Bacalhau nas Laranjeiras (por Zeh Augusto Catalano)

Quando se trabalha com internet, periga-se trabalhar 24 horas do dia. O que é diversão para a grande maioria da humanidade (ou aborrecimento, verdade seja dita. gente esquisita…) é trabalho pra mim. Então, o descanso verdadeiro só existe no meio do mato, onde não há internet, telefonia fixa nem rede celular. Nem mesmo a tim, a super tim, que vive sem fronteiras, me alcança no mato pro qual vamos. Carnaval? Bois, vacas, seriemas, emas, cavalos, pererecas e muito, muitos insetos.

Liguei o rádio do carro no exato momento em que acabava o jogo entre Vasco e Fluminense sábado passado, com um previsível empate por 1 a 1. Não tenho as estatísticas – isso é com o Renato Reis – mas acho que a cada sábado de carnaval, Vasco e Fluminense empatam. Vi depois, na TV – única ligação com o universo exterior – alguns lances que me permitem dizer as seguintes besteiras:

– Trocamos seis por meia dúzia. Temos novo goleiro, que continua defendendo bolas absolutamente impossíveis e tomando gols ridículos. A defesa no susto na bola de letra é de antologia.

– Colocaram na cabeça de Dedé que ele é o mito, que é clássico, e, portanto, não pode fazer faltas, matar jogadas etc. Está fora de forma e complicando mais ainda a nossa vulnerável defesa.

– Três imbecis olharam o Fred fazer seu gol aos quarenta e bolachada do segundo tempo. Vão à merda. Com crase.

E, sem besteiras, boa sorte para vocês logo mais no pasto venezuelano.

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Fim dos anos 70, início dos anos 80. Qualquer jogo no maracanã recebia uma multidão. O carnaval de rua praticamente desapareceu. Este se resumia a uma meia dúzia de blocos – Bola Preta, Cacique de Ramos – e o desfile das escolas.  Seis meses pra montar, seis meses para desmontar as arquibancadas. Brizola resolveu. Semeou Cieps e fixou os desfiles numa área degradada e, por que não dizer, inútil da cidade. Sua passarela do samba é atração turística mesmo longe dos dias de carnaval. Mas o que fez com que essa infinidade de blocos surgisse e voltasse a arrastar multidões cidade adentro? Lembro de uma reportagem, muitos anos atrás, que mostrava como estava caro viajar pelo Brasil, o preço absurdo dos abadás na Bahia. Não havia o que fazer. Era ficar mesmo no Rio e aproveitar da cidade. Sendo assim, por que não um bloquinho? Diversão barata, razoavelmente segura, gente bonita….

2013. Qualquer bloquinho ridículo recebe milhares de pessoas. O futebol virou programa de sofás e bares. Como trazer o torcedor de volta? Não pretendo dar a resposta. Mas um bom (não precisa ser excelente) Maraca de volta será de grande ajuda. Baixar o preço dos ingressos – completamente fora da realidade para o espetáculo (instalações, conforto e jogo em si) também. Se for barato, seguro e de fácil acesso, o povo volta. E ai, teremos nosso futebol de volta.

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Fernando Prass foi franguear em São Paulo. Ha, ha, ha!

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 Futebol pragmático é o cacete!

Zeh Augusto Catalano

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Contato: Vitor Franklin