De repente, um vazio (por Jorge Dantas)

Desde o jogo contra o Palmeiras venho sentindo um vazio de emoções em relação ao futebol.

Aquele jogo foi a final tricolor, o jogo que decidiu o título. Uma pena que aconteceu tão distante da torcida, num estádio patético, mal localizado, sem conforto e sem atratividade.

Resultado: um jogaço de futebol para um público de televisão apenas. Ninguém foi ao campo, poucos torcedores do porco e pouco do Flu. Outro vazio!

O jogo de domingo passado contra o Cruzeiro não teve graça.

Os jogadores do Flu estavam em estado de letargia, relaxados, desinteressados, esperando apenas a entrega da taça. A torcida nem se incomodou com a derrota a ponto de no final do jogo gritar OLÉ nas trocas de passes do time, mesmo perdendo a partida.

Não sei de onde vou tirar vontade de assistir os dois últimos jogos.

Não me atrai quebra de recordes. O campeonato só interessa agora para o Sport e a Portuguesa, que disputam a última vaga da série A de 2013. Ou ao Grêmio e Atlético, que disputam quem terá a honra de ser o vice do Flu.

Para o Fluminense, o campeonato acabou há dez dias. Por isso, sinto falta, e muita, de finais, onde dois clubes disputam o campeonato sob grande emoção, ansiedade e muita festa da torcida.

Não sei se os demais torcedores tricolores compartilham desse sentimento, mas de fato estou desmotivado. A camisa que guardei para usar na “final” ficou na gaveta, novinha em folha. A bandeira que comprei para hastear no jogo final está no saco plástico. Nem deu para tirar um sarro em cima dos adversários. Não vejo, aqui em Brasília, carros desfilando o orgulho tricolor, não vejo bandeiras, nada. Só algumas pessoas com camisas em shoppings. Mas nada de extraordinário. Não teve festa!

Uma pena, pois o melhor do futebol é a luta acirrada até o último minuto do campeonato, que leva torcedores ao estádio e deixa as cidades vazias, ruas desertas, bares cheios e estádios em festa. E, na segunda-feira, a conversa nas esquinas, as manchetes de jornais, os papos nas repartições, as discussões dos gols perdidos, dos erros da arbitragem, das justificativas apaixonadas.

Culpa da superioridade do Fluminense. Culpa do calendário mal feito. Culpa da CBF, que marca um jogo com ares de final no interior de SP.

Gostei mais de 2010, naquele jogo final contra o Guarani. Muito melhor!

Talvez a culpa seja minha, por esperar demais pelas emoções do futebol, acostumado a uma época de grandes disputas.

Acho que domingo eu vou ao cinema.

Jorge Dantas

Panorama Tricolor/ FluNews

@PanoramaTri

 Contato: Vitor Franklin

4 Comments

  1. O problema é que as finais têm um preço. Não se premia o melhor time algumas vezes, e sim o que levou mais sorte ou contou com a ajuda da arbitragem. Estamos cheios de exemplos: Copa do Brasil de 1992, Libertadores de 2008, Copa Sul-Americana de 2009… por causa de um mau dia ou de cafajestagem da arbitragem (muitas vezes as duas coisas juntas), não se premiou o melhor time. São títulos que não voltam mais, oportunidades perdidas que demoram a aparecer de novo. Só fomos ganhar uma Copa do Brasil 15 anos depois do título que nos foi tirado. Quanto à Libertadores, andamos batendo na trave, mas conseguiremos.

    Então, a questão é a seguinte: pode até ser emocionante ter finais, mas precisa ser algo com “erro zero” da arbitragem, e os dois times jogando no seu máximo. Aí sim será empolgante. Senão, o que vai rolar é o que eu já cansei de ver: muita injustiça. Prefiro um fim de campeonato “morno”, com o melhor sendo campeão. Afinal, ninguém monta um time milionário e faz um trabalho bem-feito para bater na trave por causa de sacanagem alheia.

    Saudações Tricolores!

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