O amanhã do Fluminense (por Aloísio Senra)

Tricolores de sangue grená, Abel não é mais o técnico do Fluminense. A versão oficial é a de que pediu demissão devido a promessas não cumpridas por Abad e Cia. Se for isso, é mais do mesmo. Vários outros entregaram o cargo por isso. Porém, rumores apontam que a Flusócio é que limou o Abelão da parada por ele estar batendo de frente com os caras, é que a saída dele já estaria certa na pausa para a Copa do Mundo há algum tempo. Teorias e especulações à parte, o certo é que ele não entregou os resultados que eram esperados, e mais que isso, o desempenho à beira do campo, na preparação do time e na indicação das contratações já seria motivo mais que suficiente para que o Fluminense procurasse outro comandante. Abel tem nome e história, mas não pode ser intocável.

O problema real é que estamos numa fase tão tempestuosa em todos os sentidos que Abel era visto por boa parte da torcida como o bote salva-vidas do Fluminense, quando isso na verdade é uma grande bobagem. Já fomos a uma final de Libertadores com Renato Gaúcho quando o mesmo tinha uma experiência no futebol como treinador similar (ou até menor que) à do Zé Ricardo, bem como já fomos eliminados de Copa do Brasil com o Abel, campeão mundial e brasileiro, pro Avaí. O problema atual chama-se gestão. E, em vários momentos, Abel se colocou à frente das câmeras para defender o indefensável. Enquanto estivesse só se referindo aos jogadores, tudo bem, é de se esperar. Mas quando passa a defender abertamente o presidente que a maior parte da torcida mandou tomar naquele lugar com frequência, ele passa a ser parte do problema, não da solução.

Dessa forma, o que será do amanhã tricolor? Acho que há dois cenários possíveis: com Abad ou sem Abad. Não conheço pessoalmente o presidente Abad, mas tudo o que já aconteceu relacionado a ele me mostra que ele é um péssimo gestor. Pode ser que seja um excelente amigo, um cara sensacional pra dividir uma cerveja ou completar um álbum de figurinhas, mas não serve para o cargo que ocupa, e deveria renunciar a ele, o mais rápido possível, até para poupar o que restou de sua imagem. Mais e mais sócios da base estão abandonando a gestão, com números tão significativos que já é possível dizer que hoje existem “duas Flusócios”. Esse sintoma, o racha definitivo, é o canto do cisne para o presidente Pedro Abad. Se ele não deixar o cargo, penso que a situação vai piorar muito, tanto para o Fluminense quanto para ele.

Quanto ao futuro do elenco, isso depende principalmente de se vamos conseguir negociar o Scarpa, que toma surra atrás de surra na justiça e, com isso, segurar os nomes que são a “bola da vez” para serem vendidos: Pedro, Ayrton Lucas e Ibanez. Nesse caso, pode ser que com reforços pontuais vindos de times da Série B (talvez indicados por um técnico que venha de lá, como vou tratar a seguir) possam dar conta de nos manter competitivos, tirar a corda do nosso pescoço e garantir pelo menos a Sula do ano que vem. Se eles três forem vendidos, e não havendo reposição à altura (pois não haverá), não acho que importará muito o nome do próximo técnico. Nesse caso específico, acho que o melhor a fazer é subir o Léo Percovich, junto com o Sub-20 inteiro pra tapar os buracos no elenco e tentar, na base da raça e da vontade, arrancar os pontos para garantir a 16ª posição e um 2019 menos desesperador e indigno.

Se conseguirmos manter o elenco, acho que é uma boa hora para apostar em um treinador que esteja realizando um trabalho de destaque em um time de menor expressão. Marcelo Cabo, treinador do CSA, que vem sendo destaque na segunda divisão, é um bom nome. Comenta-se, inclusive, que ele é tricolor. Talvez pudesse vir e indicar alguns jogadores de sua confiança do CSA para contratação por empréstimo. Outra alternativa seria o técnico do São Bento (cujo nome agora me escapa), que conseguiu nada menos que quatro acessos em cinco anos. Esses dois nomes, além de estarem em ascensão, estão acostumados a trabalhar em equipes com elenco limitado e de baixa qualidade, que é a nossa atual realidade. Acredito que o salário que pedirão também não será extremamente elevado (Dorival queria um salário maior do que o Abel!), o que ajudará a desonerar a nossa folha de pagamento. Vamos acompanhar o desenrolar dos fatos e ter esperança. Afinal, ela está nas nossas cores, no nosso hino e na nossa história.

– Curtas

– Seja quem for o novo comandante, a primeira providência a ser tomada é a de dispensar João Carlos, Marlon e Robinho e chamar Mascarenhas e Danielzinho de volta, não importam os meios.

– Uma coisa é certa: se recomeçarem os atrasos de salários, recomeçarão as insatisfações, o corpo-mole, os desentendimentos no vestiário… e aí a coisa, que já tá feita, vai degringolar de vez. Então, Abad, esse é o mínimo que se espera que você faça. Dá o seu jeito!

– Brasil começou na Copa jogando um futebol bem aquém das nossas tradições, mas seria o suficiente para vencer a Suíça se a arbitragem mexicana não interferisse. Olho vivo!

– Amigos, quando eu retornar a este espaço provavelmente meu primeiro filho já terá nascido. Ícaro, mais um tricolor para a família Senra, vem aí! Na volta eu o apresentarei a vocês. Abraços!

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: alo

5 Comments

  1. Bem, antes de tudo, que o Icaro nasça com bastante saude e ajude à levar o Fluminense bem alto!
    Gosto muito das suas ideias, inclusive a desesperadora do sub-20 com o Léo. Por que não?
    Muito interessante o Marcelo Cabo.
    Quanto às dispensas, creio ser precipitado.Se voce propõe jogadores da 2 divisão, deveria ter um pouco mais de paciência com Marlon, Robinho e Joao Carlos, além evidentemente de repatriar Daniel e Mascarenhas.
    Quando o nosso Fluminense esta mal, eu fico doente.
    ST

    1. Caro Silas, acho que todos ficamos profundamente doentes com essa má fase do Fluminense. Entendo o que você quer dizer com dar mais tempo, mas é que não vejo qualidade nesses jogadores. Em João Carlos eu já não via antes. Robinho e Marlon já estão por aí há algum tempo e não disseram a que vieram. Não acho que devamos perder mais tempo com eles. ST e obrigado pelos votos!

  2. Bom dia. Vi o início do Abel em 75. E qualquer um sabe do seu profundo sentimento com o Clube. Não sei a tua idade mas o teu comentário foi descabido e desrespeitoso. Talvez seja a marca de uma nova geração de tricolores. É uma lástima.

    1. Com todo respeito, torço pro Fluminense, não pro Abel. Como disse, tenho respeito por ele, mas treinador tem que entregar resultados. É pra isso que ele é pago, não pra defender presidente. Quatro derrotas seguidas e ele próprio largou o barco, mas já falo de trocar o treinador desde o início do ano, pode acompanhar minhas colunas e constatará. No mais, o senhor é livre pra discordar, não pra me diminuir por eu não ter a sua idade. Saudações Tricolores mesmo assim.

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