A importância do ídolo (por Ernesto Xavier)

FBL-LIBERTADORES- FLUMINENSE X SAO PAULO

Era carnaval. Um sábado de carnaval de 1975. O maior jogador de futebol do Brasil entrava no Maracanã vestindo a camisa do Fluminense com a torcida em delírio. O sol escaldante e a sagrada data para o carioca não tiraram o entusiasmo de todos que lá foram. Era a estreia de Rivelino. O adversário era o seu antigo clube, o Corinthians. O Flu venceu por 4 a 1 com 3 gols do novo ídolo. A história entre Rivelino e Fluminense não acabou em 1978 quando ele saiu do clube. O ídolo permanece vivo na memória, na camisa, no coração de cada torcedor. Para sempre.

Assis correu pela direita, olhou para Raul e tocou por baixo, rente a perna direita do goleiro aos 45 minutos do segundo tempo de um Fla-Flu incrível. Ali nascia o carrasco. Ali ele virava ídolo. Trinta anos depois lá estava o mesmo Assis, de cabelos brancos, sorriso fácil, simpatia inigualável, tirando fotos, dando autógrafos a velhos e novos fãs tricolores e não tricolores na Bienal do livro. O ídolo transcende o clube e atinge a alma de qualquer amante do futebol.

Mesmo em tempos de crise o ídolo permanece em pé, com o olhar firme no horizonte, fazendo a torcida e o time acreditarem que é possível mudar, vencer. É ele que muitas vezes sem usar palavras sabe conduzir seus companheiros ao melhor caminho. Ele está envolto de uma energia diferente do resto. Possui um magnetismo incomum, que dá a ele a responsabilidade da esperança.

Conca é assim.

Quando em 2 de fevereiro de 2008, dia de Iemanjá, o pequenino Dario substituiu Arouca em um jogo sem importância contra o Boavista, ninguém poderia prever o tamanho que aquele jogador teria para nós. Mesmo os que tinham na lembrança aquele jogo do Fluminense contra a Universidad Católica do Chile em 2005, em que Conca arrasou nosso time, não vislumbrariam o futuro dele nas Laranjeiras.

Na campanha da Libertadores de 2008 ele foi um coadjuvante de luxo de Thiago Neves, que estava encantado àquele momento. 2009 foi o momento de carregar um time nas costas. Todos jogavam mal, o time perdia, mas ele permanecia em pé. Jogava bem, corria, orientava, não desistia, brigava pelo time que se encaminhava para um rebaixamento quase certo. O fim dessa história todos conhecem. Era o nascimento do time de guerreiros. Ainda não era o nascimento do ídolo. O tricampeonato de 2010 sim foi o apogeu! Trinta e oito jogos em campo. Gols, passes, dribles, tudo o que se espera de um craque ele fez. Mas não foi isso que o elevou ao posto de ídolo. Foi sua entrega e amor pelo Fluminense. O torcedor se sentia entrando em campo quando Conca jogava. Era um deles, fanático pelo Tricolor, que estava lá, suando, apanhando, correndo em todas as bolas, entrando em divididas. Fomos campeões brasileiros depois de 26 anos pelos pés do pequeno maestro.

O que seria o Brasileiro de 2012 com a presença dele? Nunca teremos certeza, porém em meus devaneios vejo algo mágico, com um time ainda mais eficiente, bonito de se ver e, sobretudo campeão.

Hoje nos falta, como nunca, Conca em campo. O ídolo nos traz esperança, o ídolo morre por nós. Ele voltará. 

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

BIENAL

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