Esse começo (por Thaiza Galvão)

ge thaiza

Devo confessar que eu não sabia o que escrever de início nessa coluna de estreia, o que me deixou com um certo nervosismo. Sei que tinha de escrever sobre o Fluminense e, talvez por isso, a falta de palavras.

Ao falar do Flu sei que falo de amor, é isso, amor.

Eu tenho 20 anos, sou moradora de Nova Iguaçu e torço pelo Fluminense Football Club.

Bem, devo confessar que tenho fotos com a camisa do Flamengo quando pequena, já tentei rasgá-las e tudo mais, mas minha mãe sempre diz : “Não minha filha, são recordações do seu pai”. E o mais legal das fotos é que eu estou chorando bravamente, mostrando descontentamento, eu não sabia o que era Flu e muito menos Fla, só sabia que não gostava.

O tempo passou, eu não ligava muito para o futebol, gostava, mas não tinha motivação para ficar um jogo inteiro parada em frente à televisão. Então foi aí que eu encontrei o Fluminense.

Sim, foi aquele amor a primeira vista, as cores, a torcida. Toda vez que eu via a torcida do Fluminense eu me arrepiava, sorria, até que um dia eu me peguei comemorando um gol do Fluminense.

Influências? Só se for do meu tio, mas muito pouco, pouquíssimo.

Eu gostava do hino, queria aprender para um dia poder cantar no estádio, no meu computador prevaleciam as imagens da torcida do Flu. Meu pai e meu irmão flamenguista sem doíam, mais o meu irmão, sempre dizendo: “E desde quando você é Fluminense? Você é Flamengo!”

Não, eu não sou, nunca fui e nunca serei Flamengo. Eu sou Fluminense.

O tempo passou mais ainda, e eu era incontestavelmente tricolor de coração!

O meu primeiro jogo em um estádio? Ah, sim… foi um Fla-FLU inesquecível. No Engenhão, com um lindo gol de voleio do Fred em 2012, e no final uma defesa espetacular de Diego Cavalieri na cobrança de um pênalti, tirando qualquer esperança para a equipe rubro-negra.

fred voleio

Eu entrei naquele estádio, e logo vi a torcida adversária, o que me fez fazer uma cara nada agradável. Mas olhei para os lados, e para cima. Os meus olhos pararam, meu coração pulsou mais do que o permitido e o normal, minha boca ficou seca e eu pensei “Nunca mais vou esquecer desse dia!”.

O hino que eu havia ensaiado várias vezes, sumiu da minha boca e as canções que eu tanto cantava, também sumiram por instantes.

Meus olhos estavam admirados, extasiados ao ver aquela torcida, eu estava lá, no meio deles, minha voz finalmente estava lá, tornando-se uma só. Eu cantei, eu pulei, eu xinguei, eu exaltei, eu reclamei. Eu me tornei uma torcedora completa. Eu me viciei mais ainda pelo Fluminense, pela sua torcida.

Ao sair o nosso gol, eu chorei, chorei como uma criança. Eu gritava e chorava. Me desculpem as palavras que vou usar agora, mas puta merda, que torcida é essa? Não tem nenhuma melhor do que a do Fluminense. Uma torcida que já acompanhou o time nos seus piores momentos, que nunca o abandonou no período mais vergonhoso de sua história, essa torcida já deu provas de que o Fluminense Football Club jamais será abandonado.

Não importa o que dizem, o que estão sempre a falar do Fluminense, ele sempre será maior do que tudo isso. não se trata apenas um clube de futebol, mas um berço que contém a história do futebol carioca e brasileiro, ele é a história, todos nós que vestimos a camisa verde, branca e grená estamos nela.

Em todos os jogos onde estive presente, eu fui ao extremo, como se fosse o primeiro e o último jogo da minha vida. Eu choro sim, eu bato no peito e canto o hino do Fluminense como se fosse uma oração. Muitos não entendem o sentimento de um torcedor apaixonado, quem está de fora não entende, para eles é loucura ou a famosa “falta do que ter o que fazer”. Eu estou fazendo algo, eu estou no meio de algo surpreendente, se não nos entendem, tenho uma certa pena.

Ao chegar no estádio eu faço questão de me despir dos problemas e tristezas, ao chegar nos arredores eu fico pensativa e ansiosa com o jogo que eu vou presenciar. Procuro meus amigos e, ao começar o jogo, surgem as sensações: suor, mãos inquietas e corpo totalmente em movimento.

Lá dentro você esquece de tudo, só existe você, uma torcida inteira e o Fluminense em campo. Para muitos isso é pouco, mas para nós é tudo. Tudo que queremos, tudo o que vivemos e desejamos. O Fluminense dá sentido sim a vida, as cores mais belas dos mundo estão no nosso corpo, o escudo mais belo e bravo está estampado e cravado em nosso peito.

Se o Fluminense perde? Perco as estribeiras, fico com uma raiva que só eu sei, e digo a mentira mais horrível do mundo: “Nunca mais piso os pés aqui”. Passa-se o tempo e quando eu posso, estou lá cantando e vibrando, chorando e esquecendo de tudo que me aflige. O Fluminense cura tristezas, a torcida do Fluminense te faz esquecer de qualquer problema.

Sinceramente, eu estou na melhor torcida do mundo.

Não somos os maiores, admito, mas somos os melhores, tenho argumentos o suficiente pra isso.

Me zoam sempre, motivo: Fluminense ter frequentado a série C. Sim, sempre seremos caçoados por isso, não gosto de lembrar, mas esse é o ponto alto do que eu quero falar. Não tenho vergonha de ser Fluminense, bato no peito e me orgulho de ser Tricolor das laranjeiras. Agora eu me pergunto e te pergunto: será que a maior torcida do mundo acompanharia o seu time na série C? Eles aguentariam isso? Eles carregariam o seu time nos braços como a torcida do Fluminense fez em plena terceira divisão? É tão fácil nos julgar pelo passado, e também é difícil pra eles admitir que o Fluminense é um time tradicional e histórico.

Uma série C não vai apagar o que o Fluminense já foi ou é.

A questão é: outra sua torcida carregaria o seu clube em seus braços na mesma situação? Eles não o abandonariam? Porque a minha já provou que nem a série C, nem o período mais vexatório de sua história é capaz de separar ou quebrar essa relação de amor.

O que eu quero dizer com tudo isso? A torcida do Fluminense é a melhor.

Ela tem problemas? Sim, mas onde nesse mundo é tudo perfeito? Em lugar nenhum.

O Fluminense, é o nosso legado, nós somos o seu maior e melhor patrimônio.

No dia em que meus olhos pararem de ser extasiar, no dia em que meu coração pulsar num ritmo normal, no dia em que meu corpo se manter intacto durante o jogo, saberei que estou morta por dentro. Fora isso, eu estou viva, com o Fluminense à flor da pele.

Não adianta, o Tricolor vive, sempre viverá.

Aos adversários: se aguentem com isso, vão ter que nos engolir.

“Cobraremos sempre Torceremos sempre. Viveremos do Fluminense Football Club para sempre.”

“O Fluminense me domina. Eu tenho amor ao tricolor!”

Sou Thaiza Galvão, e a minha melhor qualidade é ser torcedora assídua do Fluminense. Estarei por aqui quinzenalmente. Sejam bem-vindos.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: ge

#SejasóciodoFlu

capas o espirito da copa + cartas do tetra 02 2015

5 Comments

  1. Thaiza te acompanho no face desde os seus 17 aninhos quando você queria fazer 18 anos para poder ir ao Maracanã ver o Fluminense, de acordo com a sua mãe.

    E agora aqui está você aos 20 contando essa História linda no Panorama e que me levou às lagrimas.

    Já naquela época eu sabia que vc era uma grande tricolor… e agora volto a falar o que falava para você querida: você é a minha Idola!!!!!

    ST

  2. Faltou acrescentar que seu texto foi lindo e me causou muita emoção, segurei-me pra não molhar os olhos. Parabéns . Te seguirei neste blog .

  3. Continuando …
    …hoje eu tenho orgulho de mim e do FLU e esses momentos da vida só fez dilatar minha confiança na minha pessoa e no meu clube .

    Dar a volta por cima, que eu dei e o FLU, quero ver quem dava …(letra ;Paulo Vanzolini) .

    abs
    ST

  4. Thaiza, nada na vida é humilhante, ninguém tem este poder de humilhar, só nós mesmo nos humilhamos .
    Eu já fui classe A, fui parar na D, mas não mudei meu roteiro e muito menos meus percursos. Por vezes com a mesma roupa e com um sapato já se arrastando, não me incomodava, mas, c ctza, incomodava os idiotas . Os cochichos era perceptível pra mim, mas – perdoa-me -, cagava e andava .
    Hoje estou muito bem na classe B e muito feliz . Assim foi com o FLU, uma turbulência mas c ctza didática.

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