As outras estradas (por Paulo-Roberto Andel)

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Um sábado que espero ser tranquilo e, logo mais, o velho Fluminense em campo.

O desafiador de definições.

Não ganhamos nada neste 2014, mas o que não faltou foi tensão desde o primeiro dia do ano.

Apedrejados pela vilania da imprensa esportiva, depois num Carioca perdido de mão beijada. Quem se lembra do Horizonte?

Depois, um momento mágico de quatro ou cinco partidas que, independentemente do resultado, fizeram o torcedor sorrir porque ali parecia estar o time com o melhor futebol do Brasil.

Muitas confusões dentro do campo, dos vestiários, nos aeroportos, nas arquibancadas. Felizmente passou (ou, ao menos, o mais grave). Quem se lembra do América de Natal?

Depois, lenta recuperação sem brilho técnico, mas forte pragmatismo e, agora, brigamos com tudo nestas seis rodadas que fecham a temporada.

Há quatro vitórias atrás, havia um temor justificado que se repetisse a debacle de 2013 (Caetano + investidora), mas a qualidade individual pesou, a grana atrasada está entrando e até mesmo o prêmio extra é um fator importante para que o Fluminense caminhe para mais uma Libertadores. Ótimo. que torcedor do nosso time não ficaria contente? Nenhum.

O gráfico tricolor deste ano, assim como o passado, foi marcado por alternâncias, mudanças de tendência, assimetria.

Agora, temos fé num momento de alta e esperamos que ele se confirme.

Mas é preciso pensar o hoje e o amanhã.

Num argumento raso, pode-se dizer que o Fluminense não é a oitava maravilha do mundo, que quase todos idealizamos desde 2012, nem a porcariada rebaixável com facilidade – é bom que se diga: pelos nomes, o time do ano passado nem de longe poderia ter ficado na posição que ficou no Brasileiro.

Na vida, o ideal é sempre refletir, aprender com os erros e progredir. Reconstruir. Mudar.

Depois de duas temporadas bastante irregulares, vindo a encerrar esta com um possível final feliz, mas abaixo de todas as expectativas num investimento de R$ 30 milhões por ano, sinceramente não dá para fazer carnaval com a vaga no G4.

É possível expressar alegria, felicidade, um novo dezembro bem melhor do que o anterior. E só.

Isso em nada pode significar a imunidade contratual de quem, mesmo já tendo feito muito pelo time, demonstra que o fim da linha chegou.

O Fluminense das quatro linhas é ainda forte o suficiente para chegar à Libertadores. Mas, para não passar por ela como figurante – bem ao estilo de certo clube da zona sul – precisará de mudanças.

Mais do que isso: é preciso mudar para o futuro.

Os erros de 2013 e 2014, mesmo com esse podendo terminar melhor do que esperaríamos, precisam subsidiar a reflexão e as melhorias em 2015 e 2016. Com menos dinheiro e mais planejamento, com menos estrelismo e mais humildade. Com menos respostas prontas e mais discussão de ideias.

Para que 2017 seja o marco de um novo cenário. Uma só arquibancada, um só clube.

Não é preciso sequer abraços fraternos ou tapinhas nas costas, mas direito ao contraditório, pluralidade, vértices e o principal: o respeito a quem dá sentido à existência do Fluminense.

O torcedor. Os torcedores. Uns com os outros. Quase todos.

Sem vaidades, caprichos, abuso de poder, prepotência e soberba – o mal do mundo.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel