A sorte de Levir (por Mauro Jácome)

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Interessante a “sorte” de Levir. Pegou um time no bagaço, sem padrão nenhum – jogava-se um futebol aleatório – sem motivação e, aparentemente, sem condicionamento físico. Teve um treino contra o Criciúma e três jogos mais difíceis: Botafogo, Flamengo e Inter. Num deles, um gol no último lance do jogo e, noutro, uma classificação nos pênaltis. Depois, teve uma sequência mais tranquila (Boavista, Bangu, Madureira e Tombense), importante para colocar em prática noções básicas de futebol competitivo.

O principal mérito do Levir nesse começo de trabalho foi conseguir mover a montanha. Há tempos não via um Fluminense tão a fim. Tem jogado com muita intensidade. Aliás, cobrava-se essa intensidade. Perder faz parte do jogo, mas o Fluminense jogava sem compromisso com a vitória. Não a procurava dentro de campo. Se ganhasse, tudo bem, se empatasse, idem e a derrota não fazia diferença. Para mim, essa é a pior das derrotas. Estranha necessidade para um grupo que ganha bem, come do bom e do melhor, tem um mundo a seus pés. Mas futebol é assim mesmo. Tendo isso como combustível, o comandante foi passando as lições de compactação, movimentação, sincronização entre as linhas.

Fundamental tem sido a liberdade dada a jogadores-chave quando o time tem a posse de bola: Cícero e Gustavo Scarpa. Antes, o primeiro ficava de secretário do Pierre e não saía da mesa nem para respirar na varanda. Scarpa ficava preso num dos lados do campo; corria, corria, não achava ninguém e morria de tanto correr a esmo. No time de Levir, marca, passa, lança, chuta e até cabeceia. Sempre que recebe, tem mais de uma opção de diálogo.

Outro aspecto que mudou radicalmente foi a efetiva participação dos laterais. Num futebol onde a luta por espaços é questão de vida ou morte, os lados no campo ofensivo são decisivos nas batalhas. Sabedor disso, Levir efetivou um Jonathan recuperado fisicamente na direita e um, não mais tresloucado, Wellington Silva deslocado na lateral oposta. Com a movimentação incessante de Cícero, Gerson, Gustavo Scarpa e Osvaldo, ou Marcos Junior, aqueles dois têm espaço para avançar e, melhor, com companhia.

Agora, vem uma sequência mais forte: o Volta Redonda brigando por uma vaga nas semifinais do Carioca, o Vasco numa possível disputa pelo título da Taça Guanabara, o Atlético-PR na final da Primeira Liga e a semifinal do Carioca.

Há tempos não se via um futebol menos ao acaso. Há tempos não se viam jogadas bonitas, tais como nos três últimos jogos, com toques de primeira e alguns de categoria. Aquela jogada do Cícero no gol anulado do Scarpa contra o Tombense foi de cinema. No gol de Gerson também. Foram adversários fracos, é verdade, mas antes nem isso. Não aguentava mais ver times de quinta categoria colocarem o Fluminense na roda.

Ainda tem muito chão, principalmente, quando vierem os times de verdade, mas são mudanças claras e animadoras.

Sorte ou competência? Claro que é competência, mas esta traz aquela a tiracolo…

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @MauroJácome

Imagem: maj

4 Comments

  1. Bom dia,muita competência… Levir é experiente,observador e muito objetivo.Com ele nada de mimimi.St

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