americana, eliminamos um dos times com mais camisa na América do Sul, aplicando uma sonora goleada no Maracanã, construída em um tempo de jogo.

No Brasileirão, nossas duas vitórias foram uma goleada acachapante no próprio Cruzeiro, e a outra num jogo épico contra o Grêmio, em que os derrotamos por 5 a 4 em sua arena, sendo este talvez o melhor jogo do campeonato até aqui. As muitas derrotas todas têm explicação plausível: contra o Goiás fomos garfados pela arbitragem, usando o VAR para nos prejudicar; contra o Santos, jogamos com equilíbrio e, se não fosse as falhas de Bruno Silva, talvez tivéssemos conseguido um resultado melhor; a derrota para o Botafogo foi uma das coisas mais injustas que já vi no futebol, com amplo domínio nosso, ótima atuação do goleiro deles, e com eles finalizando pouquíssimo e, mesmo assim, marcando o gol; a exibição contra o Bahia, já com os desfalques começando a nos incomodar, teve altos e baixos, mas também fomos prejudicados pela arbitragem; o jogo contra o CAP foi o de sempre: só vencem na grama sintética, e também estávamos muito desfalcados.

Dessa maneira, penso que merecíamos melhor sorte pelo menos contra Goiás e Botafogo, onde os três pontos deveriam ter vindo, e talvez empates com Santos e Bahia não teriam sido nada de mais. Se isso tivesse acontecido, hoje estaríamos com 16 pontos, possivelmente no G4, e não teríamos tanta gente pedindo a cabeça do treinador nas redes sociais. Tem faltado competência dos nossos finalizadores? Sim. Diniz às vezes tem inventado em algumas posições, escalações ou substituições? Também. Mas nada disso é tão relevante quanto a falta de sorte. Sem sorte, você não consegue sair de casa. Goleiros adversários têm realizado as exibições de suas vidas contra a gente, nossos atacantes têm perdido gols fáceis (né, Luciano?), fora a quantidade absurda de jogadores que hoje estão fora de combate. O DM anda lotado. Não há trabalho, por melhor que seja, que resista a tantas condições adversas. Se fosse outro técnico, estaríamos na lanterna. Graças à competência de Diniz, conseguimos oito pontos.

Penso que não podemos ainda julgar seu trabalho no Brasileirão. Na Copa do Brasil, não fomos mal. Poderíamos ter avançado, mas o destino não quis. Na Sula, vamos enfrentar o Peñarol e estamos com moral. A perda de peças, a arbitragem tendenciosa, o mau uso do VAR e a falta de pontaria dos nossos atacantes – aliada a ótimas atuações dos goleiros adversários – têm nos rendido resultados ruins na competição nacional. Mas o futebol praticado é, dentro das nossas limitações, vistoso. O time sempre busca o gol, sempre parte para o ataque, e claramente está bem treinado. Diniz recuperou jogadores que ano passado nos irritavam, transformou um jogador mediano em artilheiro e outro mediano em um ponta de destaque. Os outros clubes estão de olho nos nossos jogadores, e isso é mérito deles, mas também do esquema de jogo. Ou vocês têm dúvidas de que o Everaldo será reserva no Corinthians? Ou vocês acham que Luciano será titular em qualquer dos times interessados nele?

Então, meus amigos tricolores, tenhamos um pouco mais de paciência. Deixem o Diniz trabalhar. Isso não quer dizer que deixaremos de cobrar melhores resultados, é claro que não, mas pelo menos sejamos justos. Teremos o time (quase) completo após a Copa América. Pode ser que saia o Luciano (e, saindo ele, temos que buscar outro nome para a posição), e precisamos de uma reposição para Matheus Ferraz, que não joga mais esse ano. Não seria nada mau conseguirmos contratar um goleiro, seja ele Walter, do Corinthians, ou Vanderlei, do Santos. Acredito que esse período de treinos durante a Copa América será essencial para entrosar quem chegou depois, adaptar o estilo de jogo aos novos contratados e dar ritmo de trabalho aos que estavam lesionados e já estão prestes a retornar. Também servirá para Diniz definir com quem ele pode contar e quem deverá ser emprestado / dispensado. Os primeiros jogos no retorno ao Brasileiro nos mostrarão o verdadeiro Fluminense. Até lá, deixem o homem trabalhar!

Curtas:

– Essa merda de torneio de Toulon só serviu para lesionar o Pedro, mais nada. Espero que a nova diretoria reveja não apenas o contrato do João Pedro, mas também o que fazemos com nossos jovens jogadores no quesito “convocação”.

– A sequência que teremos no Brasileirão em julho é ótima para pontuarmos bem: Ceará (casa), Vasco (fora), São Paulo (casa) e Internacional (casa). No meio desses compromissos, ainda teremos os jogos contra o Peñarol na Sula, sendo um no Campeón del Siglo e outro no Maracanã. É o momento de aprovietarmos o mando e a torcida chegar junto.

– Mário e Celso precisam urgentemente vir a público se posicionar sobre a questão dos salários atrasados. As notícias sobre a insatisfação de Luciano, Yony, Rodolfo, Airton e Bruno Silva (e sabe-se-lá mais quem no elenco) não podem ficar sem resposta. Além disso, os funcionários do clube também precisam de um respaldo. A campanha política acabou, todos sabiam das condições em que encontrariam o clube. É hora de arregaçar as mangas.

– Esta coluna retorna em julho, falando sobre o confronto contra o Ceará, no Maracanã, pela 10ª rodada. Boa Copa América a todos e até lá.

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