Atentado contra Gonzalez (por Alva Benigno)

alva japonês tricolor

UMA COLUNA DE DENÚNCIA

(OU INDEPENDENCE GAY)

Acabo de acordar, despertada pela chamada do smartphone. Sete e quinze da manhã. Do outro lado, em prantos, este ser que tão bem conjuga a ruindade humana com sua obsessão homoerótica: Francisco Zanzibar, o Chiquinho, a Carmem Miranda reaça da torcida tricolor, um subproduto enrustido da Arena que nos cerca.

Acaba de me confessar uma tentativa de assassinato. Melhor dizendo, uma que pode acontecer a mando dele. Ou uma história que pode acabar na morte de alguém, nem que seja por causa de risos.

Ainda bêbada de sono, tento me concentrar nas palavras ensandecidas do aríete da viadagem na sauna. E denunciar este grave fato.

Chiquinho descobriu que Antonio Gonzalez, o street fighting man das Laranjeiras com seu crânio raspado a navalha, seu bofe predileto – mas também um entrave aos seus maus princípios de usufruto do club como uma empresa particular sua -, havia alugado uma van para o jogo de logo mais contra o Botafogo, a ser disputado na Ilha do Governador neste Dia da Independência. Uma partida naturalmente tensa, por ser um clássico e com rivalidade das torcidas organizadas. Talvez um excelente momento político para se livrar do bofão, pensou o canalheta. Transtornado, nosso mau caráter mor chegou a entrar em contato com integrantes de uma TO alvinegra para realizar um atentado contra o carecão ibérico da free fight, mas foi imediatamente descartado por eles verem em AG uma figura de respeito. Inclusive foi ameaçado por um dos truculentos alvinegros, que disse saber de seu passado e presente nas Laranjeiras: “VÁ SE FUDER, SEU BOIOLA DO CARALHO, TRAÍRA FDP. SE VIER NA ILHA, VAI VIRAR CANJA DE GALINHA VELHA. O CARA É SUJEITO HÔMI”. Diante de tal sentença, o melhor era ficar em casa vendo na TV, por amor à própria vida escroque.

Mas não sossegou: a mistura de amor e ódio que Xica da Alaska tem pelo eterno líder da torcida e ex-dirigente desafia sentenças. Ao mesmo tempo em que quer a eliminação do rival, nutre uma oceânica vontade de ser sua mulher. E a rejeição lhe dói por demais. Ele chega a cafungar de dor de amor. E também precisa deter Gonzalez, pois fez um pacto com Filhão para garantir sua vaga como conselheiro, tendo recebido a promessa de que poderia negociar (e manjar) jovens promessas da base ou vindas do interior, especialmente beninos dispostos a fazer de tudo para subir na vida.

Teve mais uma de suas ideias boçais, e esta é que saberemos se dará certo ou não nas próximas horas: acertou com Filhão, também um desafeto de Gonzalez, tão apaixonado quanto Chiquinho pelo carecão grandão da luta, um ataque ao spanish strong man. Tendo a informação privilegiada de que a van do lutador estacionará num shopping perto do estádio da Ilha do Governador, a bicha velha tramou o seguinte: um ataque histérico de Mulher Filhão e as Filhettes contra Gonzalez logo que este saia do veículo. A frenética legião de bibas terá purpurina e serpentina, mais trinta latas de gel, com cerca de quinze integrantes devidamente caracterizados como se fossem fazer um bocket show no Buraco da Lacraia: sainha, chinelinhos e bustier. Tão logo o carecão tenha pisado na rua, a banda das bichonas maravilhosas voará em cima dele, tentando sufocá-lo com carinhos e beijinhos sem ter fim, tirando suas roupas ou mesmo rasgando-as e criando um climão. Bem ao lado, uma equipe do jornal esportivo que hoje tem vários de seus ex-funcionários no club cobrirá tudo, com fotos e vídeos, inventando a notícia de que Gonzalez praticou um ataque homofóbico contra quinze monas tresloucadas, pouco importando a falta de lógica da ocorrência porque a mentira será imediatamente repetida por 40 Filhettes padrão Village People devidamente montadas nas redes sociais. Traduzindo: fazer algo muito mais escandaloso do que o caô paraguaio do banheiro em julho, criando um fato político com ampla divulgação midiática que atente contra a homofobia de certo eleitorado das Laranjeiras. E as Filhettes, caso interpeladas como grupo, negarão pertencer ao mesmo, identificando-se como integrantes do hipotético movimento S.O.C.I.O.T.A.S., sigla de Sociedade Organizada Com Intenções Óbvias das Travestis Assumidas da Sauna, descaracterizando a origem do ataque de araque ao machão tricolor. Não há problema em terem seus rostos revelados porque ninguém as conhece, com exceção de Filhão, que comandará o ataque disfarçado de Pokémon tricolor, e de Teté de Montserrat, usando o capacete da alegria. E, se tudo isso parece uma sandice, convido o leitor tricolor a refletir: há torcedores nossos que acreditam em coisas piores e até mesmo que manga com leite mata…

mosaico chiquinho disfarçado

images (9)

Chiquinho é ardilosérrima: ao mesmo tempo em que armou esse factoide, deixou de sobreaviso o adevogado Happybath, que também ficará no estacionamento com o objetivo de intervir caso a polícia venha prender Gonzalez por meter a porrada em quinze monas escandalosas. Assim, dando merderê, o doutor ficará incumbido de libertar o lutador e, claro, avisando-o de que tudo foi uma cortesia do esquisitão das Laranjeiras. Se tudo der certo, Happybath poderá comemorar uma grande vitória logo mais em pleno vestiário tricolor, fazendo jus ao nome que carrega.

pokemon tricolor

Diante de uma tramoia tão asquerosa, o que me restava como jornalista era denunciar tais fatos e impedir que mais uma fábula de Pinóquio seja repetida em Álvaro Chaves. Faço esta denúncia para impedir injustiças, mas imagino que, a esta hora, Zanzi já esteja planejando alguma outra escrotice. É seu destino, caminho e gênese: ele respira isso. Sua obsessão sexual por Gonzalez não tem limites. As Filhettes piram de tesão. Espero que esta coluna-denúncia desarme essa calhordice travestida de eventual reação homofóbica, que a van fique numa boa e que o Fluminense tenha uma grande vitória sobre o Botafogo. Até a próxima.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: ab

george michael