A base tricolor (por Felipe Fleury)

Uma árvore para dar frutos precisa de água, luz, terra fértil e, sobretudo, tempo. Cuidada com carinho, certamente dará também as frutas mais vistosas e saborosas. O Fluminense tem uma árvore chamada Xerém, nascida de uma sementinha plantada naquela terra fértil da Baixada Fluminense, que sempre foi um manancial de bons frutos, mas que atualmente está carregada da sua mais exuberante safra.

A base Tricolor sempre foi uma referência local e nacional, um nascedouro de bons jogadores que supriram carências do elenco, foram vendidos para o futebol nacional e internacional e outros que até mesmo não deram certo por circunstâncias do destino. Exemplos nós temos aos borbotões.

Penso, porém, que desde que Xerém passou a revelar seu primeiros jogadores, nunca houve um período como este, de tanta qualidade e fartura. A necessidade de se utilizar a base, em decorrência da crise econômica pela qual o clube passa, talvez tenha propiciado antecipadamente – para nossa sorte – a aparição dessa garotada boa de bola Tricolor.

Abel também tem sua parcela de responsabilidade, apostando nos jovens e adequando-os às necessidades do time dentro de campo. Com apenas três contratações para a temporada – Sornoza, Orejuela e Lucas – e precisando reformular o elenco, cuja pífia campanha em 2016 revelava que a maior parte do grupo precisava ser defenestrada, Abelão não teve outra alternativa senão buscar soluções para essa grave carência dentro do próprio Fluminense.

E encontrou essas alternativas que, a princípio serviriam apenas para “tapar buracos” e compor elenco, mas que aos poucos foram se revelando ótimas opções, inclusive assumindo posições de destaque dentro do time titular.

O Flu começou com Nogueira, Léo, Scarpa, Marcos Junio e Douglas, depois, em decorrência das inúmeras lesões que fragilizaram o elenco, foi obrigado a escalar nomes como Wendel, Marcos Calazans, Luiz Fernando, Mascarenhas, Pedro, Matheus Alessandro, isso sem contar com Lucas Fernandes, Reginaldo e Wellington Silva, que retornaram à casa depois de passagens por clubes do Brasil e do exterior, dentre outros.

Esses “paliativos” foram conquistando seus espaços e mostrando qualidade, tanto que Wendel e Marcos Calazans, pode-se afirmar sem medo de errar, são duas das maiores revelações dos últimos anos de Xerém, sendo o primeiro um jogador quase completo, embora ainda tão jovem e que tem encantado a cada jogo a torcida Tricolor. Reginaldo cobriu uma lacuna antiga e grave no Flu: a carência na zaga. Embora vacilante no início, com o passar do tempo firmou-se como um zagueiro seguro pelo alto e bom no desarme por baixo. Mascarenhas, outro que é uma grata revelação de apenas 18 anos, cuja sombra tem feito Léo melhorar seu desempenho pela lateral esquerda. E nem se fale da imprescindibilidade de Wellington Silva no ataque, presente nos melhores momentos do Flu no ano.

Assim caminha o Fluminense, com muita juventude, qualidade e brio, talentos da base aliados à exeriência de Orejuela, Henrique, Lucas e Dourado, um time que pode pecar ainda por alguma imaturidade, mas que jamais pecou por omissão.

Uma pena que o Flu ainda tenha que se virar para arcar com salários de jogadores que não têm condição de evergar a camisa Tricolor, herança maldita da administração anterior, de quem vai se desfazendo a pouco e pouco, porque pouco investiu para formar um time competitivo que, com mais um e outro reforço poderia, inclusive, brigar pelo título nacional.

Se o azar for bater em outra porta e o grupo conseguir seguir praticamente intacto até o fim, considerando-se aí os retornos de Sornoza e Luiz Fernando, há uma boa chance de voltarmos à Libertadores em 2018. E se isso acontecer será o maior exemplo de que se pode fazer bom futebol gastando-se pouco e com critério, se há uma boa base de onde se possa pincelar novas revelações.

Contratar com inteligência e prudência, colher os frutos de um trabalho de excelência em Xerém, trabalhar com profissionalismo e transparência, receita para que o Flu retome seu lugar de destaque no futebol brasileiro, sem extravagâncias e com os pés no chão.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @FFleury

Imagem: f2

2 Comments

  1. Parabéns, disse tudo e mais um pouco, vou só acrescentar que tivemos boas safras anteriormente, mais a política do clube em certos momentos, no período do CB por exemplo, de contratar medalhões e deixar como ultima opção a prata da casa, fez com que o modelo ideal, que acho ser o atual, tenha deixado de ser seguido. S tc

  2. Isto sem falar no Danielzinho, que foi emprestado sem ter tido oportunidade , nem no banco de reserevas, e a única vez que entrou, num time misto para descansar os titulares, fez o gol que classificou o

    fluminenese para a continuação da Copa do Brasil

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