Cerro Porteño 0 x 0 Fluminense (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, o Fluminense nos proporcionou, na noite desta quinta-feira, uma experiência entre entediante e assustadora.

Diante de um adversário com nível técnico questionável, mas que adotou uma postura tática inteligente, vivenciamos 90 minutos de tédio no que diz respeito à nossa produção ofensiva.

Ao todo, demos um único tiro perigoso a gol, na única vez em que Cano teve a oportunidade de finalizar. Tirando isso, trocamos passes improdutivos entre o primeiro e o terço central do campo.

O Cerro em momento algum se arriscou a marcar nossa saída de bola e morder nossa isca. Passou o tempo todo marcando em bloco médio, com muita compactação, negando espaços para nossa progressão.

Esperava-se que Martinelli, André e Ganso encontrassem soluções para esse problema, mas o camisa dez, responsável pela nossa razoável evolução nos últimos jogos, não entrou em campo.

Quem mais tentava criar jogadas era Marcelo, que flutuava por todos os lados do campo, mas sem muita efetividade. Enquanto Martinelli esteve burocrático, mas a coisa pioraria com a lesão de André, ainda no primeiro tempo, e a entrada de Lima.

Se estava ruim com Ganso, pior com Renato Augusto, que, exceto por nocautear um adversário em uma tentativa de finalização, não mais foi notado em campo.

Se o Cerro só ameaçou em um chute de fora da área na primeira etapa, acabou fazendo, na segunda, com que Fábio fosse o nome do jogo, ao fazer defesa espetacular em cabeçada a queima roupa.

Os paraguaios foram mais perigosos e até mereceriam um resultado melhor do que o empate sem gols. Foram melhores em se defender sem a bola do que o Fluminense com ela, mas acabaram assustando mais ofensivamente. Não que o empate não tenha sido um bom indicador do que foi o jogo.

Mas a preguiça intelectual, não física, do Fluminense no jogo foi preocupante, assustadora mesmo. Não devemos deixar de reconhecer o mérito da marcação quase perfeita do Cerro, dentro de sua proposta, mas um campeão da Libertadores deveria mostrar recursos mais sofisticados para superá-la.

Se eu disser que não gostei do jogo, você vai me perguntar em que eu sou diferente de 100% dos nossos torcedores. Então, isso é desnecessário, mas eu também não gostei do resultado, porque, apesar da manutenção da liderança, nos afasta de estarmos entre as melhores campanhas da fase de grupo e as vantagens dela decorrentes.

O que não cabe é ficar a repetir as mesmas coisas de sempre, mas é bom observar algo que tem estado fora das análises nas últimas semanas. O Fluminense entrou em campo na noite de hoje com sete jogadores com mais de 34 anos. O que talvez explique a falta de recursos táticos para impor constrangimentos à tática defensiva paraguaia.

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O que nos traz ao assunto da semana, que mais tem dominado a cena do que o jogo da noite de hoje: o afastamento dos quatro rapazes por causa da travessura na última sexta-feira, quando o Fluminense se concentrava para o jogo contra o Vasco pelo Campeonato Brasileiro.

O fluxo das informações não nega a existência do fato, o que nos leva a concluir que o afastamento faz todo sentido. Não obstante, temos uma sociedade que se sente muito à vontade para emitir julgamentos.

Não há dúvidas de que julgar é fácil e confortável. Afinal, quem há de nos punir por isso?

Eu, do alto da minha ignorância, acredito, todavia, muito mais em soluções do que em julgamentos. As primeiras devem ser perseguidas. No caso dos julgamentos, a lata de lixo é o destino adequado. Afinal, tortos que nascemos e somos, quem haveria de nos dar a prerrogativa de julgar alguém?

Estamos falando de ativos valiosos esportiva e economicamente. Estamos falando do atacante que fez o gol do título da Libertadores inédita.

Ao contrário do Diniz, não acho que o ser humano esteja em primeiro lugar. Em primeiro lugar estão os resultados que o Fluminense precisa obter, mas isso não exclui esse outro aspecto.

Então, se for possível, alguém tente entrar na cabeça desses caras. Alguém tente mapear a realidade que estão vivendo, para que não fiquemos nas elocubrações rasas, porque de platitudes nós já estamos cheios, enquanto o barco da humanidade faz água por todos os lados.

Estamos dando voltas em torno do próprio eixo sem sair do lugar. A política continua a mesma, o time titular cada vez mais envelhecido e o que parecia se um caminho revela trazer consigo os velhos vícios.

Saudações Tricolores!

2 Comments

  1. Por que o Lima é o substituto para qualquer posição do meio de campo? Se o Diniz gosta de mudar a posição de jogadores no segundo tempo porque não deslocou o Marcelo para a posição do Ganso quando este saiu. Assim em uma só mexida resolveria duas posições: Lateral esquerda com a entrada do Diogo. Não seria melhor ter entrado com o Felipe Andrade quando da contusão do André?

  2. Leio sempre seus comentários que são sempre muito inteligentes. Hoje ao final do seu comentário, você descreveu um pouco de sua filosofia de vida que achei muito interessante. “ACREDITO MUITO MAIS EM SOLUÇÕES DO QUE EM JULGAMENTOS”. Parabéns.

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