Enquanto o Brasileirão não chega (por CH Barros)

Possivelmente, o futuro do futebol brasileiro, mais especificamente do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil, é indefinido. Apesar da primeira rodada do Brasileirão já ter sido marcada para o final de semana dos dias 8 e 9 de agosto, com as datas e os horários dos jogos definidos, não há nenhuma evidência de que o certame manterá regularidade até o seu término, uma vez que a pandemia ainda não acabou – isto é, ainda continua surgindo números de casos a cada dia, tal qual as mortes pela Covid-19. E se houver um novo surto? E quanto as inúmeras viagens que são feitas? E se houver surto em alguma equipe? Sem contar que a competição de pontos corridos começará em agosto, mês em que, normalmente, o torneio já começou a meses – nos últimos três anos, o Brasileirão começou em abril (2018 e 2019) e maio (2017) e terminou em Dezembro. Temos pela frente quatro meses para terminar um campeonato que é programado para durar, no máximo, oito meses. À vista disso, é bem provável que o Brasileirão termine somente no ano que vem. Ademais, tem a Copa do Brasil que, da mesma forma, começa em agosto – como disse e expliquei em outras colunas, é o torneio o qual deve ser olhado com maior solicitude – e exige muitas viagens, correndo, assim, os mesmos riscos do Campeonato Brasileiro.

Tirando tudo isso e pensando no âmbito futebolístico, minhas esperanças de que o Flu pode pelo menos nos brindar com uma boa posição no Brasileirão e, quiçá, uma boa surpresa na Copa do Brasil, são razoáveis, contanto que algumas coisas melhorem. É claro que devemos confiar na camisa – sabemos o quanto ela pesa – como sempre digo; contudo, lucidez é preciso. Sabemos que nosso time não é mil maravilhas e têm problemas a ser solucionados. Um deles, não escondido para ninguém, é a lateral esquerda: Orinho e Egídio não dá. Na lateral direita, cogitando a hipótese de Gilberto sair, Igor Julião é o seu substituto e, por mais que seja razoável, certamente não aguentará uma temporada inteira. Essas, para mim, são as partes as quais trazem mais dor de cabeça para o Flu: as laterais.

Se formos ver o meio de campo, não há muito o que reclamar. Dodi e Hudson vêm fazendo bons trabalhos; Yuri e Yago, como sempre, o feijão com arroz: por vezes bem feito, por vezes nem tanto; Ganso, no que lhe concerne, ainda não mostrou nada demais neste ano – o que não é surpreendente se pegarmos seus últimos trabalhos –, mas ainda acredito que possa somar algo caso realmente queira agregar positivamente ao plantel. A quantidade de passes que ele deu aos seus companheiros no ano passado não deixa mentir: se os atacantes os aproveitassem, ele seria um dos maiores líderes de assistências de 2019. Imagina se Fred, no seu auge, recebesse todas essas bolas? É isso que eu ainda tenho otimismo: que eles possam formar uma boa dupla. Ok, tenho conhecimento da idade de ambos, mas, digam-me: é impossível? Acho que não, principalmente se conseguirem ficar em forma após se resgatarem das lesões por completo.

Não sabemos quando Fred voltará, em virtude de sua contusão no olho esquerdo, mas, enquanto isso, o jeito será apostar em Evanílson e Marcos Paulo. São bons jogadores: rápidos, fortes, mas que, às vezes, erram demais. O último Fla-Flu prova: Marcos Paulo pôde mais de uma vez abrir o placar. Entretanto, ainda não quero deixar de acreditar nos dois. Ainda resta, praticamente, Fernando Pacheco, Wellington Silva, Nenê e Michel Araújo, atletas que integram o meio de campo e o ataque. O penúltimo citado, não obstante a idade, corre mais que muitos jovens e sempre expressa atenção, participando dos lances e das jogadas. É um dos poucos jogadores que, para mim, tem demonstrado-se quase que na mesma forma antes da pandemia. Quanto aos outros, pelo o que vi, podem ir bem de vez em quando – oxalá que eu esteja enganado. Dentre eles, Pacheco é o que tem mais chances de impressionar. Odair poderia tê-lo aproveitado melhor na segunda partida da decisão, pois o colocou tarde demais no jogo. Depois, o time ficou confuso com as substituições desesperadas – Felipe Cardoso, Caio Paulista e Ganso, que estava se recuperando de uma lombalgia – que, por sinal, deverão ser evitadas por ele ao longo do ano. Pavor não ganha nada.

A propósito, que isso sirva de lição para Odair no Brasileirão: substituições podem mudar radicalmente o jogo e o time, para o bem e para o mal. Infelizmente, contra o Fla, suas trocas foram intangíveis, mas não nos cabe ficar mais falando desse jogo. Já passou. Agora, é visar o Brasileiro e a Copa do BR e estuda-los, para que façamos, ao menos, campanhas dignas, mesmo que eles venham a não dar-se de modo corrente, pelas razões que de antemão elenquei na coluna.

Ainda, encontra-se mais um ponto que carece ser abordado: os fatores que sucedem fora dos gramados, como salário, por exemplo. Antes de mais nada, é preciso ser ressaltado que a paralisação do futebol foi ruim para clubes que nadam em dívidas – como o Fluminense – e, por isso, conseguir dinheiro de uma hora para outra não é fácil. Todavia, é aquela história: salário é obrigação. E se não for pago, advém problemas disso que acabam refletindo seriamente na cancha. Portanto, que o presidente e a diretoria possam se preocupar não só com as contratações que precisam ser realizadas, mas sim com os salários, bem como formas inteligentes de captar dinheiro para fazer tudo isso acontecer.

É isso. Mantenhamos a fé, pois há muita coisa pela frente.

Ah, tem o amistoso contra o Botafogo logo mais, às 17h, com transmissão no SporTV. Quem verá?

Que venha uma boa vitória para trazer boas energias ao time e, idem, para eliminar de vez a maré sem triunfos. Seja no totó, num jogo de botão, num amistoso e até mesmo numa partida no campeonato da FERJ: ganhar um rival é sempre bom.

Saudações tricolores.

Panorama Tricolor

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