“Anti-Flu”: a quem interessa isso? (por Paulo-Roberto Andel)

Nos últimos dias, acompanhei sob distância regulamentar as informações a respeito do possível novo CT do Fluminense na Barra da Tijuca. Para toda a torcida tricolor, era de se supor que fosse uma notícia auspiciosa: afinal, o centro de treinamento é um sonho antigo, capaz de dinamizar a busca pela excelência no dia-a-dia do futebol tricolor.

Curiosamente, logo após as primeiras manchetes a respeito, houve reação imediata dos setores de informação, questionando o processo em si. Não chega a ser uma novidade, dado que o Fluminense é o clube de futebol mais achincalhado pela imprensa esportiva brasileira – nosso companheiro no site O´Tricolor, o escritor Eduardo Coelho, como historiador que é, bem poderia no futuro incluir essa pauta em sua obra literária, esmiuçando a fundo as décadas de ridicularização que o Fluminense tem sofrido dentro da comunicação esportiva convencional.

Num ponto, todos sabemos que isso não é à toa.

Quis o destino que o Fluminense fosse o principal oponente do time que tem a preferência histórica da imprensa, com total supremacia em momentos decisivos. Isso lhe trouxe as vestes da antipatia: o time a ser ridicularizado, trucidado, omitido, posto em terceiro plano. Felizmente a história de conquistas sempre esteve ao nosso lado e, diante de tal cenário, nem mesmo os jornalistas mais tendenciosos podem  – em algumas oportunidades – ultrapassar as barreiras da falta de ética e do ridículo.

Noutro ponto, cumulus e nimbus.

É muito estranho atestar em redações, estúdios, sites e redes sociais a névoa – ainda que pequena – de um movimento “Anti-Flu” por excelência. A turma do contra. Tudo está errado. Tudo é uma porcaria. Tem que mudar tudo. Nada está dando certo. Mais estranho ainda é a “Anti-Flu” ser praticada por torcedores tricolores, não bastasse termos já todo um império jornalístico a ser enfrentado. Há quem reclame da atual gestão tricolor até mesmo no tocante ao atendimento dos garçons no novo bar do clube.

Nada está certo?

O Fluminense é líder do campeonato, tem tudo para brigar por ele até o final. Uma história muito bem-escrita dentro de campo com muitos prós e alguns contras, como cabe a qualquer time.

Depois de longo e tenebroso inverno, as contas começam a ver algum horizonte e a dependência total e absoluta do patrocinador tende a reduzir-se um pouco (este, um tema sempre polêmico).

Obras na sede, torcedores lutando por um novo estádio, livros contando a grandeza do clube.

Observação relevante: não exerço qualquer tipo de apoio político às correntes do Fluminense (o que não me impede de ter preferências pessoais). Não sou sócio, não voto, não sou candidato nem a garçom do bar.

Em minha opinião, o presidente Peter, depois de um início tíbio – até natural em função de ser novo na área – agigantou-se de tal forma que o Fluminense tem cumprido uma excelente agenda político-econômica-administrativa – e isso sem contar os inúmeros ataques e boicotes que sofre por conta do cargo que exerce. O Fluminense de 2012 tem a pujança em campo que tinha em 2010, mas um arcabouço externo bem diferente e superior. Isso tudo é só uma opinião. Não sou o senhor da verdade. É o que vejo de fora somente.

Agora, que estamos melhores em termos de retaguarda, penso que não há dúvidas.

Isso não exime ninguém de sofrer críticas positivas e receber propostas, mas não consigo parar de pensar num argumento até simplista: se somos todos tricolores e queremos o bem do Fluminense, o que leva a “Anti-Flu” a jogar contra a própria instituição?

Vaidade? Interesses políticos pessoais? Benesses individuais?

Seja o que for, tudo muito pequeno diante da grandeza do Fluminense.

Sou do tempo em que a principal torcida tricolor se chamava “Pró-Flu”.

Para alguns, isso pode parecer comodismo, miopia ou “rendição ao sistema”, dentre outras bobagens.

Prefiro dizer que o coletivo é muito mais importante do que individualismos exacerbados. Ou inúteis. Sem falar de interesses mesquinhos, pouco afeitos à melhora do tricolor como instituição em si. “Anti-Flu”: a quem interessa isso?

Por ora, o Fluminense segue seu caminho que pode chegar à glória de dezembro. E também organizando sua casa que, se não é hoje o melhor dos mundos, é bem melhor do que a de tempos atrás.

Noutros tempos, nem havia garçons no bar.

Paulo-Roberto Andel

Panorama Tricolor/ FluNews

Publicação em rede com os sites Buteco do Tricolor e O’Tricolor

@PanoramaTri

Contato: Vitor Franklin

11 Comments

  1. PARABÉNS, Marcelo Jorand.

    Adorei pela sua estréia,pelo que ouvi e vi acredito que futuramente você está em algum canal de Tv.
    Gostei muito da sua total descontração…Vá em frente com muito sucesso e sorte é que eu te desejo…Felicidades mil…

  2. Grande Andel,

    Texto muito bom. Concordo plenamente com suas colocações.

    Acho que, em geral, as pessoas são muito imediatistas, assim como boa parte da torcida Tricolor.

    Entretanto, creio que a administração Peter Siemsen está sendo muito boa, afinal, vínhamos de longos anos de completos desmandos!

    Ele, além de ser imensamente competente, apesar de novo na área, se cercou de grandes profissionais, de ótimo gabarito e competência.

    Acredito, também, que, se Peter tiver mais um mandato, estaremos, ao final, em um patamar muito à frente dos principais clubes do país.

    ST, Luiz.

  3. o Texto acima tinha que ser distribuido na porta do Clube todos os dias, pois é uma verdade, o clube hoje é pior do que o senado federal.
    Excelente texto parabêns.

  4. Como você mesmo disse Paulo, o Peter por ser novo no meio, vascilou em algumas coisas como quase garantir o Banana Golf mas, acho que rápido aprendeu a lição e, em outras oportunidades deixou as claras seu profundo descontentamento com o desfecho e, que só comunicaria as coisas quando de fato estivesse quase tudo fechado.
    O CT ainda está dependendo de um “de acordo” da prefeitura mas, acho que o Peter está sim fazendo um excelente trabablho à frente do Fluminense. Acho que temos todos que apoiá-lo pois se não estamos no “melhor dos mundos” acredito que já o conseguimos ver e, já nos direcionamos para chegar á este mundo que desejamos.

    Saudações Tricolores

  5. Amigo Andel, sou de opinião que você utilize sua brilhante verve para descrever as glórias de nosso clube. Aos FDP, a quem se referiu, aplica-se a máxima do ilustre (ainda que burro-negro) Prof. Rosenthal: “Onde não funciona o Piaget, que então funcione o Pinochet”. Assim, não gaste à toa seu enorme talento e mande logo esses FDP tomar na olh*ta. 😛

    1. Paulo responde: Marcio Rocha, eu sou teu fã. e, pensando bem, você tem TODA razão! 🙂

  6. Paulo Roberto, data venia, o problema desse papo de CT é que, no caso do Banana Golf, tudo indicava que já estava fechado, vimos pessoas soltando rojões e muitos tricolores afiançando a palavra da diretoria de que o CT Banana Golf era favas contadas. E no fim, nada. Ficou o gosto amargo da decepção e a falta de credibilidade do que a diretoria fala a respeito e de esperança sobre o que se escuta. Daí, talvez, a determinação de muitos tricolores em averiguar de fato se o caso é concreto, verdadeiro dessa vez.

    1. Paulo responde: Thiago, todo o agradecimento pelo comentário. Creio que o parágrafo abaixo seja a síntese de meu pensamento. Braxxxxxx.

      “Em minha opinião, o presidente Peter, depois de um início tíbio – até natural em função de ser novo na área – agigantou-se de tal forma que o Fluminense tem cumprido uma excelente agenda político-econômica-administrativa – e isso sem contar os inúmeros ataques e boicotes que sofre por conta do cargo que exerce. O Fluminense de 2012 tem a pujança em campo que tinha em 2010, mas um arcabouço externo bem diferente e superior. Isso tudo é só uma opinião. Não sou o senhor da verdade. É o que vejo de fora somente.”

  7. Concordo com o autor Paulo Andel e os comentaristas anteriores, MVC e Rods (até este momento).
    Ressalto que precisamos apoiar quem merece – por fazer um bom trabalho – e estaremos fazendo isso ao pensarmos sempre no bem do nosso maior bem comum: o FLUZÃO, o TRICOLOR!
    Saudações TRICOLORES!

  8. Excelente, Paulo!

    Infelizmente estamos cercados por politicagem em tudo o que vivemos e o Fluminense tb é uma vítima disso.

    É claro que qualquer manobra do governo, deve ser observada sempre, mas de maneira correta e fundamentada. Isso tb serve para o tricolor. Acontece que as oposições raramente sabem aproveitar ou respeitar o que é bom e muitas vezes pegam projetos que tem tudo pra dar certo e tentam atravancar, só pq é do outro. E isso vale para todos os lados.

    Assim como deveria haver apenas a torcida Pró-Flu, deveria existir apenas o partido Pró-Brasil, mas infelizmente não é o que a realidade diz.

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